Corteva lança websérie para auxiliar o cafeicultor a evitar riscos e prejuízos da geada no cafezal
São abordados temas como o que é a geada, quando ela ocorre, tipos de poda e planejamento antes do plantio
À primeira vista, elas podem parecer inofensivas, afinal, são apenas plantinhas que surgem em lavouras de outras culturas ou à beira das estradas. Mas as tigueras são uma dor de cabeça, pois podem se tornar verdadeiros criatórios de pragas e doenças. Seu manejo, além de trabalhoso, é caro, pois, além do custo direto com aplicações de herbicidas, inclui os investimentos no combate às pragas e doenças oriundas dessas plantas. No caso do algodão, as tigueras são a morada perfeita do bicudo-do-algodoeiro, que sobrevive nas áreas de rotação de culturas como a soja. Além da pressão do inseto na safra futura de algodão, a ocorrência de tigueras pode representar até dez aplicações de defensivos para combater o bicudo, numa lavoura de soja.
Segundo explica o conselheiro da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), e consultor do Programa Fitossanitário da Abapa, Celito Breda, tigueras são espécimes voluntários de soja, milho, algodão, dentre outras, que estão fora da área de produção, assim como da época de plantio adequada. “Essas plantas se tornam potencialmente doentes ou vetores de pragas e doenças que pressionam toda numa região. Por isso, quanto menos tigueras e, no caso do algodão, soqueiras, permanecerem numa área, menos problemas se tem”, argumenta Breda.
“As plantas tiguera são extremamente difíceis de ser controladas, pois existe variação no fluxo de germinação em relação às outras culturas, como a soja, o que dificulta acertar o ponto ideal de aplicação dos herbicidas”, explica Victor Porto, pesquisador da Fundação Bahia (FBA), que, em convênio com a Abapa, tem enfatizado os estudos no manejo de destruição de tigueras nas áreas de rotação. Segundo Porto, hoje existe uma pequena gama de herbicidas no mercado, eficientes para este manejo. “Na última safra, inclusive, tivemos uma escassez de produtos por fatores diversos de mercado e distribuição, muito em função da pandemia”, diz.
A pesquisa encampada por Victor Porto trabalha com o controle químico nas plantas voluntárias, na pré-emergência da soja e do algodão, nas áreas de soja, e na pós- emergência. “temos alternativas interessantes. Nada ainda com 100% de eficácia, mas estamos obtendo respostas satisfatórias, acima de 90%. O que dispomos de melhor hoje são as associações de certos pré-emergentes com outros pós-emergentes”, afirma Porto. Ele relata, ainda, que os tratamentos com os principais produtos para a destruição de tigueras em áreas de rotação com soja não prejudicaram a produtividade da soja.
Não é possível, segundo o pesquisador, quantificar a população de tigueras na região Oeste da Bahia, assim como um percentual que impactaria na reprodução do bicudo-do-algodoeiro ou na disseminação de doenças. “Este é um dado que ainda é carente na pesquisa, seja brasileira ou internacional”, revela.
Nas áreas de rotação de cultura com soja, a canseira e os gastos no combate às tigueras podem ser menores quando se tem um manejo bem-feito, já na colheita do algodão, explica o pesquisador. “Isso passa pela boa regulagem das máquinas, evitando ao máximo as perdas nesta etapa, o que vai assegurar que, na próxima safra, a quantidade de sementes que podem virar plantas tigueras seja menor”, ensina.
No preparo do solo para o plantio da soja, já se podem fazer aplicações para a dessecação de plantas daninhas. “Em áreas de pivô, pode-se, inclusive, fazer uma irrigação para que as eventuais sementes de algodão germinem, executando um manejo químico anterior ao plantio da soja. Além disso, o produtor pode rotacionar com uma cultura de inverno, que já possua em sua na matriz produtiva. Com um bom trabalho de dessecação, vai acabar pegando as plantas que já estão germinando”, ensina.
Combater e controlar as tigueras também é mandatório à beira das estradas, explica Celito Breda. “É preciso evitar o derramamento de caroços de algodão das cargas, durante o transporte, e destruir as plantas que eventualmente nasceram, com o manejo químico e mecânico. Em alguns trechos nas margens das rodovias, a própria Abapa tem trabalhado para eliminar. Já nas estradas vicinais, a responsabilidade é do produtor”, afirma.
Segundo Breda, a maior parte dos agricultores realiza, por conta própria, esse manejo, tanto nas estradas vicinais quanto nas vias internas das fazendas. “Isso é resultado de um trabalho de conscientização, que começamos em 2005, e envolve outros elos e agentes da cadeia produtiva, como os caminhoneiros. Temos de ser cada vez mais assertivos no manejo de tigueras, porque isso vai gerar mais lucro para o produtor e menos dor de cabeça”, conclui Celito Breda.
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