Embrapa presta homenagens a representantes do setor produtivo
A 35ª Reunião de Pesquisa de Soja é promovida pela Embrapa Soja em Londrina (PR), nos dias 5 e 6 de julho
Um carro, por si só, não anda sozinho. É preciso combustível para que ele saia do lugar. Assim como a gasolina ou o etanol movem um veículo, o Nitrogênio (N) é o combustível para o desenvolvimento da planta. É com essa comparação que o diretor técnico da empresa Atman, de Goiânia (GO), Ivo Frare, destaca a importância do Nitrogênio para o desenvolvimento das culturas, especialmente as gramíneas. “Não adianta ter um carro se não tiver combustível, não se consegue andar. O Nitrogênio, depois do Carbono, Hidrogênio e Oxigênio, é o elemento químico mais demandado pelas plantas. Este nutriente é um componente estrutural por ser constituinte de aminoácidos e proteínas, fundamental para a vida vegetal”, afirma. A cultura do trigo, por exemplo, exige elevada quantidade de Nitrogênio para atingir tetos produtivos altos e boa qualidade industrial. Segundo Frare, que é uma das principais referências técnicas quando se trata da cultura do trigo no Paraná, são vários os itens que interferem na cobertura do Nitrogênio no solo: fonte do produto, dose, fase de aplicação e condição climática. “Esses fatores determinam, junto com a cultivar, o volume e a qualidade do produto a ser produzido”.
Região de cultivo e clima
Fatores como a região e o clima interferem na aplicação. Para um ano com influência de La Niña, como 2016, é importante aplicar um grande volume no plantio, de uma fonte mais solúvel, já que as chuvas não serão em grande quantidade. “A palha não vai ser transformada em matéria orgânica (mineralização) para suprir a planta do trigo com Nitrogênio. É importante aproveitar as frentes frias para aplicar o Nitrogênio em cobertura antes da chuva e não após a chuva, porque, dependendo da fonte, há perda por volatilização”, recomenda Frare. Durante o crescimento do trigo, segundo a engenheira agrônoma e mestre em Ciência do Solo, Ingrid Arns, a região Sul apresenta chuvas irregulares, momentos com maiores e outros com menores precipitações, portanto é fundamental o parcelamento das aplicações para redução de perdas e melhor aproveitamento do N pela cultura durante suas fases de desenvolvimento. “O trigo absorve Nitrogênio durante todo o seu ciclo de crescimento e as suas exigências variam de acordo com o estádio fenológico. A falta de N em uma determinada fase pode comprometer o rendimento e a qualidade do trigo”, explica.
Aplicação
Contudo, de nada adianta colocar todo o Nitrogênio na base de plantio para ter um bom arranque se não investir em mais aplicações. Frare utiliza outra comparação para ilustrar a importância da aplicação em todas as fases. “O mais importante é saber que a planta é um ser vivo. Nós tomamos café, almoçamos e jantamos. A planta também deve ser suprida durante todo o ciclo”. A recomendação de Ingrid Arns é, no momento do plantio, colocar no mínimo 30 kg de N na base pós-cultura de soja e no mínimo 40 kg de N em pós-cultura de milho. O Nitrogênio em cobertura deve ser dividido em pelo menos duas vezes: uma aplicação no início do perfilhamento (fase do duplo anel), quando a planta está iniciando a formação da espiga, e outra aplicação de N no início da elongação (fase da espigueta terminal), quando se define o tamanho da espiga e inicia a diferenciação floral, ou seja, irá determinar número de flores férteis para formação de grãos após o florescimento.
O trigo responde muito em produtividade e qualidade industrial quando o N é aplicado no início da elongação (fase da espigueta terminal) até o emborrachamento. “Quando não há condições de aplicar o N no início do perfilhamento, por causa de baixa umidade, períodos sem chuvas, muitos produtores desistem de fazer aplicações de N em cobertura, mas é bom lembrá-los que não é só no perfilhamento que definimos potencial produtivo e sim nestas outras fases mais tardias, que são as mais importantes”, afirma Ingrid.
Outro fator importante para a melhor eficiência do Nitrogênio é a fonte. Segundo Ingrid, a ureia precisa de chuvas logo após a aplicação. “As perdas vão depender da fonte, do intervalo entre a aplicação e a precipitação pluviométrica, assim como o volume da mesma, e também da temperatura e umidade do ar e do solo. Dentre os fertilizantes nitrogenados, a ureia apresenta maior risco de perda, principalmente em condições de plantio direto e temperaturas altas. Já as fontes amoniacais e nítricas apresentam menor risco de perdas e sua eficiência é menos dependente do clima”. Para Frare, os adubos nitrogenados, como o sulfato de amônia, que não é tão dependente de condição climática, é uma boa opção em ano de La Niña. “A escolha da fonte é muito importante para o sucesso da atividade”, ressalta.
Nitrogênio no controle de doenças
Além dos benefícios no rendimento e qualidade de grãos, o estado nutricional do trigo também é fator de predisposição às manchas foliares. Segundo o fitopatologista da Biotrigo Genética, Paulo Kuhnem, estudos têm observado que plantas bem nutridas apresentam uma menor incidência de mancha foliar, bem como um menor número de lesões por folha. “Em lavouras onde a fertilidade natural do solo precisa ser corrigida, aplicações de Nitrogênio em cobertura nos estádios recomendados têm mostrado uma boa correlação com a redução da intensidade da mancha foliar, em especial a amarela”, explica. A resposta à aplicação nitrogenada varia entre cultivares e, muitas vezes, pode-se confundir sintomas de deficiência de N com outras doenças, o que na verdade pode ser “fome”, sinais sendo expressados pela planta. “O Nitrogênio não controla a doença e sim reduz a predisposição da planta a infecção do fungo”, afirma.
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