Mobilidade internacional: esalqueanos na China

20.07.2009 | 20:59 (UTC -3)

Com intenção de fortalecer relações com as universidades latinoamericanas, o governo da China estabeleceu um acordo de mobilidade internacional com a divisão global do Santander Universidades.

Para colocar em prática esse objetivo, desde o início do ano, o Programa Top 5 to China vem sendo formatado para que, nas próximas semanas, um grupo de 43 pessoas, entre professores e alunos das principais universidades brasileiras, siga para uma experiência acadêmica na Universidade de Shangai Jiaotong.

Dentro dessa proposta, 7 representantes da Universidade de São Paulo, sendo 4 da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), seguem para a China no próximo dia 23. São eles os professores João Gomes Martines, do departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES), e Luiz Lehmann Coutinho, do departamento de Zootecnia (LZT), além dos alunos Verona Oliveira Montone, 21 anos, do 4 º ano de Engenharia Agronômica e Rodolfo Margato da Silva, 20 anos, do 4º ano de Ciências Econômicas.

Na China, os brasileiros entrarão em contato com conteúdos especializados sobre meio ambiente, além de participarem de um aprendizado sobre a cultura e a língua chinesas. A Universidade de Shangai foi a escolhida para abrigar o projeto por estar, de acordo com os rankings internacionais, entre as cinco primeiras da Ásia. Além disso, é a instituição escolhida pelo governo chinês para atuar no Plano Nacional de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.

Além do contato com Shangai, segundo Martines, a viagem ainda possibilitará estabelecer uma aproximação com universidades chinesas como a Universidade de Pequim, a principal instituição daquele país na área de ciências agrárias. “A intenção é estabelecer intercâmbios entre alunos de graduação, pós-graduação e docentes”. Martines ministrará uma palestra sobre a sustentabilidade da soja em baixa latitude, lembrando que os chineses virão para o Brasil, em setembro, para dar continuidade à troca de conhecimentos. O professor Luis Coutinho, presidente da Comissão de Pesquisa da ESALQ, abordará o tema biotecnologia na área animal. Ele reforça que, apesar de a China ser um grande país, sua área cultivável não é tão extensa e eles tem um problema com a produção de alimentos. “É importante estabelecer elos no que se refere ao desenvolvimento de tecnologias e comércio e esse programa de intercâmbio faz parte desse esforço de aproximação dos dois países. Para a ESALQ, o tema abordado é extremamente estratégico, devido às linhas de pesquisa a serem abordadas e, para os chineses, o evento pode contribuir com a discussão de soluções aos gargalos de produção de alimentos e poluição ambiental, diz Coutinho.

Com relação aos alunos que seguem para a China, João Martines reforça que a seleção valorizou três aspectos: a participação no Siicusp, principal evento de iniciação científica da USP, no qual tanto Verona quanto Rodolfo receberam menção honrosa; desempenho acadêmico e domínio da língua inglesa. “A importância de participarem da iniciação científica tem que ser valorizada”, ressalta Martines. Em 2008, durante o Siicusp, Verona apresentou um trabalho sobre aplicação da meteorologia agrícola na previsão de safra de soja e influências na produção. Para a estudante, participar de uma experiência internacional é uma grande oportunidade para qualquer universitário e participar deste projeto na China, que vem estritando suas relações com o Brasil, é uma oportunidade única. “Com certeza irá contribuir para minha formação acadêmica. Tenho objetivo de encontrar outros professores e estudantes que trabalham na área de meteorologia agrícola para trocar informações sobre como eles pesquisam, métodos utilizados, enfim, poder fortalecer o intercâmbio em propostas de publicações na área”. Na mesma edição do Siicusp, Rodolfo Margato apresentou, entre outros trabalhos, uma pesquisa relacionada à evolução do setor de fertilizantes em nível brasileiro e internacional e um estudo sobre os impactos da soja. Para o futuro economista, essa ida à China tende a proporcionar um grande benefício profissional, acadêmico e pessoal, tendo em vista as diferenças culturais, sociais e econômicas entre Brasil e China. “Motiva o fato de que teremos contato com pessoas com as mesmas perspectivas, os mesmos desafios de futuro, abordando uma temática bastante atual que é a questão ambiental e os impactos da economia sobre o meio ambiente”, comenta Rodolfo.

“Para os estudantes, essa viagem é um prêmio, pois eles tem alto rendimento acadêmico. É uma oportunidade interessante de ter contato não somente com o conteúdo científico, mas também com a parte cultural oferecida pelo projeto. O mérito acadêmico pode ir além do cumprimento das disciplinas, e esse esforço de participarem de programas de estágio, treinamentos e de iniciação tem que ser reconhecido e a Universidade continua valorizando essa dedicação em inúmeras oportunidades”, salienta Luis Coutinho.

Até 15 de agosto, os brasileiros farão um curso específico sobre Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Ciências da Vida, a ser ministrado por professores do Brasil e da China. No tópico Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, serão abordados água e uso de recursos hídricos, qualidade do ar e a soja e seu impacto ao meio ambiente. Já no módulo Ciências da Vida, os estudantes debaterão ecologia molecular, metabolismo microbiano e engenharia biomédica. Além do conteúdo acadêmico, haverá também visitas a empresas e roteiros culturais. Além dos esalqueanos, o grupo da USP contará com a professora Maria Angélica Miglino (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia) e os alunos Mayara Oliveira dos Santos e Ana Carolina Barnez Gramcianinov. Ainda ingressam para a Ásia representantes da Unesp, Unicamp, Universidade de Brasília, FGV, Unisinos, Mackenzie e Anhembi-Morumbi.

Caio Albuquerque

Esalq

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