Trigo: começam preparativos para a colheita no RS
Foi aberto, nesta segunda-feira (05/10), na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), o Workshop “Brasil França 2009: cooperação em ciências agrárias e florestais - o caso da ESALQ e seus parceiros franceses”.
A abertura contou com o Grupo Vocal Coral Luiz de Queiroz entoando o Hino Nacional Brasileiro e a Marselhesa (hino francês).
O evento, que faz parte da programação oficial do Ano da França no Brasil, reúne docentes, pesquisadores, alunos e autoridades envolvidas com as discussões em âmbito acadêmico e científico nos dois países. O Workshop é uma realização da ESALQ, em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement (Cirad), Institut National de la Recherche Agronomique (Inra), Institut des Sciences et industries du Vivant et de L’Environment (AgroParisTech) e Fédération des Ecoles Supérieures d’Ingénieurs en Agriculture (Fesia). Tem como objetivo discutir temas estratégicos do ponto de vista social, político e econômico para o Brasil e para a França, tendo em vista que os setores agrário e florestal respondem por parcela significativa do PIB e do comércio internacional desses países.
A programação está organizada em seis painéis: Intercâmbio de estudantes e docentes; Sustentabilidade socioeconômica e ambiental da cadeia produtiva; Política agrícola, desenvolvimento rural e sustentabilidade; Relações comerciais Brasil–França; Manejo integrado de bacias hidrográficas; Bioenergia.“A escolha desses grandes temas é de interesse não só das instituições organizadoras, como também da comunidade acadêmica ligada ao setor agropecuário e florestal. Os painéis foram organizados de forma alinhada, e assim, espera-se que fiquem claras, para representantes do governo e das agências de fomento à pesquisa, as ações que mereceram investimentos públicos e, principalmente, a disponibilidade de linhas de financiamento para a pesquisa”, afirma o professor do departamento de Ciências Florestais (LCF), José Leonardo Moraes Gonçalves, um dos coordenadores do evento.
A aproximação entre Universidade de São Paulo e ESALQ com a França é histórica e fora lembrada em algumas das falas no início dos trabalhos. O professor Antonio Roque Dechen, diretor da ESALQ, saldou a comitiva de alunos e professores franceses presentes na platéia, lembrando que a presença francesa for marcante ainda na criação da USP. “A Universidade contou com grande participação de professores franceses em seu processo de estabelecimento e o próprio fundador da ESALQ, Luiz de Queiroz, ainda em 1890, fora estudar na França, o que nos permite afirmar que esta aproximação é histórica e este workshop é um momento para compartilharmos experiências e conhecimentos”, afirmou Dechen. Para Marisa Aparecida Bismara Regitano D´Arce, presidente da Comissão de Cooperação Internacional (CCInt) da USP, que nesta oportunidade representou a reitora Sueli Vilela, a Universidade mantém com a França uma forte base de envolvimento científico. “Em toda a USP somamos, atualmente, 66 convênios com instituições de ensino superior francesas, ou seja, o caminho já está traçado de forma sólida, de modo que este evento é fundamental para fortalecermos ainda mais estes laços”, lembrou.
Do lado francês, Christophe de Beauvais, representante da Embaixada da França no Brasil, ressaltou a importância da comemoração do Ano da França no Brasil, reforçando que as parcerias entre as duas nações vai além da cooperação militar tão destacada nos veículos de imprensa. “Estamos muito satisfeitos com a rica programação de atividades envolvidas neste Ano e vai muito além dos acordos militares tão divulgados na mídia. Este workshop reforça uma cooperação científica poderosa, que teve início ainda na fundação da USP em 1934, quando alguns de nossos professores participaram da sua criação, e que hoje revela índices substanciais como a presença de mais de 3000 estudantes brasileiros em universidade francesas e mais de 1000 co-publicações de pesquisadores dos dois países na Web of Science”. Beauvais apontou, como desafios a serem enfrentados, a simetria no fluxo de estudantes, uma vez que uma quantidade menor de franceses vêem para o Brasil e, além disso, apontou a necessidade de estabelecimento de acordos envolvendo as agências de fomento.
Na parte da tarde, aconteceu o Painel 2: Sustentabilidade socioeconômica e ambiental da cadeia produtiva. Será abordada a questão da sustentabilidade das atividades produtivas rurais, com destaque para os ecossistemas florestais, haverá discussão em âmbito multilateral, enfocando as implicações para as políticas públicas e comerciais nacionais e internacionais. Silvio Crestana, ex-diretor-presidente da Embrapa, Plínio Sist (Cirad), Carlos Clemente Cerri (CENA/USP) e Jean-Paul Laclau (Cirad), foram os palestrantes deste painel.
A programação segue até o dia 9.
Mais informações no endereço
.
Nos últimos anos, a aproximação com as universidades francesas tem se fortalecido em virtude do programa de dupla diplomação em engenharia agronômica que a Escola mantém com 3 instituições francesas. Atualmente, há 18 alunos da ESALQ na França e mais 14 seguiram no segundo semestre. Por aqui, 10 franceses cursam disciplinas diversas, sendo 4 integrados ao programa do duplo diploma.
Nos programas de dupla diplomação, os alunos brasileiros permanecem dois anos na França: o primeiro ano é subsidiado por programas especiais da CAPES, chamados Brafitec e Brafagri; o segundo ano é subsidiado por empresas francesas. Já os alunos franceses passam 1 ano e meio no Brasil e são subsidiados por programas equivalentes ao da CAPES, financiados pelo "Ministère des Affaires Etrangères". A França exige um trabalho de conclusão de curso (Memoire de Fin d´Études) e, por isso, nossos alunos ficam lá mais tempo. Em janeiro de 2009, receberam os dois diplomas 6 alunos brasileiros e 3 alunos franceses. Na ESALQ, quem coordena os programas de dupla diplomação é a professora Maria Lúcia Carneiro Vieira, do departamento de Genética (LGN). “A experiência internacional, já durante a graduação, é vista como uma vantagem para as indústrias, devido a maturidade que esses alunos adquirem, além do aprendizado da língua e da cultura estrangeira. Os profissionais com experiência multicultural, com dois diplomas, assumem funções nas empresas imediatamente após a contratação, sem precisar de treinamento prévio. Nossos alunos duplo-diplomados já estão atuando em empresas no Brasil, e um deles foi contratado na França”, lembra a professora.
Caio Albuquerque
Esalq
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura