Metabólitos das raízes regulam risco de resistência a antibióticos em hortaliças

Pesquisadores identificaram um tipo específico de elemento genético móvel

16.10.2025 | 10:06 (UTC -3)
Revista Cultivar

Hortaliças que crescem em solo adubado com esterco concentram genes de resistência a antibióticos (ARGs) principalmente ao redor das raízes. É o que mostra um estudo que analisou oito espécies vegetais e revelou como metabólitos específicos das raízes influenciam a propagação desses genes no sistema solo-planta.

A pesquisa comparou vegetais comestíveis por folhas, frutos, grãos ou raízes. As maiores concentrações de ARGs apareceram no solo do rizosfera, zona diretamente influenciada pelas raízes. Nessas amostras, a presença dos genes foi 1,24 vez maior que no solo não associado às raízes. Já nos tecidos das plantas, especialmente nas partes comestíveis, a quantidade desses genes caiu de forma significativa.

Maior acúmulo

Plantas de folhas, como o alho-poró, mostraram maior acúmulo de ARGs nos tecidos comestíveis, em comparação a frutas como o tomate-cereja. A concentração nos frutos chegou a ser mil vezes menor. O estudo identificou o gene mexF como o mais recorrente entre os ARGs, presente em todos os cultivos testados.

Os pesquisadores também identificaram um tipo específico de elemento genético móvel, o cIntI-1(clinic), como principal vetor para a transferência dos ARGs dos solos para os tecidos das plantas. Esse elemento apresentou correlação direta com a presença dos genes resistentes tanto nas raízes quanto nas partes comestíveis.

Distribuição desigual

Entre os fatores que explicam essa distribuição desigual, os metabólitos lipídicos produzidos pelas raízes se destacaram. Compostos como PA (16:0/15:0) e PS (14:0/14:1[9Z]) mostraram-se decisivos na regulação das bactérias associadas às raízes e no transporte de ARGs para dentro da planta. Esses lipídios atuam como sinalizadores químicos entre raízes e microrganismos, alterando a composição microbiana e, com isso, o padrão de disseminação dos genes resistentes.

O experimento foi conduzido em estufa na província de Yunnan, na China, com adubação feita por esterco animal. Foram testadas culturas como feijão-fava, alho, arroz, tomate-cereja, pimenta, berinjela, rabanete e alho-poró. A análise envolveu solo rizosférico, solo não rizosférico, raízes e partes comestíveis das plantas.

Região crítica

Os resultados reforçam o papel da rizosfera como região crítica para o acúmulo e disseminação de resistência antimicrobiana em sistemas agrícolas. E indicam que cultivos comestíveis por folhas ou caules podem representar maior risco de exposição humana a ARGs do que aqueles que produzem frutos ou grãos.

Outras informações em doi.org/10.48130/aee-0025-0005

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025