Médio Norte do MT pode ter problemas com a mosca branca na próxima safra

18.02.2014 | 20:59 (UTC -3)

Produtores de soja do Médio Norte do Mato Grosso estão enfrentando problemas com a mosca branca. Esta é a constatação que a Entomologista da Fundação de Apoio a Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, Fundação MT, Lúcia Vivan, fez ao realizar visitas nas propriedades de diversas cidades da região. As visitas fazem parte do Fundação MT em Campo 2014, onde pesquisadores de diferentes áreas avaliam a safra atual de soja. A pesquisadora esclarece que os municípios de Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sapezal já tinham presença da praga desde o início da safra, mas em algumas áreas, a população aumentou muito.

O manejo é apontado como um dos principais fatores para este cenário. “Se você fez o manejo correto, mas os vizinhos próximos a sua lavoura não, o trabalho é perdido, pois, os adultos acabam migrando e se instalando na sua lavoura. Este deve ser um trabalho em conjunto”, explica. A situação se agrava ainda mais porque algumas regiões estão cultivando soja safrinha no lugar do milho. O panorama das últimas safras também influenciou de acordo com Vivan, “estamos tendo várias safras com altas temperaturas e veranicos, a situação agrava o problema com a mosca-branca”.

Para que o manejo seja feito corretamente o monitoramento é fundamental. “Quando o produtor identifica população de adultos, é preciso procurar onde estão as ninfas. De acordo com estudos, assim que encontrado acima de 15 ninfas por folha provavelmente o número de moscas brancas vai aumentar e o agricultor deve agir. Principalmente se a planta estiver no estágio de enchimento de grãos, R3 - R4”, explica a pesquisadora.

O manejo da mosca-branca é um grande desafio já que suas características contribuem para o difícil controle. Segunda a entomologista “a dispersão entre as culturas, seu alto potencial reprodutivo, o hábito polífago (se alimenta de diversas fontes), a resistência a inseticidas e o seu comportamento de se alimentar e viver na superfície das folhas contribui para a complexidade e dificuldade de controle”.

Na safra de 2012/13 muitos produtores já enfrentaram o problema e segundo a entomologista da Fundação MT, houve muito abandono de áreas com alta infestação da mosca branca. “Outro ponto importante é que a mosca branca tem um grande número de hospedeiros. O seu ciclo só não é tão intenso em gramíneas”. Áreas com a cultura do algodão também favorecem a praga, mesmo com aplicação de defensivos químicos. Além disso, o fator climático também interfere, já que “a mosca branca permanece nas lavouras até em períodos de seca”.

Os danos causados pela praga são severos, conforme aponta Vivan, ninfas e adultos causam o dano direto. “Ao se estabelecerem na folha sugam a seiva, extraindo carboidratos e aminoácidos, podendo deixar folhas com manchas, murchas até sua queda. A extração da seiva enfraquece as plantas comprometendo o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo. Durante a alimentação, o inseto, principalmente a ninfa, excreta um “melado” que favorece o desenvolvimento de fumagina. O fungo cresce sobre as folhas, escurecendo-as, prejudicando a realização da fotossíntese e, consequentemente interferindo na produtividade. Em ataques severos antecipa o ciclo da soja em até 15 dias”.

Neste momento em que o Mato Grosso está colhendo, Vivan orienta que o produtor elimine as plantas hospedeiras. “Depois de destruir as possíveis hospedeiras, orientamos que sejam plantadas gramíneas nessas áreas para diminuir a população. Plantas daninhas que podem hospedar a mosca também devem ser retiradas. Tudo deve ser feito principalmente pensando na próxima safra”, finaliza a entomologista.

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