Mercado Agrícola - 19.set.2025

Embarques do complexo soja superam 109 milhões de toneladas; comercialização da nova safra está atrasada

19.09.2025 | 10:48 (UTC -3)
Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting

A colheita de soja nos Estados Unidos alcançou 10% da área, índice acima da média histórica (8%) mas abaixo do registrado em 2024 (11%). Cerca de 50% das lavouras já estão em maturação. O USDA estima safra de 117,1 milhões de toneladas. A produtividade inicial está dentro do esperado, sem grandes surpresas. No entanto, analistas veem o número como possivelmente otimista, já que em 2024, com lavouras de melhor qualidade, os EUA colheram 118,8 milhões de toneladas.

No Brasil, os embarques de soja entre janeiro e setembro ultrapassaram 90 milhões de toneladas. Em 2024, no mesmo período, foram 87 milhões. O país já exportou mais de 3 milhões de toneladas apenas em setembro, com possibilidade de repetir as 6,1 milhões do mesmo mês do ano passado. O farelo de soja também mantém ritmo forte, com mais de 18 milhões de toneladas embarcadas, recorde histórico. O complexo soja totaliza mais de 109 milhões de toneladas exportadas, contra 35 milhões em 2024.

A comercialização da soja brasileira de 2025 soma 124,7 milhões de toneladas, ou 72,7% da safra total de 171,5 milhões. Apesar do volume absoluto ser recorde, o percentual negociado está abaixo da média histórica de 78%. Restam ainda 46,8 milhões de toneladas disponíveis. A nova safra teve apenas 19,5% comercializada até agora. A média seria 27%. Em anos melhores, esse índice ultrapassava 30%. Em Mato Grosso, o ritmo está ainda mais lento. Produtores evitam vender antes da colheita, o que pode gerar pressão de oferta em março e abril.

Situação do milho

Nos Estados Unidos, a colheita do milho começou e atinge pouco mais de 10%. Cerca de 50% das lavouras estão em maturação. A qualidade é considerada boa ou excelente em 67% das áreas, acima dos 63% da soja.

No Brasil, a safrinha já colhida chegou a 112 milhões de toneladas, com 63 milhões já vendidas (56%). A média histórica seria 60%. Além disso, ainda há 10 milhões de toneladas da primeira safra armazenadas, esperando melhores preços. Ao todo, cerca de 59 milhões de toneladas de milho seguem disponíveis no mercado.

Situação do sorgo

O sorgo teve safra recorde no Brasil, com 6,1 milhões de toneladas. Nos EUA, a colheita alcançou 30%, dentro da média histórica. A produção americana deve ficar entre 8,5 e 10,5 milhões de toneladas, patamar recorrente nos últimos anos. As áreas de cultivo, localizadas principalmente em Kansas e Texas, enfrentam riscos climáticos elevados.

Situação do algodão

O algodão nos EUA teve 12% da área colhida, com o Texas à frente, já com 25%. A qualidade da safra americana não é considerada boa.

Na China, a produção deve ser melhor, o que reduziu o ritmo das compras futuras. O mercado segue lento, com preços entre 65 e 68 centavos de dólar por libra em Nova York.

O Brasil segue como líder mundial na exportação, com muitos contratos de longo prazo assinados em níveis superiores aos atuais.

Situação do trigo

O mercado do trigo no Brasil enfrenta baixa demanda. Os moinhos compram apenas o necessário. No Paraná, os preços recuaram R$ 50 a R$ 60 por tonelada. A colheita avança, com boa qualidade e produtividade, mesmo com queda significativa na área plantada. A produção pode ultrapassar 7 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul, os preços variam entre R$ 1.240 e R$ 1.270 por tonelada.

No mercado internacional, a forte oferta do Leste Europeu pressiona os preços, impulsionada pelo receio de valorização cambial com o eventual fim da guerra na Ucrânia.

Situação do arroz

O arroz também segue com pouca movimentação. Os produtores no Rio Grande do Sul iniciaram o plantio, mas as chuvas previstas devem desacelerar os trabalhos. O preço do arroz em casca varia entre R$ 55 e R$ 62. O arroz nobre chega a R$ 65. O setor reclama da falta de acesso aos recursos do Plano Safra. No varejo, o arroz é vendido com preços promocionais, entre R$ 12 e R$ 18 o pacote de 5 quilos. Marcas nobres chegam a R$ 30. O produtor, a indústria e o varejo relatam margens apertadas.

Situação do feijão

O feijão carioca registra pressão de alta. Com o fim da terceira safra, os preços subiram, chegando a R$ 270 no mercado paulista. Em Goiás e Minas, o nobre alcança até R$ 260. A Conab reduziu a estimativa da safra para 3,07 milhões de toneladas. A oferta menor favorece reações de preço. O feijão preto também começa a subir. Já há vendas acima de R$ 250 para produto nobre. A demanda se mantém firme no varejo, com preços promocionais abaixo de R$ 4 o quilo. O consumo de feijão, arroz e ovos cresce entre os alimentos básicos.

Por Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025