Fazenda Jaguaretê doa sêmen de touro Simental na Expointer
Com uma balança comercial mais que positiva, com exportações sete vezes maiores do que as importações (US$85 bi contra US$13,5 bi), sendo o terceiro maior produtor agrícola do mundo, com primeiro lugar em carne, soja e outros, e responsável por 60% de todo o açúcar que se consome no planeta, o Brasil ruma em direção à soberania mundial na produção de alimentos e energia renovável nos próximos 20 anos. Mas, para garantir o sucesso dessa empreitada, o país terá de investir ainda mais em fiscalização federal agropecuária, para evitar a entrada de pragas e doenças em seus rebanhos e lavouras, que inviabilizam o comércio mundial, comprometem a economia nacional e põem em risco a saúde da população. Estes e outros assuntos foram discutidos hoje (24) pela manhã, na mesa-redonda “As tendências do agronegócio brasileiro e sua inserção no cenário global”, durante o II Congresso Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (II CONAFFA).
O evento teve início na última segunda-feira (22) e prossegue até sexta (26), no hotel Bahia Othon Palace, em Salvador, e é promovido pelo Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical). Cerca de 500 profissionais estão reunidos no congresso na capital baiana. A mesa-redonda teve entre os debatedores o veterinário, economista, mestre em desenvolvimento agroindustrial e um dos mais renomados consultores de agribusiness do Mercosul, Carlos Cogo, além do secretário da Agricultura do Estado da Bahia, o engenheiro agrônomo Eduardo Salles. A mediação foi realizada pelo delegado sindical da Bahia e coordenador do II CONAFFA, Paulo Reis.
De acordo com Cogo, o Brasil experimenta desde os anos 90 uma “revolução agrícola”. O país triplicou a produção de alimentos e fibras, e o agronegócio representa hoje 22% da economia nacional, 23% de todas as riquezas geradas no país, 42% das exportações brasileiras e 37% dos empregos.
“Só que fazemos isso com mais ou menos o mesmo número de profissionais trabalhando nas cadeias produtivas e hoje o produtor consegue ganhar dinheiro no agronegócio, ao contrário dos anos 80/90”, revelou.
Isso reflete, segundo o consultor, o aumento da produtividade e a competência do agricultor brasileiro. “Esse é um trabalho que a sociedade ainda não conseguiu enxergar. Somos a locomotiva desse negócio e o povo ainda acredita que o leite sai da caixinha”, afirmou. Carlos Gogo ressaltou os investimentos feitos por produtores e governos na implantação de programas de certificação e rastreabilidade, nas quais os ficais federais agropecuários são as peças-chave.
“O país expandiu suas lavouras, com produtividade. Diziam que nunca chegaríamos a produzir 100 milhões de toneladas de grãos, e estamos produzindo hoje 162 milhões de toneladas, o que é suficiente para abastecer toda a China. O país tem o maior programa de energia renovável do mundo, e nem precisa desmatar - Aliás, é bom que se diga que a cana de açúcar seria inviável na Amazônia. Ainda temos mais que o equivalente a toda a área produzida no país disponível para o plantio, respeitando todas as exigências legais para o meio ambiente”, disse.
“A única coisa que poderia comprometer essa revolução agrícola seria um trabalho mal feito na fiscalização e defesa. Por exemplo, uma falha no combate à febre aftosa, que comprometeria 33% da produção de carne no Brasil”, disse Cogo, lembrando que o país chegará a 2020 produzindo mais de 20 milhões de toneladas de grãos, das quais, cerca de 50% são exportadas.
“O consumidor brasileiro vai ao supermercado e sai tranquilamente com seus produtos. Ele vê o selo do Serviço de Fiscalização Federal (SIF) e fica tranqüilo”, afirmou o consultor, que vê oportunidades para o país, principalmente, na produção de grãos, carnes, biocombustíveis, no setor sucroalcoleiro, frutas, algodão, café verde e torrado/moído, leite em pó e lácteos, além de máquinas e implementos agrícolas.
Uma ameaça seria a dependência brasileira na área de fertilizantes. Hoje o país importa, aproximadamente, 72% de defensivos agrícolas, dos quais é o maior mercado do mundo. Outros entraves seriam os problemas logísticos derivados de uma matriz, segundo ele, equivocada, em que as ferrovias representam 25%, as rodovias, 54% e o transporte aquaviário 17%.
Em sua segunda participação no evento, no qual representou o governador Jaques Wagner durante a abertura, o secretário da Agricultura, Eduardo Salles, voltou a enfatizar o papel do fiscal federal agropecuário no estabelecimento das fronteiras que garantirão a soberania do Brasil no mercado globalizado.
“O Brasil é o inconteste celeiro do mundo, e se torna cada vez mais estratégico com o fortalecimento dos países asiáticos”, disse. Mas, ele alertou para os problemas que as novas regras para compra de terras por estrangeiros, determinadas pela Advocacia Geral da União (AGU), podem representar para os investimentos para o agronegócio no país.
“Sou radicalmente contra a especulação imobiliária, mas entendo que um grupo coreano, por exemplo, que queira construir uma indústria na Bahia, tem de ter a garantia de que uma parte do patrimônio que garante a matéria-prima para a sua indústria é própria. Se o capital dele não pode comprar a terra onde ele produz, que segurança ele terá?”, disse o secretário, segundo quem, para crescer em 20% a produção de alimentos do mundo, em 20 anos, o Brasil terá de investir em estradas e armazenamento, logística de uma maneira geral e também em agroindustrialização, um dos principais focos de investimento dos grupos estrangeiros.
“A decisão da AGU representou uma perda de milhões de dólares de investimentos mundiais para o país. É importante que se diga que se o Brasil avançou tanto no agronegócio, foi, em boa parte, graças ao investimento de multinacionais e fundos estrangeiros. Esses grupos querem investir em agroindústrias e logística, mas enquanto isso não for resolvido, perderemos literalmente o trem da história. É um crime contra o Brasil e a sua população”, afirmou o secretário. A proposta de Salles é que o investidor externo possa garantir a produção própria de 50% da matéria-prima necessária à capacidade instalada do seu parque industrial. Salles ressaltou também a importância de aprovação do Novo Código Florestal no Senado.
Veja a programação completa do II CONAFFA em
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