Nanobiotecnologia: Embrapa desenvolve pesquisas rumo ao futuro

11.02.2009 | 21:59 (UTC -3)

De tempos em tempos ouvimos falar que a ciência avançou de tal forma que o homem passou a fazer coisas antes impensáveis. Foi assim com a criação da máquina a vapor, do microscópio, da penicilina, do automóvel, do avião e de tantos outros inventos que revolucionaram a existência humana. Vivemos agora, segundo avalia parte do mundo científico, um novo momento de ruptura, chamado até de a “quinta revolução industrial”.

Com isso, percebemos que a ficção científica está cada vez mais próxima da realidade. Você já imaginou, por exemplo, um plástico mais resistente que o aço? E um carro com o motor totalmente silencioso e não poluente? Essas são apenas algumas promessas das realizações da nanobiotecnologia. Um ramo da ciência na qual a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia vem investindo no desenvolvimento de pesquisas em seus laboratórios.

A equipe de estudantes, analistas e pesquisadores composta por Luciano Paulino e Marcelo Porto Benquerer, junto ao Laboratório de Espectrometria de Massa liderado por Carlos Bloch Jr., formalmente implementada há mais de dois anos na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em Brasília, desvendam os mistérios da nanobiotecnologia, mergulhando num mundo fascinante que estuda objetos e partículas do tamanho de 1 bilionésimo de metro. É difícil imaginar, então pense em uma coisa 100 mil vezes mais fina que um fio de cabelo.

Nanobiotecnologia nos laboratórios da Embrapa

A equipe já trabalha com o desenvolvimento da ciência voltada à química e bioquímica de proteínas e peptídeos, toxinas, venenos e nanobiotecnologia. O grupo também tem se dedicado entre outras questões, ao esclarecimento das características em escala micrométrica e nanométrica de células e fibras, ao desenvolvimento de nanodispositivos com pelo menos um de seus componentes sendo estruturas biológicas, à investigação da forma e tamanho de hemácias e à avaliação das propriedades de fibras de teias de aranhas da biodiversidade. Além do desenvolvimento de sistemas de liberação controlada de antibióticos e fármacos, os pesquisadores estudam e trabalham no desenvolvimento de biossensores.

A bioprospecção também tem seu papel importante, principalmente na busca de moléculas com atividades biológicas relevantes, pois através dessa abordagem experimental a variedade das moléculas ativas provenientes de organismos da biodiversidade começa a ser conhecida e um caminho longo é percorrido até a produção de fármacos (antimicrobianos, antihipertensivos, entre outros) e materiais nanoestruturados para aplicações diversas, como embalagens de alimentos mais resistentes. “Podemos dizer que a bioprospecção é uma estratégia experimental importante para todas as áreas, permitindo que se inicie o conhecimento das moléculas potencialmente importantes”, afirma o pesquisador Marcelo Benquerer.

A principal vertente da pesquisa de nanobiotecnologia inclui a criação de materiais nanoestruturados que contêm moléculas ativas, especialmente peptídeos antimicrobianos e compostos com outras atividades, como moléculas antioxidantes e anticongelantes.

Pesquisas desenvolvidas: Impactos e perspectivas para o futuro.

Apesar dos desafios e das dificuldades em manipular e controlar objetos tão diminutos, cientistas têm conseguido realizações impressionantes nessa área, motivando uma ampla expectativa com relação ao futuro.

As pesquisas realizadas sobre nanobiotecnologia tanto na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia quanto em outros institutos no país, não têm somente o objetivo de buscar soluções para tornar o agronegócio mais eficiente e menos nocivo à natureza, pois segundo os pesquisadores essa é apenas uma das várias aplicações possíveis.

As diversas pesquisas realizadas e desenvolvidas na área da nanociência ajudaram a encontrar respostas aos desafios e a outras diversas perguntas do mundo científico referentes, por exemplo, à manutenção da viabilidade dos sêmens e embriões congelados, na qualidade dos alimentos congelados e de suas propriedades nutritivas, em implantes, entre outras. “A aplicação inicial vislumbrada é na agricultura, mas os produtos gerados poderão ter impactos em outras áreas, como a área médica ou farmacêutica”, reforçou o pesquisador Marcelo.

Os novos avanços significativos têm mudado não apenas a forma de produzir, mas também a forma de pensar e de buscar alternativas frente aos desafios da sociedade moderna. O Brasil já realiza pesquisas de ponta em nanociência e o governo federal elegeu essa área como prioritária para o desenvolvimento tecnológico do nosso país. Para o pesquisador Luciano Paulino, “a nanotecnologia tem despontado não como a solução para os problemas atuais, mas sim como uma alternativa tecnológica racional às crescentes demandas por alimentos, energia, medicamentos, entre outros e deve ser sobretudo uma tecnologia limpa e sustentável”.

A nanobiotecnologia já tem levado à produção de novos materiais e, como é bastante recente, os riscos para a saúde humana e ambiente ainda não estão suficientemente avaliados. A argumentação de uma parte do mundo científico é de que os materiais nanoestruturados poderiam difundir-se descontroladamente no ambiente devido às suas dimensões muito reduzidas. Mas “somente pesquisas rigorosas e os dados experimentais gerados podem lançar luzes sobre os riscos e impactos. E como os benefícios que serão trazidos pela nanotecnologia não serão desprezados, restará a investigação criteriosa dos riscos”, ressaltou Marcelo Benquerer.

Concretizar todo o potencial da biotecnologia não será tarefa fácil. Os pesquisadores precisarão dos conhecimentos de diversas áreas envolvidas, cruzar barreiras, utilizar as habilidades e as linguagens das várias ciências que necessitam para fazer os sistemas vivos e os artificiais trabalharem lado a lado e “formular racionalmente perguntas e levantar hipóteses que sejam testáveis por meio das ferramentas de experimentação científica e, dessa forma, contribuir para a nanociência”, finaliza Luciano.

Fonte: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia - (61) 3448-4769 e 3448-4770

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