Mercado atual pode favorecer uma safra com mais etanol, avalia Presidente da Unica

24.05.2013 | 20:59 (UTC -3)
Fonte: Unica

O aumento da demanda por etanol e os incentivos ao biocombustível de cana podem favorecer uma importante mudança no mix de produção da indústria da cana-de-açúcar na safra 2013/2014. A avaliação foi feita pela presidente Executiva da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Elizabeth Farina, durante a abertura da 7ª edição do “ISO DATAGRO New York - Sugar & Ethanol Conference”, evento promovido no dia 15 de maio na cidade americana.

Farina destacou que enquanto a produção de açúcar deve aumentar em 4%, o biocombustível terá um crescimento muito mais significativo, de quase 20%. “O número de veículos leves que rodam no País com a tecnologia flex fuel soma quase 60% da frota total, somados aos 15% de motocicletas bicombustíveis e o novo percentual de mistura mandatória, tornando maior a busca pelo combustível renovável canavieiro,” explicou. Segundo a executiva, o aumento de 20 para 25% da participação do etanol anidro na gasolina resultará em um suplemento de mais de 2 milhões de litros do biocombustível.

Além disso, a presidente da UNICA destacou as recentes medidas anunciadas pelo governo brasileiro ao setor sucroenergético. “A redução nos impostos para o etanol, a melhoria de acesso a linhas de créditos para o armazenamento de combustível e a renovação dos canaviais, são medidas que devem ajudar na consolidação do biocombustível como uma importante fonte de energia limpa no País. São medidas muito bem vindas, porém não suficientes,” destacou.

Falando para um público de 350 participantes de 20 países, Farina abordou também a contrapartida da indústria, ao relançar no início de maio a campanha publicitária “Etanol, o combustível Completão.” “Esta iniciativa deve alavancar o consumo de etanol hidratado por proprietários de veículos flex,” analisou.

Apesar da grande demanda pelo biocombustível, Farina ressaltou que a capacidade de aumento da oferta de etanol e açúcar no País após 2015 está estritamente condicionada a novos investimentos em greenfields, ou novas usinas de processamento de cana. O setor chegou a inaugurar 30 usinas em um único ano, em 2009, mas no momento não há projetos de novas usinas em execução.

“A capacidade industrial total de moagem de cana não é maior do que 700 milhões de toneladas, o que já está muito perto da quantidade esperada para a safra 2013/2014, de cerca de 650 milhões de toneladas. Em outras palavras, sem incentivos e investimentos concretos, a oferta não acompanhará a procura,” explicou.

Segundo Farina, muitos países ainda dependem de políticas protecionistas para isolar suas produções internas do mercado internacional, o que pode influenciar de forma negativa as vendas externas dos produtos sucroenergéticos. A União Européia (UE), por exemplo, está próxima de adotar um novo regime de tarifação ao açúcar fabricado fora de seus países membros. Além disso, a UE discute uma nova legislação que poderá limitar drasticamente o uso de biocombustíveis produzidos a partir de matérias primas consideradas alimentícias. “Se tais medidas forem aprovadas, os produtos brasileiros não serão os únicos prejudicados. Por isso, a necessidade de consolidação dos mercados globais dos principais produtos extraídos da cana, o açúcar e o etanol,” enfatizou.

Para a executiva, apesar do cenário duvidoso na Europa, o bom envolvimento das indústrias americanas e brasileiras e o fim das barreiras comerciais ao etanol de cana nos Estados Unidos, são motivos de otimismo.

“Juntos, podemos trabalhar para mostrar para outras nações como os biocombustíveis oferecem uma solução limpa, acessível e sustentável para as crescentes necessidades energéticas do nosso planeta,” acrescentou.

A cooperação construtiva para os combustíveis renováveis não é o oposto do que se vê no relacionamento entre as indústrias de açúcar dos dois países. O episódio mais recente ocorreu no início de maio, quando produtores americanos, alegando a necessidade de continuarem protegidos por quotas comerciais, publicaram um documento com informações equivocadas sobre o produto brasileiro.

“A competitividade do açúcar brasileiro é resultado do sistema eficiente de produção, um dos melhores da agricultura tropical moderna. Mas cabe a nós prosseguir na tarefa de assegurar que os mercados sucroenergéticos encontrem terreno fértil, que possam crescer e prosperar,” concluiu Farina.

Promovido pela International Sugar Organization (ISO) e pela Consultoria Datagro, com apoio da UNICA, a conferência deste ano contou com a presença de especialistas e personalidades do setor sucroenergético, entre eles o presidente do grupo São Martinho, Fabio Venturelli e o CEO da Copersucar, Paulo Roberto de Souza.

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