Martin Neto apresenta resultados do Laboratório da Embrapa nos EUA

Após seis meses à frente do Laboratório Virtual da Embrapa, LABEX, nos Estados Unidos, o físico Ladislau Martin Neto volta a São Carlos, pela primeira vez, em agenda de visita, para falar dos resultados e perspectivas como coordenador do órgão.

O ex-chefe geral da Embrapa Instrumentação Agropecuária vem acompanhado do diretor de Cooperação Internacional do Serviço de Pesquisa Agrícola, ARS, na sigla em inglês, Ibrahim Shagir, que está interessado em conhecer pesquisas brasileiras sobre greening, nanotecnologia, mudanças climáticas e agricultura de precisão. Tanto Martin Neto como Shagir vão proferir palestras no dia 16, a partir das 16 horas no auditório Sérgio Mascarenhas da Embrapa Instrumentação. Eles visitam no período da manhã a Embrapa Pecuária Sudeste, onde serão recebidos pelo chefe geral Maurício Mello de Alencar.

Depois de comandar a Embrapa Instrumentação Agropecuária por quatro anos, no período de 2002 a 2006, ser o representante da região Sudeste no Comitê Gestor das Estratégias (CGE) da Embrapa, coordenar o Comitê Gestor da Plataforma de Mudanças Climáticas da Embrapa e acumular o cargo de presidente eleito da Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas (IHSS), o pesquisador Ladislau Martin Neto assumiu o desafio de coordenador o Labex - Laboratório Virtual da Embrapa nos Estados Unidos, para o qual foi nomeado pela diretoria da Empresa por dois anos. A Embrapa tem também Labex em Montpellier, (França), Wageningen (Holanda) e Sumon (Coréia do Sul), além de outro, em instalação, na Grã-Bretanha, bem como escritórios em Accra (Gana) e Caracas (Venezuela), e outro, em instalação, em Panamá (Panamá).

Plano de trabalho

Fortalecer o programa de prospecção tecnológica da Embrapa, identificar novas oportunidades de cooperação e de financiamento de pesquisa em áreas estratégicas para o país, criar mecanismos eficazes de interações do Labex EUA com empresas e organizações do setor produtivo brasileiro, ampliar as ações de comunicação do Labex com seus públicos alvos entre outras, são algumas das ações que o físico, formado pela USP - São Carlos e pós-doutor em ciências ambientais pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, programadas para executar durante sua gestão.

Martin Neto assumiu em setembro, ciente da grande responsabilidade que o cargo exige. “Trata-se de grande oportunidade e desafio profissional relevante considerando a importância estratégica da cooperação internacional e do projeto Labex EUA para a Embrapa e para o agronegócio brasileiro. Vou me empenhar para dar continuidade aos trabalhos em andamento bem como gerar novas oportunidades e resultados de impacto”, disse ao ser nomeado.

O LABEX-EUA foi instalado nos Estados Unidos, em parceria com o Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em 1998 para promover oportunidades de cooperação internacional em pesquisa agropecuária acompanhando os avanços, tendências e atividades científicas de interesse do agronegócio dos países parceiros. Seu papel fundamental é fazer prospecção tecnológica e articulação institucional. Ele não tem os recursos físicos e humanos de um laboratório regular. Seus pesquisadores compartilham instalações físicas, equipamentos, reagentes e equipes de pesquisadores do ARS e trabalham para fortalecer e ampliar a cooperação científica e tecnológica entre os pesquisadores das duas instituições e de universidades brasileiras e americanas.

Atualmente as atividades do Labex estão voltadas para as áreas de agricultura de precisão, manejo integrado de enfermidades animais, manejo integrado de pragas e doenças de plantas, manejo de recursos do solo e da água, nanotecnologia, recursos genéticos, biotecnologia, propriedade intelectual, novos usos de produtos agrícolas e mudança global do clima.

Atuação profissional

Além das atividades de pesquisador na Embrapa Instrumentação, o pesquisador é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq/MCT e orientador credenciado no programa de pós-graduação do Instituto de Química de São Carlos, da USP.

Ladislau Martin Neto entrou na Embrapa Instrumentação Agropecuária em agosto de 1986, com a missão de desenvolver aplicações de espectroscopia na agricultura. Desde então, tem se dedicado, continuamente, à pesquisa agropecuária. Participou do desenvolvimento de estudos pioneiros no país sobre os efeitos de manejo do solo, incluindo plantio direto, sobre matéria orgânica envolvendo, além das tradicionais medidas do conteúdo total de carbono orgânico, a identificação de alterações qualitativas, por meio de métodos espectroscópicos, nas substâncias húmicas. Estes trabalhos geraram uma série de resultados sobre matéria orgânica e substâncias húmicas em diferentes ecossistemas do Brasil. Participa intensamente da luta pela consolidação da área de estudos sobre substâncias húmicas e matéria orgânica dos solos, tema relevante para o mundo, em especial para as regiões tropicais, por estar associado à emissão de gás carbônico do planeta, ao efeito estufa e às consequências climáticas globais.

No período de 2001 a 2006, assumiu a chefia geral da Embrapa Instrumentação Agropecuária com foco no desenvolvimento de tecnologias para promover o bem-estar social, a geração de conhecimentos e tecnologias, que permitam soluções e reduzam vulnerabilidades para o país. Encarou como principais desafios às linhas de pesquisa envolvendo a agricultura de precisão, meio ambiente, agricultura orgânica, tecnologia de base biológica, instrumentação e automação agropecuária e agroindustrial, novos materiais à base de produtos naturais, qualidade de produtos, saúde e nutrição, informação e tecnologia para agricultura familiar, nanotecnologia e outros métodos avançados.

Entre as realizações no período estão: a aprovação do projeto do Laboratório de Nanotecnologia para o Agronegócio; a criação de quatro novas empresas de base tecnológica a partir de resultados da pesquisa da Unidade; a parceria com mais de uma dezena de empresas privadas para projetos em cooperação, com financiamento da FINEP, dentro da Rede Brasileira de Tecnologia.

Ele é o atual presidente da* *Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas (IHSS). Martin Neto é o primeiro latino-americano a assumir a IHSS, eleito com participação de membros da IHSS em mais de 40 países. A IHSS foi fundada em Denver, Colorado, EUA, em 11 de setembro de 1981 para reunir cientistas com interesse em estudos na área. A Sociedade é reconhecida como líder mundial na promoção de pesquisa e aplicações das substâncias húmicas, ganhando recentemente grande apelo adicional em função da necessidade e interesse no entendimento sobre o ciclo de carbono, visto que estas substâncias são as principais constituintes da matéria orgânica do solo, que é o terceiro maior reservatório de carbono do planeta.

Publicou 65 títulos, sendo que 70% no exterior, cinco capítulos em livros, mais de 120 resumos, artigos e anais publicados. Tem 10 patentes solicitadas ao INPI e também no exterior.

Joana Silva

Embrapa Instrumentação Agropecuária

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Jorge Reti

Embrapa Pecuária Sudeste

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