Aplicativo ajuda produtores da Bahia a reduzir uso de defensivos
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O debate sobre o uso de insumos biológicos na agricultura brasileira esquenta conforme esse mercado cresce exponencialmente no Brasil. Apesar do crescimento na casa dos dois dígitos e liderança brasileira, trata-se ainda de um segmento nascente, que representa cerca de 5% do faturamento do mercado brasileiro de proteção de cultivos.
Ignacio Moyano, vice-presidente de desenvolvimento de mercado da DunhamTrimmer para a América Latina, explica que o Brasil deve se firmar nos próximos anos como líder regulatório no setor de bioinsumos, impulsionado pela recente legislação específica. Ele alerta, no entanto, para a importância da correta implementação desta legislação: “o desafio é garantir que exista não só o marco legal, mas também a capacidade técnica para fiscalizar, especialmente a produção on-farm, assegurando a confiança do mercado e a qualidade dos produtos”.
O equilíbrio entre estímulo à inovação e rigidez nos controles será decisivo para a evolução do mercado. “Se não encontrarmos esse ponto, corremos o risco de ter tecnologias que não atendam às reais necessidades do produtor. O segredo está em uma regulação transparente e funcional para todos os elos da cadeia”, aponta.
Ignacio Córdoba minimiza qualquer possibilidade de "bolha" no segmento brasileiro de biológicos. Para ele, o que se observa é um período natural de expansão, partindo de uma base ainda restrita em comparação ao mercado total de defensivos agrícolas.
“O Brasil tornou-se um polo de atração internacional para empresas e tecnologias, muito pelo seu pioneirismo em adoção extensiva nas grandes culturas. À frente, o que veremos é uma consolidação gradual, ficando no mercado as empresas tecnicamente robustas, com modelos de distribuição eficientes e portfólios de qualidade”, acredita ele.
Entre as dificuldades do setor, Moyano Córdoba destaca a forte dependência dos rumos macroeconômicos e políticos. Mudanças governamentais, acordos comerciais e políticas setoriais podem acelerar ou frear a difusão da biotecnologia. Por outro lado, vê na transição para uma agricultura mais regenerativa uma oportunidade única para a região.
“Os países que melhor articularem incentivos, ciência aplicada e estabilidade regulatória vão liderar, atraindo investimentos e tecnologias de ponta. Isso é fundamental para a América Latina buscar maior valor agregado e protagonismo global”, afirma.
O vice-presidente da DunhamTrimmer para América Latina destaca que a presença de um ecossistema de empresas nacionais foi vital para o desenvolvimento do mercado brasileiro de biotecnologia. Agora, o movimento é de diversificação dos insumos e de entrada de atores internacionais, via alianças ou aquisições, além da busca por alternativas aos insumos importados.
“É vital compreender profundamente o funcionamento e as particularidades do Brasil, desde sua estrutura de distribuição às exigências regulatórias. Só assim será possível uma entrada consistente no mercado. As oportunidades existem, mas precisam ser mapeadas com inteligência de mercado e estratégias personalizadas”, enfatiza.
Por fim, Ignacio Moyano Córdoba ressalta que o crescimento sustentável dos biológicos depende, sobretudo, de capacitação técnica e transferência de conhecimento no campo. Ele reforça a necessidade de redes de validação agronômica, posicionamento assertivo do produto e alinhamento das expectativas dos agricultores.
“Não basta lançar produtos — é preciso acompanhar, formar o produtor e consolidar a confiança nessa tecnologia inovadora, transformando boas práticas e resultados concretos em referência de sucesso sustentável para o setor,” sustenta o especialista.
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