Evolução da mecanização da colheita da uva
A mecanização na produção de uva no Brasil cresce a cada safra. Uma das etapas que têm muito para mecanizar é a colheita, que ainda caminha a passos lentos.
Em épocas chuvosas, é normal o aumento da frequência e da severidade das doenças foliares na cultura do tomateiro, resultando em altos prejuízos para os produtores e no aumento dos preços. Dentre as doenças foliares do tomateiro, destaca-se a mancha-de-estenfílio (causada por espécies do fungo Stemphylium) que pode ser extremamente destrutiva por reduzir a área foliar fotossintetizante, comprometendo assim a sua produtividade.
Embora a importância da mancha-de-estenfílio tenha sido reduzida, devido ao uso de cultivares resistentes e às aplicações periódicas de fungicidas, em anos muito chuvosos observam-se epidemias severas dessa doença em lavouras comerciais em todas as regiões produtoras de tomate de mesa do Brasil. No verão de 2018/19, em razão de terem ocorrido volumes de chuva acima das médias históricas, a mancha-de-estenfílio, bem como outras doenças foliares, ocorreu com frequência e em alta severidade nas lavouras de tomate no Centro-Sul do Brasil.
Um dos fatores associados com as epidemias severas da mancha-de-estenfílio nos campos de produção é o número reduzido, no mercado nacional, de híbridos de tomate resistentes a esta doença. A combinação de ambiente favorável e suscetibilidade das cultivares aumenta os riscos de prejuízos econômicos para os produtores. A maioria dos híbridos de tomate plantados no Brasil foi desenvolvida em outros países, onde a doença não ocorre ou é de importância secundária. Em um levantamento realizado há cinco anos, foram observadas respostas de suscetibilidade na maioria dos híbridos comerciais. Dentre as aproximadamente 50 cultivares disponíveis nos catálogos de diferentes empresas de sementes atuando no Brasil, observou-se que apenas 16 delas foram classificadas como resistentes à doença. Isso é de certa forma surpreendente, visto que a resistência a essa doença é relativamente fácil de ser incorporada às cultivares híbridas. O efeito pode chegar a ser devastador, pois muitos desses híbridos, sendo líderes de mercado, ocupam uma vasta área de plantio em diferentes regiões produtoras do Brasil.
Outros fatores que estão contribuindo para a ocorrência de epidemias severas da mancha-de-estenfílio são o desconhecimento do produtor quanto à sua importância, a diagnose incorreta e as falhas no controle químico. Os sintomas da mancha-de-estenfílio podem ser facilmente confundidos com aqueles causados por outras doenças foliares, como a mancha bacteriana (Xanthomonas spp.) e a pinta bacteriana (Pseudomonas syringae pv. tomato), cujas medidas de controle são significativamente diferentes. Apesar de os fungicidas utilizados no controle da pinta preta (Alternaria linariae) e da septoriose (Septoria lycopersici) serem, na sua maioria, eficientes contra a mancha-de-estenfílio, nem sempre estas doenças ocorrem ao mesmo tempo. Além disso, a mancha-de-estenfílio afeta tanto as folhas novas como as velhas, enquanto a pinta preta e a septoriose ocorrem mais nas folhas baixeiras. A não utilização da resistência genética, tecnologia eficaz e “limpa”, vai contra os esforços que vêm sendo feitos para a redução de uso de agroquímicos. Portanto, ela é essencial nos programas de produção integrada de tomate, bem como nos sistemas de produção orgânica.
No tomateiro, a mancha-de-estenfílio pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, desde a sementeira e em mudas recém-transplantadas. Entretanto, os sintomas ocorrem com maior frequência nas fases de florescimento e frutificação da planta. O sintoma mais comum da doença é a formação de lesões foliares pequenas, marrom escuras, de formato irregular. Ao contrário da pinta preta, da septoriose e da mancha bacteriana, que são mais evidentes nas folhas mais velhas, a mancha-de-estenfílio afeta principalmente as folhas novas de plantas adultas. Inicialmente, as lesões são pequenas, encharcadas e visíveis na parte de baixo das folhas, podendo ser confundidas com as manchas provocadas por outras doenças, tais como a pinta preta, a mancha-alvo (Corynespora cassiicola), a pinta bacteriana ou a mancha bacteriana. À medida que as manchas crescem, podem coalescer e a sua parte central se desprender do restante do tecido foliar, conferindo um aspecto rasgado ou furado à lesão. O patógeno não infecta o fruto do tomateiro, mas, sob condições favoráveis à doença, pode provocar pequenas lesões nos tecidos mais jovens do caule, nos pecíolos e nos pedúnculos das flores e frutos. Nas folhas mais velhas, as manchas tendem a aumentar de tamanho, chegando a atingir mais de 4cm de diâmetro, ocasião em que é confundida com as manchas de pinta preta. Além disso, as folhas atacadas podem amarelecer, necrosar e se desprender da planta.
A mancha-de-estenfílio no Brasil é causada por duas espécies do gênero Stemphylium: S. solani e S. lycopersici. A espécie S. solani parece ser a mais comum, por ser mais polífaga, isto é, atacar maior quantidade de espécies de plantas. Embora o fungo S. solani seja relatado no Brasil como patógeno de várias plantas cultivadas, silvestres ou invasoras pertencentes a diversas famílias botânicas, a maioria das espécies hospedeiras pertence à família Solanaceae, entre elas, o tomate, o jiló, o pimentão, as pimentas do gênero Capsicum e a berinjela.
Stemphylium lycopersici e S. solani podem sobreviver de um ano para outro em restos de cultura, em plantas voluntárias ou associadas a outras hospedeiras, inclusive plantas daninhas. A disseminação desses patógenos se dá, principalmente, por meio de esporos (conídios) conduzidos pelo vento. Mudas contaminadas também podem ser importantes disseminadores destes fungos. Temperaturas na faixa de 24ºC-27ºC e alta umidade do ar favorecem a ocorrência de epidemias da doença. No entanto, S. solani pode ocorrer em faixa mais ampla de temperatura.
A medida mais eficiente e mais econômica de controle da mancha-de-estenfílio do tomateiro reside no uso de cultivares com resistência genética. Essa resistência em tomate é controlada por um único gene dominante (gene Sm), sendo, por isso, relativamente fácil de ser incorporada (via retrocruzamentos) em uma cultivar de tomateiro. Genótipos portando o gene Sm mostram-se resistentes a diferentes isolados de duas espécies referidas de Stemphylium. Pela sua eficácia e amplitude, a maioria das cultivares de tomate desenvolvidas no Brasil apresenta esse gene de resistência. O gene Sm tem sido utilizado em cultivares comerciais por mais de seis décadas e, felizmente, até agora, a resistência conferida por ele não foi “quebrada” pelo aparecimento de novas raças dos patógenos.
Quando não for possível utilizar uma cultivar resistente, outras medidas de controle podem ser empregadas (Veja box).
- Aplicar fungicidas, registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), de forma preventiva;
- Realizar rotação de culturas, evitando espécies hospedeiras dos patógenos;
- Evitar plantios próximos a lavouras de tomate ou de outras plantas hospedeiras;
- Eliminar restos de cultura logo após a última colheita;
- Eliminar e/ou pulverizar plantas hospedeiras daninhas, nativas ou espontâneas que estejam nas proximidades da lavoura de tomate;
- Evitar irrigações muito frequentes, em especial por aspersão;
- Utilizar mudas sadias, produzidas em telado ou adquiridas de viveiros idôneos.
Ailton Reis, Leonardo S. Boiteux e Carlos Alberto Lopes, Embrapa Hortaliças
A cada nova edição, a Cultivar Hortaliças e Frutas divulga uma série de conteúdos técnicos produzidos por pesquisadores renomados de todo o Brasil, que abordam as principais dificuldades e desafios encontrados no campo pelos produtores rurais. Através de pesquisas focadas no controle das principais pragas e doenças do cultivo de hortaliças e frutas, a Revista auxilia o agricultor na busca por soluções de manejo que incrementem sua rentabilidade.
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