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A minifábrica de processamento da castanha de caju, doada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2004, foi instalada este mês na cidade de Grande-Rivière-du-Nord, distante cerca de 300 km ao norte da capital Porto-Príncipe, no Haiti. Dois pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza-CE), Fábio Paiva e Antonio Lindemberg Mesquita, estiveram naquele país, entre os dias 6 e 19 de dezembro, acompanhando a instalação dos equipamentos.
A ação faz parte do projeto de cooperação "Transferência de Tecnologias em Sistemas de Produção e Processamento de Caju", coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), pela Embaixada do Brasil no Haiti e pelo governo haitiano, por meio do Ministério da Agricultura, dos Recursos Naturais e do Desenvolvimento Rural (MARNDR), com recursos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Em todo o Haiti, o beneficiamento da castanha de caju ocorre de modo totalmente artesanal e rudimentar. A baixa escala de produção impossibilita o acesso a outros mercados que não seja o local. A minifábrica tem capacidade para processar 500 quilos de castanha in natura por dia e deve se tornar uma significativa fonte de renda, beneficiando diretamente cerca de 700 pessoas daquela comunidade e viabilizando a venda do produto inclusive para o mercado externo. De acordo com o embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kimper, a "usina é uma doação do governo brasileiro à cooperativa e visa dinamizar o processo de transformação da castanha, fomentando, por conseqüência, a produção do caju como atividade econômica".
Ainda segundo o embaixador, os haitianos acompanharam com muito entusiasmo as atividades dos pesquisadores. Dezenas de pessoas ajudaram no transporte dos equipamentos para o edifício que abriga a minifábrica e muitos moradores iam diariamente ao local para acompanhar a montagem. Após o término da instalação, 30 membros da comunidade receberam capacitação para operar os equipamentos.
O pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical Fábio Paiva avalia que a instalação da minifábrica deverá estimular todo o agronegócio do caju no Haiti, uma vez que os produtores dispõem agora de uma estrutura para produzir castanhas de qualidade e com boas práticas de higiene, visando um mercado qualificado. “A unidade de processamento deverá despertar o interesse de ONGs, empreendedores locais, da iniciativa privada e do governo. Instalamos a minifábrica no norte do país, a expectativa é que outras regiões possam adotar essa tecnologia”, afirma.
O modelo agroindustrial múltiplo de beneficiamento de castanha de caju (minifábrica) é uma tecnologia apropriada para pequenas unidades de microempresas ou de associações comunitárias e cooperativas que viabiliza a agregação de valor à matéria-prima. Desenvolvida pela Embrapa Agroindústria Tropical, o modelo propicia uma produção de baixo custo, possibilitando a inserção de pequenos produtores no mercado, que antes exerciam apenas o papel de fornecedores de castanha in natura para as grandes indústrias.
Os equipamentos garantem alta produtividade e qualidade produzida, apresentando índices de até 85% de amêndoas inteiras, contra 55% alcançado no corte mecanizado das indústrias tradicionais. Esse processo apresenta características próprias que permitem preservar os principais atributos de qualidade, sabor, odor, cor e integridade do alimento.
A minifábrica doada para o governo haitiano abrange os equipamentos de todas as etapas do processo classificação da matéria-prima, autoclavagem, corte manual, desidratação, despeliculagem, seleção, classificação e embalagem do produto final.
Ricardo Moura
Embrapa Agroindústria Tropical
www.cnpat.embrapa.br
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