Mercado de insumos agrícolas muda de fase no Centro-Oeste e Norte

Após anos de expansão e fusões, revendas enfrentam inadimplência elevada e reforçam a busca por líderes técnicos

15.07.2025 | 09:46 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Felipe Aragonez
Anderson Schemberg
Anderson Schemberg

O setor de distribuição de insumos agrícolas no Centro-Oeste e no Norte do país entrou em nova etapa. Depois de anos marcados por expansão, fusões e grandes investimentos, o foco agora recai sobre governança, gestão e organização interna. A constatação vem de um estudo conduzido pela Fesa Group, especializada em soluções de recursos humanos com forte atuação no agro.

Nos últimos cinco anos, houve aumento de aquisições e abertura de unidade no setor. O movimento coincidiu com a valorização de soja e milho; e com o aumento dos preços dos insumos. O ambiente favorável sustentou decisões arrojadas.

O cenário começou a mudar em 2023. A inadimplência subiu para patamares de dois dígitos. Empresas enfrentam dificuldades em crédito, finanças e gestão de pessoas. Muitos negócios precisaram pedir recuperação judicial.

Segundo Anderson Schemberg, vice-presidente do Fesa Group, o setor atravessa fase de transição. “Saímos de um ciclo de forte crescimento para um momento que exige revisão e preparo técnico”, afirma.

O levantamento mostra que as áreas mais pressionadas são a comercial e a financeira. Entre 2019 e 2023, houve forte aumento na contratação de gerentes de loja, diretores comerciais e consultores. A partir de 2023, a demanda permaneceu alta, mas as empresas passaram a buscar perfis mais experientes.

Além das vendas, o setor agora valoriza lideranças com domínio técnico e capacidade de gestão de pessoas. A habilidade de resolver problemas ganhou espaço. Também aumentou a procura por coordenadores e gerentes de crédito e cobrança. Esses profissionais são vitais para reduzir os impactos da inadimplência nas margens das empresas.

O setor financeiro também mudou. Empresas buscam pessoas capazes de organizar departamentos e trazer previsibilidade para decisões. O objetivo é maior segurança em um cenário mais instável.

O estudo também descreve o panorama salarial. A remuneração segue em níveis elevados. Gerentes comerciais em revendas pequenas e médias ganham entre R$ 10 mil e R$ 17 mil por mês, via contrato com natureza de pessoa jurídica. O bônus varia entre 0,4% e 1,5% do faturamento. Já nas grandes empresas, os salários sobem para R$ 14 mil a R$ 25 mil, com variáveis que podem multiplicar por sete o valor fixo.

Coordenadores de crédito e cobrança recebem de R$ 13 mil a R$ 20 mil. O bônus pode alcançar sete vezes o salário. Em canais menores, prevalece o regime de pessoa jurídica. Nas empresas maiores, predomina o modelo CLT. Para gerentes de crédito e cobrança, a faixa vai de R$ 20 mil a R$ 30 mil.

No campo financeiro, o salário acompanha a complexidade das operações. Empresas com até R$ 500 milhões de faturamento anual pagam entre R$ 18 mil e R$ 30 mil para gerentes. Os bônus vão de três a seis salários. Em negócios com receita entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão, os salários chegam a R$ 35 mil, com bônus semelhantes.

Diretores financeiros em empresas médias recebem entre R$ 40 mil e R$ 60 mil, com bônus anuais de até sete vezes o salário. Já em companhias com faturamento acima de R$ 1 bilhão, os salários superam R$ 60 mil. Alguns ultrapassam R$ 100 mil. As contratações, neste caso, ocorrem sob regime CLT.

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025