Produtor mineiro prefere investir mais no plantio de soja
Quem não gosta de uma boa refeição? Os bois não são diferentes. Entretanto, as pesquisas apontam que um terço das pastagens cultivadas no Brasil está em bom estado, outro um terço em degradação e o resto, degradado.
O potencial produtivo e a rentabilidade de pastagens para recria e engorda de animais fica consideravelmente comprometido em altos níveis de degradação.
Os números comprovam a informação. Em pasto degradado, o tempo de engorda de um animal é de 43 meses, em estado normal cai para 23 e em conservação aconselhada para 15, revelam os dados de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que há anos desenvolve estudos nesta área em seus Centros de Pesquisa.
O manejo de pastagem associado ao Sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) como saída para atenuar as estatísticas é alvo de estudo do pesquisador em forragicultura da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS), Roberto Giolo de Almeida. Ao lado de uma equipe de especialistas no assunto, ele indica algumas alternativas gerais de recuperação de pastagens com a ILP.
Para pastagem com perda de vigor, o restabelecimento do pasto envolve a recuperação da fertilidade, o plantio de pastagem anual, seja solteira ou consorciada, e a adequação do manejo animal. Pastos em degradação, a recomendação é o controle de invasoras, a subsolagem e as próximas etapas seguem como nos casos com perda de vigor. Já as degradadas exigem além dos passos tradicionais, um tratamento contra pragas e doenças, um preparo total do solo e a adoção de práticas conservacionistas para o mesmo.
Giolo alerta que a decisão em relação ao manejo adequado depende dos objetivos da propriedade, a partir disso, os processos são traçados. Outra ressalva ou conselho para o produtor, seja ele agricultor ou pecuarista, é que “seu maior bem não são os bois no pasto, a lavoura ou a pastagem em bom estado, mas a terra e por isso ela precisa, sempre, ser cuidada, preservada”.
SSP – Pensando nisso, chega o Sistema Silvipastoril (SSP). Um sistema de produção agropecuária que faz uso sustentável da terra, com aumento e manutenção da produtividade, com conservação dos recursos naturais e a utilização mínima de insumos. A tecnologia é a combinação intencional de árvores, pastagem e gado em uma mesma área e manejo integrado dos elementos.
Cientista desta linha de pesquisa na Embrapa Gado de Corte, Valdemir Laura, afirma que para investir em SSP, é necessário que se faça um diagnóstico da área, selecione o tipo de SSP a ser adotado, o modele, tenha atenção às características da propriedade e, sobretudo, ao interesse do produtor. Somente com tais cuidados o SSP será viável ecológica e economicamente.
Dentre os benefícios do SSP, conforme Laura, estão o fornecimento de alimentos para as pessoas e para o gado; o aproveitamento da madeira para comercialização; a conservação e a melhoria do solo; e a diversificação da atividade para o produtor.
“A tendência futura dos sistemas de produção pecuários exigirá cuidados com o bem-estar animal, qualidade do produto, dos empregados e do ambiente final de produção. O Sistema Silvipastoril é também uma oportunidade de marketing para o produtor. Ele terá produtos ambientalmente adequados, socialmente benéficos e economicamente viáveis”, lembra Valdemir Laura.
Esses temas foram discutidos durante o Ciclo de Palestras da I Expo MS, o Encontro do Agronegócio. A feira, realizada pela Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), tem entre parceiros e expositores a Embrapa, presente com a tecnologia BPA e sua coleção de forrageiras na Casa da Embrapa e com especialistas no Ciclo e no Seminário de Ovinocultura no Cerrado. A Expo MS segue até o dia 12 de outubro, em Campo Grande-MS.
Dalízia Aguiar
Embrapa Gado de Corte
/ (67) 3368-2144
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