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A parceria entre pesquisadores brasileiros e britânicos pode reduzir o caminho para alcançarmos plantas de trigo mais resistentes à giberela e à brusone. Dezenas de genótipos brasileiros já foram caracterizados em busca do gene FHB1, utilizado nos programas de genética de trigo nos principais institutos de pesquisa do mundo.
A giberela é uma das mais importantes doenças que afeta a produção mundial de trigo. Além de perdas no rendimento e qualidade, a giberela ainda pode causar a contaminação dos grãos por micotoxinas, substâncias tóxicas produzidas pelo fungo causador da doença. Em anos chuvosos, as epidemias são frequentes na Região Sul do Brasil, origem de 90% do trigo produzido. Até o momento, os níveis de tolerância à giberela nas cultivares é baixo e o uso dos fungicidas não tem se mostrado eficiente.
Através do convênio entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Biotechnology and Biological Sciences Research Council (BBSRC) foi possível o intercâmbio de pesquisadores e recursos genéticos entre as instituições que compõem a parceria. O pesquisador da Embrapa Trigo Pedro Luiz Scheeren esteve no John Innes Centre - JIC (Norwich, Inglaterra) no período de maio a agosto de 2013, trabalhando na identificação do gene FHB1, de resistência genética para giberela, em germoplasma brasileiro de trigo. A pesquisa partiu da coleção de cultivares brasileiras de trigo em cultivo naquele ano, levada ao JIC para a caracterização com o uso de ferramentas biotecnológicas avançadas na identificação desse gene de resistência. "A resposta final foi decepcionante. Constatamos que nenhuma das 96 cultivares brasileiras de trigo em uso no mercado possui o gene FHB1 de resistência à giberela, capaz de amenizar os impactos da doença nas lavouras", conta Scheeren.
A alternativa ao trigo brasileiro é trabalhar na incorporação dos genes de resistência às cultivares através dos programas de melhoramento genético. Atualmente, FHB1 é a melhor fonte de resistência à giberela em uso no mundo, conforme vários estudos. Presente na variedade de trigo Sumai 3, com origem na China, o gene é capaz de decodificar uma proteína com propriedades antifúngicas. "Estamos cruzando duas cultivares brasileiras com o Sumai para selecionar a resistência via marcador genético. Assim que obtivermos resultados promissores com essa seleção assistida, vamos transferir esta resistência para as novas cultivares a serem geradas pelo programa de melhoramento de trigo da Embrapa e produzir plantas capazes de sofrer menos com a presença da giberela até, gradativamente, suprimir a presença da doença nas lavouras", conta Pedro Scheeren. A expectativa do pesquisador é criar uma cultivar mais resistente à giberela nos próximos três anos.
Para o pesquisador do JIC, Paul Nicholson, o uso de marcadores moleculares facilita a seleção de plantas, porque ajuda a localizar o gene mesmo em anos em que a doença não é muito expressiva. Segundo ele, na Inglaterra já estão disponíveis diversas cultivares de trigo com o gene Fhb1, reduzindo a presença da doença nas lavouras.
O planejamento da parceria entre o JIC/BBSRC e a Embrapa foi discutida durante um workshop realizados de 7 a 10 de novembro, na Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS). O trabalho de resistência genética à giberela e à brusone no trigo conta com 18 pesquisadores, além de equipe de apoio nas duas instituições.
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