Milho: mercado de fungicidas cresce mais de quatro vezes desde a safra 2014-15

Busca por mais sanidade e produtividade impulsiona categoria; produtor focou em medidas para conter casos de ferrugem das gramíneas, manchas foliares e outras

29.01.2024 | 14:02 (UTC -3)
Fernanda Campos, edição Revista Cultivar
Foto: Fabrício Lanza
Foto: Fabrício Lanza

Da safra 2014-15 para a 2022-23 o mercado de fungicidas para milho cresceu mais de quatro vezes, de R$ 561 milhões para R$ 2,8 bilhões. Os dados, que acabam de ser divulgados, fazem parte dos estudos FarmTrak Milho Verão e FarmTrak Milho Safrinha, da Kynetec Brasil. Segundo a consultoria, 85% da movimentação total, ou R$ 2,4 bilhões, correspondem ao plantio em segunda safra e os 15% restantes, R$ 412 milhões, ao cultivo de verão.

Ante a safra passada (2021-22), quando os fungicidas movimentaram R$ 2,25 bilhões, houve aumento de 26% nas transações destes produtos.

Segundo Gabriel Pedroso, analista de inteligência de mercado da Kynetec, os produtores se mostram cada vez mais engajados em controlar doenças que transferem danos potenciais à produtividade, bem como em usar fungicidas com objetivo de obter efeitos fisiológicos diretos à produção. “Esse comportamento tracionou intensidade progressiva na adoção de tratamentos, principalmente na safrinha, frente a desafios como ferrugem-das-gramíneas, manchas foliares, cercosporiose, antracnose e diplodia”, explica.

Entre os subsegmentos de fungicidas mais utilizados, as chamadas soluções Stroby Mix, compostas por estrobilurinas e triazois, seguem na liderança de vendas: 55% ou R$ 1,6 bilhão na safra 2022-23. “Os estudos apontam, contudo, uma alteração no mix de fungicidas. Em oito safras, os produtos ‘premium’, em geral à base de carboxamidas, subiram de 6% em participação (R$ 33 milhões) para 28% (R$ 793 milhões). Esses insumos estão hoje consolidados no manejo do produtor e foram utilizados em 25% da área cultivada com o grão em 2022-23”, diz.

Em relação aos demais subsegmentos, fungicidas protetores aparecem na pesquisa com 7% das transações (R$ 206 milhões), seguidos dos benzimidazois e triazois, com 4% cada (R$ 203 milhões no total) e outros fungicidas, 2% ou R$ 66 milhões.

Aplicações e nível tecnológico

Dados ainda apontam que a área plantada do cereal foi de 19,8 milhões de hectares no período de 2022-23. Conforme a consultoria, o milho de segunda safra cobriu 15,6 milhões de hectares ou 79% do total. Já a safra de verão ocupou 4,2 milhões de hectares (21%).

No milho safrinha, 97% das áreas de plantio receberam pelo menos uma aplicação de fungicidas em 2022-23, contra 85% de oito safras atrás. Já no milho verão, afirma, a mesma relação saltou de 34% para 59%. “A intensidade média dos tratamentos cresceu de 1,4 para duas aplicações na segunda safra, e de 1,5 para 1,8 no verão”, enfatiza Pedroso.

“Mesmo frente a uma diferença ainda relevante quanto a adoção de tecnologia, na comparação entre o milho safrinha e o milho verão, nesta o nível de adoção também cresceu. No ciclo 2015-16, por exemplo, as áreas não tratadas por fungicidas no plantio de verão visando a produção de silagem ultrapassavam 90% do total”. 

De acordo com o analista, a disparidade na adesão aos fungicidas entre uma safra e outra se explica, sobretudo, pelo fato de o produtor privilegiar, na segunda safra, a colheita de grãos, enquanto no verão pelo menos 30% da área cultivada são destinados à produção de silagem, na qual tradicionalmente se emprega menos tecnologia. “Na safra de verão 2022-23, mais de 65% das áreas cultivadas para silagem não tiveram aplicações de fungicidas”, conclui.

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