Nobel de química reconhece ferramentas usadas em agricultura

As descobertas reconhecem avanços no estudo de proteínas

04.12.2024 | 07:17 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Verena Kempter

No próximo dia 10 de dezembro, a Real Academia Sueca de Ciências premiará os vencedores do Prêmio Nobel em Estocolmo, Suécia. O Prêmio Nobel de Química deste ano destaca inovações que prometem transformar áreas cruciais, incluindo a agricultura.

As descobertas reconhecem avanços no estudo de proteínas, estruturas fundamentais da vida, com implicações diretas para o desenvolvimento de tecnologias no campo agrícola.

Metade do prêmio será entregue a David Baker, da Universidade de Washington (EUA), pelo desenvolvimento de novas proteínas por meio do software Rosetta. A outra metade foi atribuída a Demis Hassabis e John Jumper, do Google DeepMind (Reino Unido), pela criação do modelo de inteligência artificial AlphaFold2, capaz de prever estruturas tridimensionais de proteínas com altíssima precisão.

Essas tecnologias prometem acelerar e otimizar o desenvolvimento de novas soluções agrícolas.

No setor, empresas como a BASF já aproveitam essas ferramentas para revolucionar a pesquisa e o desenvolvimento de produtos. Jürgen Huff, vice-presidente sênior de pesquisa e desenvolvimento (P&D) global e regulamentação da BASF Agricultural Solutions, destacou a relevância das descobertas.

"Pode levar décadas para desenvolver um novo traço (característica) que torne as culturas resistentes a pragas ou para criar química que controle doenças, pragas ou plantas daninhas. A pesquisa de proteínas é fundamental para o R&D em proteção de culturas e características agrícolas, e estamos utilizando essas novas ferramentas de IA para acelerar a criação de soluções eficazes para agricultores e para o suprimento global de alimentos", disse Huff.

Impactos na agricultura e sustentabilidade

A aplicação de tecnologias como Rosetta e AlphaFold2 simplifica o processo de engenharia e design de proteínas. Segundo Stefan Seemayer, líder de equipe em engenharia de proteínas computacional da BASF, prever a estrutura das proteínas no início de um projeto de pesquisa permite adotar ferramentas computacionais mais rapidamente.

"Podemos calcular milhares de hipóteses, como identificar o traço mais eficaz para conferir resistência a uma praga, e selecionar os melhores designs gerados, reduzindo significativamente nossos esforços de teste", explicou Seemayer,

Essa abordagem não apenas economiza tempo, mas também aumenta a precisão e a eficácia no desenvolvimento de novos traços e produtos de proteção agrícola. As implicações vão além da produtividade, contribuindo para práticas mais sustentáveis e seguras no campo.

Inovação aberta e colaboração global

O impacto das ferramentas é ampliado por seu caráter acessível.

O software Rosetta é público desde 2003, permitindo que a comunidade científica global colabore no desenvolvimento de novas aplicações (rosettacommons.org).

Já o AlphaFold2, utilizado por mais de dois milhões de pessoas em 190 países, se consolidou como uma ferramenta essencial para avanços científicos em diversas áreas (alphafold.ebi.ac.uk).

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