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Um problema crescente no Estado, mas que afeita lavouras de todo o país, a presença de nematoides na cultura da soja, ganhou espaço de discussões nesta sexta-feira, dia 07/11, na Universidade de Passo Fundo (UPF). O V Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Nematologia reuniu especialistas no tema, técnicos, representantes de sete diferentes instituições públicas e privadas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Argentina, além de acadêmicos de graduação e de pós-graduação, para divulgar informações acerca da ocorrência e do manejo de nematoides, micro-organismos que vivem no solo ou nas raízes das plantas e que causam danos nas lavouras.
A presença dos nematoides tem se intensificado nos últimos anos e, de acordo com a pesquisadora da UPF, Dra. Carolina Deuner, pode causar danos de média a severa intensidade nas lavouras afetas – na região o acometimento principal é na soja e no milho. “Fizemos um mapeamento em soja na região Norte em relação aos principais nematoides – de galhas, das lesões e de cisto. Percebemos que existe uma alta incidência nas amostras dos nematoides de lesão e de galhas. Entretanto, em relação ao Pratylenchus (lesões radiculares), formos surpreendidos com o levantamento populacional verificado”, explicou. Conforme a professora, que também é organizadora do evento, muitas vezes o produtor não tem consciência de que o micro-organismo está instalado em sua área. “Quando o nematoide não causa sintoma na parte aérea da planta ou há uma população muito baixa no solo e na raiz, não há sintomas muito visíveis, o que contribui para a falta de manejo”, argumenta.
Durante todo o dia, especialistas abordaram temas relacionados ao manejo, seleção de linhagens e distribuição dos nematoides. O Dr. Pedro Soares, da Universidade Estadual Paulista (Jaboticabal), palestrou sobre o tema Manejo sustentável na cultura da soja. Na opinião dele, para começar o manejo sustentável, primeiro é preciso identificar com segurança qual a espécie está presente na área. Entre as práticas sugeridas por ele estão após a colheita destruir os restos de cultura, já que o nematoide se alimenta na planta enquanto ela estiver viva e realizar o revolvimento do solo, o que expõe os nematoides ao aos raios ultravioleta e proporciona a evaporação da umidade, fazendo o nematoide morrer. “Também podemos escolher variedades que sejam adaptadas a região e que tenham resistência ou tolerância àquele nematoide que está presente na área, adotar o tratamento de sementes ou a aplicação de um nematicida no sulco de plantio”, citou. Outra opção é o do uso de uma planta, a crotalaria spectabilis, em rotação de cultura por pelo menos 30 dias.
Soares salientou que os nematoides causam perdas de 10% a 100% numa área. “Estamos considerando no Brasil uma perda média de 30% por conta deles, o que é consideravelmente grande. Como não existe um método físico, químico ou biológico para acabar com a praga, temos que adotar métodos de conviver com ela”, sintetizou.
Possibilidades de conhecimento
Presente na abertura do evento, o diretor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Dr. Hélio Rocha, desejou um profícuo dia de trabalho e de novas possibilidades de conhecimento sobre a realidade da nematologia. Ele lembrou que a UPF tem atualmente um Laboratório de Nematologia, que presta serviços aos interessados. Detalhes em www.upf.br/fitopatologia.
Já o presidente da Sociedade Brasileira de Nematologia, Dr. Ricardo Souza, enfatizou que a entidade tem trabalhado nos últimos dois anos para deixar de ser somente uma sociedade científica, disseminando informações acerca dos nematoides e a sua relação com a agricultura e com outras áreas em que são importantes. “Queremos divulgar a nematologia e estabelecer contatos com órgãos governamentais, empresas e profissionais. Esse encontro regional tem o enfoque de trazer o público para conhecer mais sobre os nematoides”, comentou.
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