Especialistas confirmam presença no VI Fórum e Exposição Abisolo
Tendo em vista a reportagem veiculada neste telejornal, repercutindo o Dia Mundial da Saúde, a Associação Nacional de Defesa Vegetal, ANDEF, destaca os seguintes aspectos:
1. Em primeiro lugar, é importante uma reflexão, de forma responsável e sensata, entre aqueles realmente preocupados com a saúde das pessoas. A começar pelo alerta dramático da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO: a cada dia, em todo o mundocerca de 12 mil crianças com menos de cinco anos morrem de fome ou por problemas a esta associados. Não se pode falar em saúde enquanto quase 1 bilhão de pessoas no planeta enfrentam esse flagelo.
Segundo a FAO, o Brasil não está fora do mapa da miséria: somos cerca de 7 milhões de subnutridos. Apesar desses números, esta tragédia parece não estar sensibilizando com a devida agudeza parte da sociedade brasileira.
2. O Brasil começou a reverter esse quadro com a competitividade de sua agropecuária. Reconhecida mundialmente, nota-se, porém, que entre alguns próprios brasileiros tem se elevado vozes contrárias a esta agricultura geradora do desenvolvimento. O que se torna mais flagrante no cenário atual onde, infelizmente, ressurge a crise econômica, o fechamento de empresas, o desemprego e a redução da renda das pessoas.
3. A carta de posicionamento divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Nacional do Câncer, INCA, expõe as crenças e uma visão restrita da diretoria do instituto. Não se trata de um estudo científico, mas de um compilado de notícias, acrescido de opiniões.
4. Cumpre lembrar que todos os defensivos agrícolas autorizados para o uso em nosso país passam pelo crivo e aprovação de três ministérios. Ministério do Meio Ambiente, por meio do Ibama, que analisa e atesta a segurança ambiental dos produtos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é o responsável pelos testes de eficiência agronômica. E o Ministério da Saúde, ao qual o INCA é atrelado, analisa e atesta sua segurança para a saúde humana.
Ou seja, deduz-se, aqui, que em seu documento o INCA desafia a capacidade científica da Anvisa como agência reguladora da Saúde.
5. Diferentemente do que manifesta o INCA em sua carta aberta, a Associação Nacional da Defesa Vegetal, ANDEF, reitera sua plena confiança nos rigorosos métodos de análise e de regulamentação de defensivos agrícolas adotados no Brasil, onde os ministérios da Saúde, Agricultura e Meio Ambiente seguem rigorosos critérios e convenções, requerimentos e tratados internacionais. Tais procedimentos severos fazem com que a aprovação de um único produto, hoje, demore em média 4 anos; alguns produtos aguardam decisão por maior tempo: segundo reportagem recente do jornal Valor Econômico, para aprovar todos os produtos que aguardam na fila, seriam necessários 11 anos.
6. A garantia nas análises é atestada também por especialistas no livro Bases Científicas para Avaliação da Toxidade de Agroquímicos. “Para avaliar a segurança do uso das substâncias químicas utilizadas com a finalidade agronômica, inúmeros estudos toxicológicos são requeridos e avaliados pelas agências de regulamentação de cada país, quando da concessão do registro ou na reavaliação dos produtos já registrados” (International Life Sciences Institute, ILSI-Brasil, 2010).
7. O objetivo da aplicação de defensivos é combater pragas que atacam as lavouras, garantindo assim a produção de alimentos saudáveis para a população. A ANDEF reitera que é contrária ao eventual uso indiscriminado de produtos químicos de qualquer natureza. Por isso, desenvolve contínuas ações preventivas de treinamento de agricultores. Nos últimos 20 anos, mais de 18 milhões de agricultores e trabalhadores rurais já foram treinados por programas ligados à Andef, suas empresas associadas e entidades parceiras.
8. É simplesmente alarmista a informação do INCA, nesta referida carta aberta, de que “os últimos resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agroquímicos (PARA) da Anvisa revelaram amostras com resíduos de agroquímicos em quantidades acima do limite máximo permitido". Eis trecho de reportagem divulgado em novembro passado, após o órgão da Saúde divulgar seu levantamento.
“Não vai ocorrer nenhum tipo de intoxicação alimentar ao ingerir esses alimentos. O objetivo da Anvisa ao fazer essas análises é manter um controle de qualidade e adotar as medidas de conscientização e melhores práticas junto aos agricultores”, apontou Silvia Cazenave, superintendente de toxicologia da Anvisa.
9. Dessa forma, hoje a Anvisa se mostra preocupada em reeducar a opinião pública, pois a interpretação equivocada do PARA anima os caprichos de um certo ambientalismo urbano. Nele, há pessoas bem-intencionadas, mas também os militantes ideologizados e, assusta alguns abrigados em órgãos oficiais do governo. O fato é que esses não semeiam, não plantam, não produzem comida. No oportunismo das notícias equivocadas, acende-se uma espécie de militância black-bloc da agroecologia apregoando uma agropecuária sem o uso de tecnologias.
10. O INCA conclui seu depoimento propondo em “substituição ao modelo dominante” (sic), a agroecologia e a produção orgânica. Nenhum problema na defesa de modelos agrícolas diferentes: o problema de órgão com uma história assentada na Ciência desconhecer, ou desdenhar, estudos sérios sobre o tema que atestam a semelhança nos alimentos colhidos nos diferentes sistemas.
Os alimentos orgânicos não são mais saudáveis do que os convencionais. A conclusão é do estudo realizado pela Agência de Padrões de Alimentos do governo britânico e publicado no American Journal of Clinical Nutrition. A pesquisa representa a maior revisão já feita sobre o tema, com 162 artigos científicos publicados nos últimos 50 anos. Os autores Alan D. Dangour, Sakhi K. Dodhia, Arabella Hayter, Elizabeth Allen, Karen Lock e Ricardo Uauy concluíram que os alimentos chamados orgânicos – aqueles que utilizam fertilizantes e defensivos agrícolas não-derivados de ingredientes químicos – não têm benefícios nutricionais superiores aos dos alimentos cultivados com adubos e defensivos sintéticos.
11. No Brasil, estudos semelhantes concluem da mesma forma. “É o que acontece, por exemplo, em relação ao conteúdo de vitamina C. Alguns estudos comparativos entre sistemas orgânico e convencional mostram níveis superiores de vitamina C para alimentos orgânicos, enquanto outros mostram não haver diferença ou ainda apresentam níveis mais baixos”, analisam as pesquisadoras Graciela Cristina dos Santos e Magali Monteiro. (http://ciorganico.agr.br/wp-content/uploads/2013/09/ttt.pdf).
12. Ou seja, a gritaria injustificada contra a agricultura moderna está longe de ser útil -- muito ao contrário: prejudica justamente às populações mais pobres. É preciso, portanto, que todos aqueles verdadeiramente preocupados com um País justo e digno entendam a mobilização contra a moderna produção de alimentos.
Levada ao extremo, a volta da lavoura arcaica – que alguns defensores tanto admiram no conforto dos seus escritórios bem refrigerados – aniquilaria a competitividade dos campos, sobretudo dos pequenos lavradores – cerca de 70%, dos cinco milhões de agricultores do país. Levaria ao fracasso essa brava gente que produz comida para o País e o mundo. Por fim, condenaria de vez as milhões de pessoas que ainda sofrem com a inaceitável injúria da fome.
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