Mogno africano fortalece agricultura de Sabinópolis/MG

11.10.2011 | 20:59 (UTC -3)
Ivani Cunha

Tradicional produtor de leite, o município de Sabinópolis, no Vale do Rio Doce, quer se destacar agora com a produção de mogno africano, uma das madeiras mais valorizadas do mundo. Existe a perspectiva inclusive de exportar para os países asiáticos e a Europa.

De acordo com avaliação de Iduardo Pires dos Santos, extensionista local da Emater-MG, instituição vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o cultivo de mogno africano em Sabinópolis já é uma realidade, com a perspectiva de garantir para o produtor lucros da ordem de R$ 2 mil por metro cúbico de madeira serrada. Um hectare rende, em média, 300 metros cúbicos de madeira serrada.

Há cerca de dois anos foi iniciado no município um viveiro de mudas de mogno africano. Segundo o empresário Gilberto Mortimer Júnior, proprietário da plantação de 40 hectares, o objetivo principal é iniciar em oito anos a venda de madeira, que pode ser utilizada na fabricação de móveis de luxo, instrumentos científicos e musicais, esculturas e decorações interiores de embarcações, entre outros.

“Na fase atual, estamos fornecendo mudas cultivadas em 2 hectares para os agricultores que apostam na produção da planta para a obtenção de madeira maciça. A procura é crescente”, assinala o empresário.

“Já contamos com clientes não só de Minas Gerais, como também de São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso e Goiás, que ainda recebem assistência para o correto cultivo das plantas africanas clonadas, que são mais resistentes e têm melhor desenvolvimento que as nacionais”, explica.

A clonagem é um processo de melhoramento genético, neste caso com o objetivo de multiplicar as melhores árvores. Trata-se de um recurso para a obtenção de material com melhores características e florestas uniformes.

Gilberto ainda diz que o mais recomendável é a produção de florestas de mogno nas áreas de pastagem degradada, que devem ficar inacessíveis aos animais pelo menos durante um ano e meio. Nesse período, ele acrescenta, “a pastagem alcança recuperação por conta própria e o produtor já pode introduzir bezerros nas áreas entre as árvores. Alguns meses depois o pasto poderá receber o gado adulto.”

Segundo o produtor, a primeira colheita de mogno africano, no décimo ano depois do plantio, deverá abranger 50% da plantação. O restante das plantas deve ser colhido cinco anos depois. “A madeira terá ganho de qualidade e, por isso, o total das duas colheitas pode alcançar R$ 600 mil por hectare”, diz o empresário.

Gilberto afirma que a produção de floresta de mogno é recomendada para produtores de todos os portes. É um excelente negócio inclusive para os agricultores familiares, porque uma área pequena também garante alta rentabilidade. As normas para o mogno africano diante da legislação ambiental do Estado são as mesmas aplicadas ao cultivo de eucalipto, ele explica. “O produtor necessita informar ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) a quantidade que vai colher para destinar à comercialização.”

O empresário acrescenta que a demanda por mogno é crescente, enquanto a oferta mundial (principalmente pela Costa do Marfim, na África) diminuiu muito. “O Brasil ainda se aproveita pouco da oportunidade de ganhar espaço no mercado mundial com a madeira, porque no país há menos de 3 mil hectares de área plantada com mogno africano.”

Para o extensionista Iduardo Pires dos Santos, Minas Gerais pode se beneficiar das condições de clima e solo, além de uma grande extensão de terras para o cultivo do mogno. “O plantio da árvore pode ser incluído em programas de recuperação de pastagens degradadas e em rodízio de cultivos anuais, como o do milho, pelo sistema de integração lavoura, pecuária e floresta (ILPF)”, recomenda. Santos acrescenta que a produção de leite também pode dar mais lucro se for ajustada ao melhor aproveitamento das pastagens recuperadas pelo cultivo das florestas de mogno.

O assessor de Florestas da Secretaria da Agricultura, Henrique Augusto Reis, considera a cultura de mogno uma das mais promissoras para o Estado e principalmente para os pequenos agricultores, observadas as práticas de manejo específicas. Ele diz que “a recuperação de pastagens pela integração atende aos compromissos assumidos pelo Brasil junto à Confederação do Clima COP15, realizada em Copenhague, na Dinamarca, em dezembro de 2009, sendo esta das atividades financiáveis pelo Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC)”.

Assessoria de Imprensa

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