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A Embrapa Soja (PR) acaba de desenvolver uma tecnologia inovadora que associa microrganismos com propriedades multifuncionais (Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens) com potencial para aumentar, em média, em 22% a produção das pastagens com braquiárias, além de ampliar a absorção de nutrientes pelas plantas. De acordo com os pesquisadores da Embrapa Mariangela Hungria e Marco Antonio Nogueira, além de incrementar a produção de biomassa pelas forragens, a inoculação com microrganismos incrementa a absorção de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). “O desenvolvimento dessa tecnologia de inoculação multifuncional para pastagens reforça a liderança brasileira no uso de microrganismos na agricultura”, afirma Hungria ao ressaltar que a conquista também representa o compromisso com o desenvolvimento de sistemas produtivos e sustentáveis.
Esse inoculante multifuncional já está disponível para os produtores, por intermédio de uma parceria público-privada entre a Embrapa e a empresa Biotrop, que está lançando o pacote tecnológico denominado PASTOMAX. O pacote é composto de um kit com três produtos: PASTOMAX PK (Pseudomonas fluorescens); PASTOMAX N (Azospirillum brasilense) e PASTOMAX Protege (aditivo protetor, visando a proteção das bactérias contra dessecação e raios solares).
Para Jonas Hipólito, diretor de Marketing e Estratégia da Biotrop, o desenvolvimento do produto em conjunto com a Embrapa reforça o compromisso da empresa em buscar soluções inovadoras, de claro retorno sobre o investimento para seus clientes. “A Biotrop fomenta parcerias público-privadas, como a estabelecida com a Embrapa, por entender que a pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologias possibilitam a rápida disponibilização de novas soluções voltadas à produtividade agropecuária, que tornam o campo mais sustentável e rentável, que é o objetivo de nossa empresa.”
As pesquisas da Embrapa Soja com braquiárias completaram uma década. Na última etapa, foram conduzidos ensaios por quatro safras, em duas condições de solo e clima distintos, com inoculação via sementes e, também, em aplicação foliar em pastagens já estabelecidas. No caso da bactéria Azospirillum, os principais processos microbianos envolvidos são a síntese de fitormônios, promovendo o crescimento das raízes em até três vezes; e a fixação biológica do nitrogênio. A inoculação com essas bactérias via sementes ou via foliar em pastagens estabelecidas resultou, além do incremento na biomassa, em aumento médio de 13% na concentração de N e de 10% na de K.
Por sua vez, a Pseudomonas contribui com um conjunto de processos bioquímicos (que incluem a solubilização de fosfatos, a síntese do fitormônio AIA e de uma enzima reguladora da produção de etileno). Nesse caso, a inoculação via sementes ou foliar resultou em incremento, na biomassa, de 11% no potássio (K) e de 30% no fósforo (P). Vale destacar que o desenvolvimento da tecnologia procurou viabilizar o sinergismo entre os microrganismos e permite a aplicação tanto na fase de estabelecimento de pastagens, quanto em pastagens já estabelecidas. Portanto, é uma conquista para atender também a uma demanda dos produtores que precisam melhorar as pastagens já estabelecidas”, comemora a pesquisadora.
No Brasil, 180 milhões de hectares são ocupados por pastagens, sendo 120 milhões com pastagens cultivadas, 86 milhões com braquiárias. De acordo com levantamento da Embrapa, cerca de 70% das pastagens brasileiras encontram-se em algum estágio de degradação, produzindo abaixo de seu potencial. “Portanto, não é o momento de diminuir o uso de fertilizantes, mas sim de usar o potencial dos microrganismos para incrementar a eficiência de uso desses fertilizantes”, destaca Nogueira. Como uma grande contribuição dessas bactérias ocorre pela promoção do crescimento das raízes, as plantas absorvem mais água e nutrientes, aproveitando melhor os fertilizantes. “Hoje o Brasil importa, aproximadamente, 80% do N-P-K que consome, de modo que o aumento na eficiência de uso dos fertilizantes promove grande impacto”, ressalta Nogueira.
No caso do Azospirillum, o processo de fixação biológica do nitrogênio também resulta em aporte desse nutriente. Os estudos conduzidos pela Embrapa mostram que, em média, a inoculação com Azospirillum foi equivalente a uma aplicação de 40 kg/ha de N. Do ponto de vista ambiental, Mariangela afirma que, ao se considerar que o uso de 1 kg de nitrogênio fertilizante leva à emissão de, aproximadamente, 10 kg de CO2-equivalentes (CO2-eq), a inoculação contribui para a mitigação de cerca 400 kg/ha de CO2-eq. “Além disso, com o incremento médio na biomassa de forragem de 440 kg/ha, e o valor de referência de 443 g de C/kg de braquiária, a estimativa de sequestro de carbono é de 195 kg de C/ha, ou 710 kg de CO2-eq/ha. Isso poderá, inclusive, ser usado no mercado nacional e internacional de créditos de carbono”, enfatiza.
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