Diversificação do ambiente reduz infestação de plantas daninhas
Travar preços, utilizando a ferramenta do mercado de opções, e apostar em uma tendência de alta, que deve continuar ainda a curto e médio prazo, foram algumas das recomendações que o analista de mercado e gerente de Oleaginosas e Produtos Pecuários da Conab, Thomé Guth, deu aos produtores de milho do Oeste da Bahia, em palestra promovida pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), no último dia 27 de setembro, em Luís Eduardo Magalhães. Guth, que acaba de chegar de uma missão do Governo Brasileiro ao “corn belt” nos Estados Unidos, apontou para os produtores do cerrado baiano as tendências de preço e comportamento do mercado de milho, justamente no momento em que os agricultores da região decidem o plantio da safra 2012/13. A má fase das lavouras americanas, assoladas pela seca, traz algumas boas oportunidades para o produtor brasileiro.
Os estoques mundiais do cereal não são confortáveis. De acordo com os dados do analista da Conab, os 124 milhões de toneladas, pela relação estoqueXconsumo (14%), são suficientes para dois meses. Os Estados Unidos produzem um terço da safra mundial e participam com mais de 50% das exportações. A configuração atual do mapa da produção global oferece excelentes oportunidades para países como o Brasil, Ucrânia e Argentina. “O Brasil tende a ser este ano o principal exportador depois EUA”, afirmou.
De acordo com Guth, os preços de U$7 o bushel para o milho de primeira safra, considerados excelentes, estão fora da curva, mas ainda não há sinal de queda. “Esses preços devem continuar nessa faixa até março do ano que vem”, avalia. No Oeste da Bahia, a totalidade do milho produzido, historicamente, é consumida no mercado interno, sobretudo, nos estados do Nordeste. Este ano, pela primeira vez, a região exportou cinco navios de milho.
Apesar dos bons indicativos, o recomendável, na opinião do analista da Conab, é travar preços em operações de hedge para, pelo menos, assegurar os custos de produção. Para os que nunca trabalharam com operações dessa natureza, ele recomenda começar negociando 10% da safra em vendas a termo.
“Ficar apenas correndo o risco do mercado pode render ótimos negócios ou grandes frustrações. É saudável assegurar a venda de pelo menos parte da produção no mercado de opções”, preconiza o analista. No caso do Oeste, onde o produtor de milho, em geral, planta soja e algodão, o mercado de opções e a Bolsa são familiares. Ainda assim, ele recomenda a contratação de consultorias especializadas. Segundo Guth, há muita informação disponível, principalmente, na internet, mas, a análise superficial pode conduzir o produtor ao erro.
Para o analista, o aumento da demanda mundial pelo milho e pela soja, estimulado pela entrada da China e da Índia na faixa de consumo, somada à configuração da matriz energética americana que produz etanol à base de milho, e à recente seca em estados produtores, como Missouri, Illinois, Iowa, Nebrasca e Winscosin, contribuiu para uma mudança real nos patamares de preços.
“Antes, falávamos em US$3,5 o bushel. Hoje, em US$5,5/US$6. Os Estados Unidos terão de recompor os estoques no próximo ano. Ou seja, produzir cerca de 40 a 50 milhões de toneladas a mais do que o que produz normalmente, para chegar à safra que projetaram para 2012, de 375 milhões de toneladas. Até o início de julho do ano que vem, a tendência é que os preços se mantenham em alto nível. No segundo semestre, quando a realidade estará mais definida, o mercado deve precificar para baixo”, disse.
Para o produtor Bruno Zuttion, que assistiu à palestra, encontros como esse são muito importantes. “Eu já havia vendido boa parte da minha produção de milho e achei que não precisava ir, mas estava errado. Informações são sempre bem-vindas e algumas ideias que eu tinha em mente pela observação do mercado e das notícias, como a de que os preços continuariam subindo, foram postas em dúvida. Acho que o evento foi muito útil”, conclui Zuttion.
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