Tecnologias digitais aumentam a eficiência do manejo integrado de pragas
Tecnologias digitais associadas ao manejo integrado de pragas reduziu a aplicação de inseticidas gerando economia e menor impacto ambiental
Diversas doenças incidem sobre as culturas de cebola e cebolinha-verde, porém, a raiz-rosada causada por Setophoma terrestris (sin. Pyrenochaeta terrestris; Phoma terrestris) tem sido facilmente constatada no sistema radicular dessas culturas. Tal doença está amplamente disseminada nos países onde se cultivam aliaceas, e os danos decorrentes intensificam-se pelo fato de sempre cultivá-las na mesma área. No Brasil, a primeira ocorrência de raiz-rosada foi relatada por Chaves & Erickson, em 1960. Na cultura da cebola, nos estados de Minas Gerais e de Santa Catarina, seu registro é de 1990 (Boff, 1990). Apesar de S. terrestris ser um patógeno de baixa especificidade, encontrado no solo com cultivo de aliaceas, a sua ocorrência se intensifica em regiões quentes, onde o cultivo continuado da cultura e o manejo convencional intensificam os danos. No Sul do Brasil tem sido verificada ao final do ciclo da cultura em decorrência de aumento da temperatura.
Setophoma terrestris é patógeno de baixa especificidade que habita o solo e infecta monocotiledôneas como cebola (A. cepa), a cebolinha-verde (A. fistulosum), a chalota (A. cepa var. aggregatum), a cebolinha-capim (A. schoenoprasum), o alho (A. sativum) e o alho-porró (A. ampeloprasum). Além dessas, milho, sorgo, trigo, pepino e tomate também podem ser parasitados pelo patógeno.
A principal característica avaliada em sistema produtivo é o rendimento, pois a redução do suprimento nutricional na planta faz com que a formação do bulbo seja menor. As plantas, ao adoecerem, perdem seu vigor, o crescimento é paralisado e as folhas murcham, o que dá início ao amarelecimento e consequente morte.
O fungo incide em todos os estádios do desenvolvimento da planta e o sintoma característico é a coloração rosada, parda e marrom causada pelo enrugamento dos tecidos e morte da raiz. A coloração rosada é decorrente do pigmento micelial do fungo presente na raiz infectada. Após a morte da raiz, a planta passa por um estádio de redução do suprimento de água e nutrientes, o que provoca menor desenvolvimento vegetativo. As plantas são facilmente arrancadas do solo devido ao apodrecimento das raízes. No entanto, a coloração rosada e o apodrecimento de raízes não são padrão do patógeno e podem ser confundidos com ataque de Fusarium spp., porém, este forma um crescimento micelial branco na coroa do bulbo. As raízes afetadas são necrosadas e invadidas por patógenos secundários e saprofíticos do solo. No mesmo ciclo de cultivo, novas raízes podem ser emitidas e infectadas pelo fungo.
A diagnose correta do ataque de S. terrestris é confirmada por pequenas pontuações enegrecidas na raiz, o que indica a presença de pcnídios ou primórdios de picnídios. A tonalidade rosada pode não aparecer em plantas jovens e ser inibida se a planta tem intenso crescimento vegetativo.
O patógeno está presente na maioria dos solos onde se cultivam aliaceas e aumenta nos sucessivos ciclos da cultura decorrente do aumento da concentração do inóculo. S. terrestris consegue sobreviver através de micélio dormente (clamidósporos) no solo, nos restos culturais ou livremente no solo. A infecção inicial ocorre nas raízes localizadas no centro da placa basal e os sintomas nas raízes se evidenciam em torno de dez dias após a infecção. Na região Sul do Brasil, o sintoma ocorre no final do ciclo da cultura, em decorrência do aumento da temperatura. Porém, a infecção pode ocorrer durante o período mais frio.
A disseminação do patógeno é realizada pela movimentação do solo, o escorrimento da água e, principalmente, pelo transporte de bulbos, bulbinhos, bulbos-mãe e mudas doentes. O vento tem pouca interferência na sua disseminação.
As condições ótimas para o desenvolvimento da doença ocorrem quando há temperatura entre 24ºC e 28ºC. No entanto, a umidade do solo não é um fator essencial para o estabelecimento da doença. Porém, tem se evidenciando a maior ocorrência da doença quando o pH do solo fica próximo ou acima de 7. Solos com baixa matéria orgânica registram maior intensidade da doença, devido à menor competição microbiana no solo.
A cultura da cebola (Allium cepa L.) no Brasil ocupa o terceiro lugar entre as hortaliças, depois da batata e do tomate, e constitui uma atividade socioeconômica de grande relevância para os estados da Região Sul. Santa Catarina compreende a maior área de cultivo da cebola no País e na safra 2017/18 a produção atingiu 377.357,37 toneladas em uma área plantada de 19.596 hectares, sendo que mais da metade dessas áreas está concentrada na região do Alto Vale do Itajaí.
Leandro Luiz Marcuzzo,
IFC/Campus Rio do Sul
A cada nova edição, a Cultivar Hortaliças e Frutas divulga uma série de conteúdos técnicos produzidos por pesquisadores renomados de todo o Brasil, que abordam as principais dificuldades e desafios encontrados no campo pelos produtores rurais. Através de pesquisas focadas no controle das principais pragas e doenças do cultivo de hortaliças e frutas, a Revista auxilia o agricultor na busca por soluções de manejo que incrementem sua rentabilidade.
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