Otimização no cultivo de pêssegos é tema de pesquisa da Universidade Federal da Fronteira Sul

Estudo feito no Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental mostra técnicas de manejo que aumentam produtividade e valor nutricional da fruta

11.09.2024 | 14:09 (UTC -3)
Wagner Lenhardt
 Foto 1: Escolha do sistema de condução pode ser estratégica para os produtores da fruta (Créditos: Acervo pessoal/Jean do Prado)  
 Foto 1: Escolha do sistema de condução pode ser estratégica para os produtores da fruta (Créditos: Acervo pessoal/Jean do Prado)  

Uma pesquisa desenvolvida no Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim, no Rio Grande do Sul (RS), está trazendo novas perspectivas para a produção de pêssegos na região sul do Brasil. Conduzida por Jean do Prado sob orientação do professor Clevison Luiz Giacobbo, o estudo analisou o desenvolvimento inicial, a produtividade e a qualidade dos frutos de pessegueiros das cultivares Rubramoore e Rubimel em diferentes sistemas de condução.

O objetivo principal da pesquisa foi avaliar como diferentes técnicas de manejo afetam o crescimento e a produção dos pessegueiros. Para isso, foram implantados, em 2021, pomares experimentais com a cultivar Rubramoore na UFFS – Campus Chapecó, em Santa Catarina (SC), e com a cultivar Rubimel no pomar do Centro de Ensino Superior Riograndense (Cesurg) de Sarandi (RS). Esses pomares permitiram observar a adaptação e o desempenho das plantas em diferentes condições de solo e clima.

A escolha das cultivares Rubramoore e Rubimel não foi aleatória. Jean explica que essas variedades foram selecionadas por sua baixa e média exigência de horas de frio, tornando-as adequadas para as regiões de Chapecó e Sarandi. Além disso, ambas são cultivares precoces, o que permite a colheita entre outubro e novembro, antes de outras variedades colhidas em dezembro e janeiro. A Rubimel, por exemplo, destaca-se por sua polpa amarela semiaderente ao caroço, sendo ideal tanto para consumo in natura quanto para a indústria. Já a Rubramoore, de polpa branca semiaderente, é voltada principalmente para o mercado de frutas frescas.

O estudo comparou diferentes sistemas de condução, como o líder central, triplo líder, vaso aberto e outros. Esses sistemas têm como objetivo melhorar a distribuição de luz nas copas das árvores, o que pode influenciar diretamente na qualidade e quantidade dos frutos. Por exemplo, o sistema de líder central, que apresentou a maior produtividade no pomar de Chapecó, com 3,18 toneladas por hectare, permite uma melhor penetração de luz e circulação de ar, fatores que ajudam a reduzir doenças e a melhorar a qualidade dos frutos.

  Foto 2: Jean realizou a pesquisa em pomares localizados em Sarandi e Chapecó
  Foto 2: Jean realizou a pesquisa em pomares localizados em Sarandi e Chapecó

Em termos de qualidade nutricional, a pesquisa revelou que os sistemas bidimensionais (2D), como o líder central e o triplo líder, tendem a produzir frutos com mais açúcares e vitamina C, embora com menores níveis de compostos fenólicos. Esses compostos são importantes antioxidantes naturais, que ajudam a proteger o corpo contra doenças cardiovasculares e a fortalecer o sistema imunológico. Portanto, a escolha do sistema de condução pode ser estratégica para os produtores que buscam maximizar tanto a produtividade quanto o valor nutricional dos pêssegos.

O autor da pesquisa destaca que os resultados são preliminares, já que o estudo deve continuar por pelo menos cinco anos para fornecer recomendações mais precisas. No entanto, os primeiros dados já indicam que o líder central e o triplo líder são sistemas promissores para produtores que desejam aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos frutos, sem expandir as áreas de plantio.

A pesquisa faz parte de um esforço maior do grupo de pesquisa FrufSul, coordenado pelo professor Giacobbo.

- Além de trabalhar com frutas de caroço, o professor desenvolve pesquisas em diversas outras frutas, como amoras, framboesas, physalis, figos, frutas nativas e, mais recentemente, tem sido incorporado às pesquisas do grupo cultivares de macieiras, também com diferentes sistemas de manejo das plantas – destaca Jean. - Foi uma longa jornada até minha formação, e vejo um futuro promissor para os trabalhos com frutíferas, com excelentes perspectivas de resultados.

Jean, que atualmente está cursando doutorado na Teagasc Agriculture and Food Development Authority e Atlantic Technological University, na Irlanda, continua colaborando com o grupo e acredita que esses estudos poderão trazer avanços significativos para o setor agrícola na região.

A dissertação de Jean pode ser acessada no Repositório Digital da UFFS em https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/7723.

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