Milho: pesquisa aponta época de aplicação de fungicidas

24.03.2009 | 20:59 (UTC -3)

Um experimento sobre momento de aplicação de fungicida em milho, realizado pela Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA), nesta safra de verão (2008/2009), apontou parâmetros que esclarecem um fenômeno que há tempos chamava a atenção de pesquisadores e agrônomos: em alguns casos, mesmo seguindo-se as informações técnicas, as lavouras nem sempre respondiam aos produtos de uma maneira constante.

Responsável pela condução do trabalho, o pesquisador Heraldo Feksa resume a principal conclusão: o óleo mineral parafínico utilizado na calda de aplicação do produto (600 ml/ha com vazão de 200ml/ha), quando atingia o órgão feminino das plantas em período de florescimento, tinha o efeito de impedir a fecundação. A conseqüência se traduzia em espigas "falhadas". Feksa ponderou que o óleo atinge igualmente o pólen, mas recordou que o experimento também tinha plantas que não foram submetidas à aplicação. "Esse pólen era viável", comentou, indicando que, se o problema estivesse só na parte masculina da planta, os pólens sem fungicida teriam podido realizar a fecundação.

Segundo o pesquisador, o experimento revelou ser necessário evitar a aplicação na época do florescimento, optando-se pelo procedimento na fase de pré-pendoamento (em híbridos mais sensíveis a doenças) ou no início de enchimento de grão (nos híbridos de maior tolerância). Heraldo Feksa ressaltou que a conclusão tem um grande significado, por estabelecer, para o uso do fungicida, um critério que responde uma questão antiga, possibilita economia e evita prejuízos. Até agora, se dispunha somente de recomendações gerais: a aplicação em várias épocas, desde o estádio vegetativo (V7 a V10), pré-pendoamento, florescimento, até o enchimento de grãos.

Mas para a correta aplicação, ele observou que o produtor precisa considerar um detalhe fundamental * a uniformidade da maturação do milho. "O que acontece é que, às vezes, o agricultor olha a lavoura, vê que mais ou menos 70% das plantas estão em pré-pendoamento e faz a aplicação. Só que, de repente, pode haver 15% em pendoamento e outros 10% em florescimento. Aí ocorrem perdas", exemplificou, alertando que até mesmo pequenas quebras podem significar muito quando se considera a área geral de milho da Agrária. O responsável pelo experimento chama a atenção para o fato de que "um mesmo híbrido pode ter várias recomendações" dependendo da área onde é cultivado e por isso aconselha os cooperados e os produtores a procurar sempre a orientação de seus agrônomos.

Por outro lado, de acordo com o pesquisador, a regularidade na maturação depende de fatores como época de plantio, híbrido, profundidade de semeadura, força germinativa ("arranque"), umidade, temperatura e grau de compactação do solo. Quem não atentar para estes detalhes, "vai ter dificuldade de identificação do momento certo para a aplicação", advertiu.

O resultado do trabalho foi apresentado aos cerca de 50 participantes do dia campo dos cooperados do grupo do agrônomo Marcos Malachini (da equipe da Assistência Técnica da Cooperativa), no dia 20/2, no próprio local da pesquisa, na propriedade do cooperado Alberto Stock, em Goioxim. Na ocasião, para maior divulgação, agrônomos dos outros grupos da Agrária também foram convidados. "O que a gente consegue tirar destas informações seriam as épocas mais corretas de aplicação dos fungicidas", comentou Marcos Malachini.

Para o coordenador da Assistência Técnica da Agrária e diretor técnico da FAPA, Arival Cramer, o experimento confirma o papel da pesquisa aplicada na Agrária. "Esta é a vantagem do cooperado contar com a fundação: nós testamos as alternativas para ele, não é necessário que ele tenha o prejuízo", afirmou.

A pesquisa também será apresentada a cooperados e produtores rurais da região em uma das estações do Dia de Campo de Verão da Agrária, em 25 e 26 de março na FAPA, no distrito de Entre Rios.

Manoel Godoy

Cooperativa Agrária Agroindustrial

(42) 3625 8008 /

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