Novo ácaro na cultura da soja em estudo

23.03.2009 | 20:59 (UTC -3)

A cada safra novas pragas ou mesmo pragas antes consideradas não causadoras de dano econômico passam a atacar a cultura da soja provocando danos irreparáveis, fato que esta acontecendo neste ano agrícola em algumas lavouras de soja localizadas em Mato Grosso. No mês de janeiro o Engenheiro Agrônomo José Roberto Pavezi, procurou a Fundação Chapadão para diagnosticar um problema nas lavouras de soja do grupo Schlatter, em Mato Grosso.

Pavezi trouxe o material (ácaros vivos e em solução), parte da amostra ficou na Fundação Chapadão com o pesquisador Germison Tomquelski e outra parte foi enviado ao professor Carlos Flechtmann, da ESALQ em Piracicaba. Após estudar o material, Tomquelski identificou a praga como sendo um ácaro oríbatideo, este comumente tratado na literatura como ácaro de serrapilheira, encontrado em material orgânico em decomposição.

De imediato, a equipe da Fundação Chapadão contactou o professor Paulo Degrande, Universidade da Grande Dourados, e enviou fotos. Este, após análise, também chegou à mesma identificação. Em seguida foram montadas duas equipes para ida a propriedade, uma com o pesquisador Germison, da Fundação Chapadão, acompanhadas por técnicos da empresa FMC. Ao chegarem lá, observaram a presença de uma grande quantidade de plantas sem vagens, com deformações em algumas folhas, deformações em ponteiros de plantas, queda de flores e deformações em algumas vagens, chegando a alguns talhões provocar a perda total das vagens em até 30% das plantas. Além disso, foram encontrados ácaros de coloração escura, corpo esclerosado (duro), idênticos ao encaminhado por Pavezi, estando estes próximos das vagens, aglomerado em número de 3-7 indivíduos.

Estes ácaros também foram encontrados na resteva da vegetação anterior ao cultivo da soja, principalmente em restos de assa-peixe, espécie de planta daninha nativa de cerrado, e no interior de capim andropogon em decomposição.

A segunda equipe, em visita posterior à primeira, comandada pelo professor Paulo Degrande, acompanhado por técnicos da empresa Syngenta, em condição menos favoráveis ao aparecimento do ácaro, observou a presença na lavoura de soja com os sintomas descritos, porém não mais encontrou a praga. O professor Paulo Degrande sugeriu a instalação de ensaios ao pesquisador Germison e ao Eng. Agrônomo Pavezi, objetivando avaliar possíveis acaricidas no controle desta praga.

Diante dos sintomas observados e dos danos encontrados, a equipe que lá esteve enviou material a Embrapa a fim de estudar a interação da planta com a praga. Outro fato importante foi a visita do pesquisador Mauricio Meyer da Embrapa Soja a Fundação Chapadão, que, em conversa com o diretor da Fundação Chapadão Edson Borges e o agrônomo Pavezi, manifestou a preocupação quanto a dificuldade de identificação de alguns problemas de "SOJA LOUCA" sem a presença de vagens nos estados do Tocantins e Maranhão há alguns anos, sem identificação definitiva do motivo. Ao ver as fotos dos sintomas ocorridos no Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, e análisar as condições ambientais, ambos constataram uma forte semelhança entre este problema ao ocorrido em anos anteriores, nesses Estados.

Germison Vital Tomquelski

Engo Agro MSc. Pesquisador da Fitossanidade da Fundação Chapadão.

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