Mapa e Receita Federal apreendem 56 toneladas de defensivos agrícolas
A operação teve como alvo os defensivos importados ilegalmente e que seriam distribuídos na região Centro-Oeste
Dentre as diversas espécies de cochonilhas que ocorrem em cafeeiros no Brasil destacam-se as cochonilhas-farinhentas (Hemiptera: Pseudococcidae), assim conhecidas por apresentarem o corpo coberto com uma fina camada de secreção cerosa branca, como se tivessem sido envolvidas em farinha. Em cafeeiro no Brasil, podem ser encontradas 16 espécies dessas cochonilhas, sendo sete nas raízes e nove na parte aérea (Santa-Cecilia et al., 2020). Destacam-se as espécies Planococcus citri (Risso) (Hemiptera: Pseudococcidae) (Figura 1A) e Planococcus minor (Maskel) (Hemiptera: Pseudococcidae) (Figura 1B), também conhecidas como cochonilhas-brancas ou cochonilhas-das-rosetas, por se alojarem preferencialmente nas rosetas com botões florais e frutos, onde sugam a seiva.
Podem também infestar mudas, onde as ninfas se alojam nas nervuras das folhas e juntamente com as fêmeas adultas, quando em altas infestações, formam aglomerações em toda a planta.
Embora essas cochonilhas sejam de ocorrência imprevisível nas lavouras, o monitoramento periódico é necessário e deve ser integrado às práticas de manejo de outras pragas na lavoura cafeeira. O exame das plantas deve ser realizado principalmente no interior da folhagem, nas brotações, em rosetas com flores ou frutos, locais onde esses insetos se alojam e formam colônias.
Essas cochonilhas são muito semelhantes morfologicamente, sendo difíceis de serem distinguidas. Em ambas as espécies, as ninfas de primeiro instar apresentam pouca cerosidade, um par de filamentos na extremidade do abdome e grande mobilidade; as de segundo instar são maiores e possuem dois pares de filamentos caudais. Já no terceiro instar, apresentam 17 pares de filamentos cerosos ao redor do corpo e um par posterior, assemelhando-se à fêmea adulta.
As fêmeas adultas dessas espécies possuem o corpo em formato oval e coloração castanho-amarelada, recoberto por uma pulverulência de cera branca. Medem entre 2,5mm e 4mm de comprimento e possuem 18 pares de filamentos cerosos ao redor do corpo.
As cochonilhas-brancas são polífagas, ou seja, colonizam diversas plantas silvestres ou cultivadas, tanto em campo como em cultivos protegidos.
No Brasil, P. citri está relatada para cafeeiro, abacateiro, macadâmia, soja, batateira, cacaueiro, cana-de-açúcar, algodoeiro, citros, goiabeira, videira, bananeira, abacaxizeiro, carambola, coco, mangueira, figueira, aboboreira e algumas espécies ornamentais. Já a espécie P. minor está registrada para cafeeiro, bananeira, algodoeiro, abacateiro, cacaueiro, paineira, aboboreira, jambo, dentre outros.
Há registros dessas cochonilhas em diversas regiões cafeicultoras do Brasil, tanto em cafés Conilon, quanto Arábica, o que recomenda constante alerta aos surtos esporádicos que podem atingir níveis populacionais severos.
Essas cochonilhas vivem em colônias constituídas por indivíduos em vários estágios de desenvolvimento e se alojam no interior das rosetas, sugando a seiva do pedúnculo e a base dos frutos, ocasionando o secamento ou a queda dos botões florais e frutos, dano conhecido como roseta banguela. Em plantas altamente infestadas podem apresentar queda de 100% de flores e frutos ou seca das rosetas. No inverno migram para as raízes, em decorrência das baixas temperaturas.
O ataque dessas cochonilhas é imprevisível, pois a praga pode ser transportada pelo vento, pelas formigas que se alimentam da secreção açucarada que expelem (honeydew), e também através do caminhamento. A infestação ocorre em reboleiras, onde alguns talhões podem sofrer ataques mais intensos enquanto em outros não se nota a presença.
É importante que se faça o monitoramento periódico da cultura para detectar a infestação desta praga ainda no início. A presença de filamentos lanuginosos brancos nos ramos e rosetas, bem como a presença de formigas na planta e de melaço nas folhas (honeydew), que depois de algum tempo tornam-se escuros (fungo da fumagina que se desenvolve nessas excreções açucaradas eliminadas pelas cochonilhas), são indícios da infestação da cochonilha na planta.
Constatada sua presença na lavoura, deve-se identificar as reboleiras atacadas e, caso seja necessário, consultar um técnico especializado para avaliar a necessidade e qual o método de controle mais apropriado.
Cochonilhas possuem um grande conjunto de inimigos naturais: predadores, parasitoides e fungos entomopatogênicos. Joaninhas (Cryptolaemus montrouzieri Mulsant, Hyperaspis sp. e Scymnus sp.) (Coleoptera: Coccinellidae), crisopídeos (Neuroptera: Chrysopidae) e parasitoides (Leptomastix dactylopii Howard (Hymenoptera: Encyrtidae), p.ex.) são muito importantes no controle natural da cochonilha-branca, P. citri, muitas vezes impedindo que causem danos econômicos em cafezais.
Em infestações com P. minor foram observadas larvas de joaninhas e crisopídeos. Porém, em algumas ocasiões, os inimigos naturais não são capazes de manter a densidade populacional da praga abaixo do nível de dano econômico, sendo necessário intervir com outras medidas de controle, como o uso de inseticidas, por exemplo. Contudo, as táticas de controle devem sempre favorecer a preservação desses agentes de controle biológico na lavoura.
Existem poucos inseticidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o controle das cochonilhas-das-rosetas na cultura do cafeeiro, porém a lista não contempla a espécie P. citri para essa cultura. Ainda há uma grande demanda por mais estudos desses organismos para desenvolver um manejo mais sustentável da lavoura cafeeira.
Lara Sales, Nathan Jhon Silva Lopes, Universidade Federal de Lavras; Lenira V. C. Santa-Cecília, IMA/Epamig/Lavras, Mauricio Sergio Zacarias, Embrapa Café
A cada nova edição, a Cultivar Grandes Culturas divulga uma série de conteúdos técnicos produzidos por pesquisadores renomados de todo o Brasil, que abordam as principais dificuldades e desafios encontrados no campo pelos produtores rurais. Através de pesquisas focadas no controle das principais pragas e doenças do cultivo de grandes culturas, a Revista auxilia o agricultor na busca por soluções de manejo que incrementem sua rentabilidade.
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