Nematoides causam perdas de mais de 50% nas culturas de soja e algodão no oeste baiano

Especialistas dão dicas de como minimizar as infestações do parasita

18.08.2022 | 14:11 (UTC -3)
Assessoria de imprensa Conexão Agro
Especialistas dão dicas de como minimizar as infestações do parasita.
Especialistas dão dicas de como minimizar as infestações do parasita.

As infestações de nematoides em áreas de sequeiro vêm reduzindo drasticamente a produtividade da soja e do algodão no Oeste da Bahia (BA). O painel Nematoides em Áreas de Sequeiro, conduzido pelo professor Pedro Soares, durante o 37º Congresso Brasileiro de Nematologia, ocorrido em Ribeirão Preto, abordou as perdas nas culturas e apontou as melhores formas de manejo.

De acordo com Pedro Soares, no oeste da Bahia as perdas de produtividade associadas à presença de nematoides, vêm ultrapassando os 50% nas culturas de soja e algodão. Esses parasitas atacam as raízes das plantas e prejudicam a absorção de água e nutrientes. O agronegócio nacional contabiliza anualmente prejuízos de mais de R$ 70 bilhões com o parasita.

"Temos áreas de algodão na Bahia em que a produtividade era superior a 300 arrobas por hectare, mas após infestação de nematoides o produtor colheu apenas 100 arrobas por hectares", exemplificou Pedro Soares.

Na cultura de soja ele diz que há produtores rurais que perderem 50% da cultura. "Onde a média de colheita seria de 70 sacas de soja por hectare, o produtor colheu 50% apenas", afirma.

As espécies com maior importância econômica no algodoeiro são os nematoides de galha (Meloidogyne incognita), o nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis) e o nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus).

Pedro Soares sugere o manejo integrado para obter melhores resultados. "O solo manejado estimula a formar as raízes profundas e mais volumosas, a escolha da cultivar conforme a espécie presente, predominante e/ou mais danosa para a cultura, combinado com o uso de produtos químicos e biológicos, visando a proteção das raízes", observa o professor.

O primeiro passo, antes de definir as práticas a serem utilizadas, é fazer um bom diagnóstico, identificando quais espécies estão predominando e são mais danosas para as culturas, presente na área. "Será necessário a coleta de amostras de solo e raízes, realizar uma análise nematológica, feita em um laboratório de confiança, bem como, devemos considerar o histórico de culturas na área", avalia.

"O primeiro sinal dos nematoides, na lavoura, é a diminuição na produtividade da cultura. Se as práticas para reverter esta situação não forem utilizadas, os sintomas tradicionais da ocorrência de nematoides vão aparecer, tais como: ocorrência de reboleiras, com plantas nanicas, com deficiência de nutrientes, raízes pouco desenvolvidas e com sintomas de estarem doentes, devido a presença dos nematoides. As perdas neste caso serão acima de 30%, em geral", analisa.

Segundo ele, apesar da identificação visual, a maneira mais acertada e eficiente de se detectar a alta presença dos nematoides na lavoura, é através de teste laboratorial com a coleta de solo e raízes possivelmente infestadas.

"Desta forma, é possível ter certeza das espécies predominantes e que são mais danosas para as culturas, para posterior definição das práticas mais eficientes que vão proporcionar maior produtividade e rentabilidade", enfatiza.

Entre as ações que podem auxiliar no controle de nematoides na lavoura, Pedro Soares destaca a rotação de culturas com espécies resistentes, imunes e com baixo FR (fator de reprodução) ou culturas de cobertura correção do solo e adubação equilibrada, escolha da cultivar adequada em função da espécies predominantes, uso do controle biológico e químico. "A braquiária é uma excelente alternativa de cobertura e tem uma boa aceitação nesta região".

Participaram ainda do painel três consultores. A consultora e gerente da Gran7 (BA), Maria Ângela Gorgem, destacou as práticas de manejo para minimizar infestações de nematoides, entre elas a intervenção mecânica para se manter as curvas de nível; correção do solo porque os níveis baixos de cálcio tem elevado o problema de nematoides; a utilização de variedades resistentes, produtos biológicos, tecnologias de nematicidas fitoquímicos, que não interferem na macrobiota do solo e utilização de adubos, que têm ação nos nematoides, entre outras práticas. "Não adiante investir em fertilizantes, em nutrição se tem um bichinho comendo a raiz", complementa ela.

O consultor Israel José da Silva, da Multicrop, na Bahia, defende um conjunto de práticas que contenham ferramentas biológicas e químicas e, principalmente, uma boa cultivar. "Essas práticas aliadas ao manejo integrado do solo vêm sendo utilizadas com bons resultados.

Também participou do evento o engenheiro agrônomo e consultor Henry Sato, da Datafarm, em Campinas, que recomendou plantas de cobertura para o manejo do solo com foco na eficiência produtiva e sustentabilidade ambiental.

Aqueles que não conseguiram participar do 37º Congresso Brasileiro de Nematologia podem ter acesso às palestras fazendo a inscrição por R$ 300 pelo site do evento. As palestras, foram todas gravadas e ficarão disponíveis por até seis meses após a realização do evento, que ocorreu de 1 a 4 de agosto de 2022.

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