Condições climáticas favorecem colheita das culturas de verão no RS
Boletim Agrometeorológico divulgado pela Secretaria de Agricultura em parceria com a Emater e o Irga aponta tempo seco e frio na maior parte do estado na próxima semana
Com potencial para reduzir a produtividade e a longevidade dos canaviais e difícil de ser controlado, o bicudo-da-cana (Sphenophorus levis) impulsionou novamente a venda de inseticidas indicados ao manejo da praga, numa safra em que o mercado de agroquímicos voltados à cana-de-açúcar teve queda de 3,8%, para US$ 1,4 bilhão. Já os insumos para combate à ‘Sphenophorus’ movimentaram US$ 102 milhões no ciclo 2020, contra US$ 87 milhões de 2019 e US$ 48 milhões em 2018. O segmento mais que dobrou de tamanho em dois anos.
Os dados são do recém-divulgado estudo anual BIP – Business Inteligence Panel, da Spark Consultoria Estratégica. Segundo a empresa, apesar do segundo recuo consecutivo do mercado de agroquímicos para cana – no ciclo 2019 a redução foi de 2%, para US$ 1,442 bilhão –, a adesão aos inseticidas para o bicudo-da-cana saltou de 10%, em 2018, para 21% em 2020. O índice de tratamento por esses produtos atingiu 20% dos cultivos de cana soca, ante 19% de 2019 e 9% de 2018.
Na cana planta, apesar da redução da área plantada, a adesão saltou de 17% para 23%, entre 2019 e 2020, conforme destaca o coordenador de projetos e especialista em pesquisa de mercado da Spark, Alberto Oliveira. De acordo com ele, o Estado de São Paulo, maior produtor de cana do País, foi o mais atingido pelos ataques da Shenophorus levis, tendo registrado, em 2020, mais de 33% na adoção ao tratamento das infestações.
“Pragas de solo como ‘Sphenophorus’ estão hoje entre os principais desafios de manejo, em todas as regiões produtoras. Bicudo-da-cana pode afetar qualquer parte do canavial”, diz Oliveira. Ele acrescenta que a mudança do sistema de colheita, para cana crua, contribuiu para o recrudescimento da praga. O controle cultural através do fogo, explica, era medida auxiliar na redução da população de ‘Sphenophorus’, pois erradicava populações de insetos adultos.
“A palha serve de abrigo à praga e favorece sua proliferação. Por se constituir numa praga de difícil controle, é importante que o produtor monitore ataques de ‘Sphenophorus’ e utilize todas as ferramentas protetivas disponíveis: controle químico, biológico e controle mecânico, isoladamente e em conjunto”.
Oliveira acrescenta que o resultado negativo em dólar do mercado de agroquímicos para cana-de-açúcar, se deve à desvalorização de 10,6% da moeda brasileira durante a safra 2020 (dólar médio da época da compra de insumos), além da redução da área plantada da cultura, de 1,8%, para 9,122 milhões de hectares. Na moeda local, mostra a Spark, houve alta de 7,6% nas vendas de produtos para os canaviais entre 2019 e 2020, de R$ 5,5 bilhões para R$ 5,9 bilhões.
Conforme a Spark, os herbicidas lideraram a relação de agroquímicos mais utilizados na cana-de-açúcar, com 53% de participação e vendas de US$ 729 milhões. Na segunda posição, os inseticidas movimentaram US$ 548 milhões, 39% do mercado total. Em terceiro lugar, os reguladores de crescimento registraram 4% da comercialização, chegando a US$ 54 milhões. Deste montante, 66% equivalem a maturadores (US$ 35 milhões), 31% a inibidores de florescimento (US$ 17 milhões) e 3% a bioestimulantes (US$ 1 milhão).
A categoria dos fungicidas aparece na quarta posição no BIP Spark Cana, com vendas de US$ 44 milhões, 3% da movimentação total da cultura. Os produtos adjuvantes fecham o resultado, com 1% (US$ 13 milhões).
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