​Os desafios para conservação do solo versus altas produtividades

Uma medida que aparece como indispensável para diminuir os impactos é a rotação de culturas com utilização de plantas de cobertura na entressafra

09.06.2017 | 20:59 (UTC -3)
Sara Kirchhof

Um dos recursos naturais lentamente renováveis na natureza considerado principal fornecedor de água e nutrientes da agricultura, frequentemente aparece ameaçado. De acordo com um estudo realizado em conjunto pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e Embrapa, 33% dos solos no mundo estão degradados. É aí que acende um alerta sobre qual o papel da agricultura para tentar contribuir na reversão deste cenário.

Uma medida que aparece como indispensável para diminuir os impactos é a rotação de culturas com utilização de plantas de cobertura na entressafra aliada à fertilização nitrogenada. “A utilização de policultivos durante o inverno, ou entressafra, é uma maneira de diversificar e diminuir a pressão de pragas e doenças, além de descompactar biologicamente o solo e promover a ciclagem de nutrientes. Temos que considerar que as novas cultivares de soja possuem um elevado potencial produtivo, requerendo um ambiente favorável à expressão máxima da sua carga genética”, esclarece o engenheiro agrônomo Telmo Amado.

Repetidamente afetado pelo fenômeno El Niño, o Rio Grande do Sul, um dos principais estados agrícolas do Brasil, tem a atividade impactada pelas fortes chuvas que acabam, por muitas vezes, levando embora grandes volumes de aplicações de insumos e fertilizantes, um dos investimentos mais altos na lavoura. “No caso do Sul do Brasil, um cuidado especial deve ser dado ao período outonal (pós-colheita de soja), quando a decomposição dos resíduos é rápida e as chuvas podem ocasionar erosão”, grifa.

E, em um ano em que o Brasil vem novamente confirmando safra recorde, com estimativa de produção nacional de 230,3 milhões de toneladas, ante os 184 milhões de toneladas da safra anterior, a preocupação dos produtores em relação aos altos custos de produção não foi aliviada pelos bons números. “Havendo necessidade, a redução no investimento, isso tem que ser feito com planejamento, evitando cortar insumos que possam representar um decréscimo significativo na produtividade e na receita. É importante buscar eficiência em um cenário como este”, alerta o engenheiro agrônomo.

Segundo Amado, a agricultura de precisão pode ser uma grande aliada neste cenário, auxiliando na gestão e na tomada de decisão para que a racionalização de insumos seja feita com base técnica. “Devemos lembrar que, muitas práticas, como os cuidados com a semeadura, têm um custo baixo e elevado retorno. A meta é buscar eficiência”, completa.

Todas estas preocupações serão debatidas durante a quarta edição do Seminário A Voz do Campo, que acontece de 31 de julho a 2 de agosto no Hotel Wish Serrano em Gramado, na Serra Gaúcha. O painel “Manejo para Alta Produtividade” está marcado para acontecer no dia primeiro de agosto às 8h40.

Doutor em Ciência do Solo e professor titular da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Amado já recebeu o “Prêmio Destaque” na Expodireto em Não-Me-Toque (RS) e foi reconhecido no concurso “Melhores da Terra”, na categoria Pesquisador durante a Expointer, em Esteio (RS). Com 160 artigos científicos publicados e mais de 50 alunos pós-graduados orientados, o pesquisador atua com foco no manejo do solo, fertilidade e inovação tecnológica para eficiência e produtividade.

O Seminário A Voz do Campo terá três dias recheados de palestras, informações técnicas, feiras, debates, relacionamento e projeções de mercado, reunindo os melhores especialistas em agronegócio do país. O evento é uma promoção do programa A Voz do Campo, que faz parte da programação da maior rede de rádios de agro do Brasil e conta com o apoio da AgroBravo.

Confira a programação completa no site do evento: www.avozdocampo.com.brTexto:

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