Pesquisas mostram que, na história da detecção de resistências, existe variabilidade genética nas populações das pragas para, praticamente, todos os inseticidas. Mas, quanto o país está usando desses produtos e de outras tecnologias? Quais os desafios na implementação de estratégias em condições tropicais? Com essas perguntas, o especialista da Esalq/Usp, Celso Omoto, iniciou as discussões da sala temática “Programa de manejo de resistência às pragas no Brasil e no mundo”, ao lado de Timothy Dennhy, da Bayer e Renato Carvalho, da Monsanto, no 11º Congresso Brasileiro do Algodão (11º CBA) que segue até o dia 01 de setembro, em Maceió.
“Se nós usamos defensivos intensivamente, vamos selecionar os indivíduos, aumentando a frequência deles. Isso leva a um ponto de resistência no qual o produto não vai funcionar da forma como gostaríamos”, explica Omoto, acrescentando que a resistência evolui rapidamente quando as estratégias adequadas não são executadas. “Daí, faço uma nova pergunta: conseguimos implementar estratégias para o manejo de resistências aqui no Brasil?”, questiona o especialista da Esalq/Usp, respondendo, em tempo, que é difícil manejar em condições tropicais com cultivos o ano todo.
“O bom manejo na cultura do algodão depende da soja e do milho. Se não nos preocuparmos com o manejo nos sistemas de produção de cultivos, por mais que façamos rotação de produtos e utilizemos áreas de refúgio, as estratégias não serão suficientes”, alerta Omoto, que trouxe algumas recomendações e considerações a respeito do manejo de resistência, entre elas, usar janelas de aplicação; alternar inseticidas com diferentes modos de ação; realizar o tratamento de sementes com inseticidas; preservar organismos não-alvo e benéficos; fazer misturas de inseticidas quando necessário; evitar os que já apresentam problemas de resistência e minimizar o uso de dos foliares na área de refúgio. “E para nos ajudar a seguir essas orientações, temos grandes centros de pesquisa. Precisamos, então, buscar os dados, dominá-los e agir”.