Iniciativa de pesquisa do Projeto Colmeia Viva reforça a importância da relação mais produtiva entre agricultura e apicultura

O Mapeamento de Abelhas Participativo (MAP) é uma iniciativa de pesquisa para entender os fatores que contribuem para a perda de abelhas no Estado de São Paulo

11.10.2016 | 20:59 (UTC -3)
Carolina Denardi

Com a participação da Unesp e UFScar, a pesquisa conta com um canal exclusivo 0800 771 8000 voltado para agricultores, apicultores (criador de abelhas com ferrão) e meliponicultores (criador de abelhas sem ferrão). O resultado prévio da pesquisa aponta para a mortalidade de abelhas criadas (manejadas) para fins comerciais, pertencentes ao segmento econômico. Segundo os pesquisadores do projeto, os dados obtidos também podem gerar subsídios para a conservação de abelhas presentes na natureza.

Resultado prévio da pesquisa

Foram atendidos casos de mortalidade de abelhas e não foram observados sintomas característicos da Síndrome do Desaparecimento das Abelhas (CCD), como colmeia desorganizada, com sujeira e completamente abandonada ou declínio da população de abelhas, sem a presença de abelhas mortas, mas com diminuição da população, inviabilizando a sobrevivência da colmeia.

A pesquisa considera uma avaliação mais direta da aplicação de defensivos agrícolas, já que as análises das amostras de abelhas são realizadas por laboratório reconhecido pelo Inmetro capaz de identificar resíduos de vários tipos de defensivos agrícolas em uma mesma análise.

A amostragem feita pela equipe de campo garante a uniformidade das amostras para todos os atendimentos, fator indispensável para o projeto de pesquisa. Além disso, equipamentos adequados para coleta e congelamento rápido das amostras garantem a preservação e reduzem o risco de contaminação, aumentando a confiabilidade dos resultados e, por consequência, de todo o projeto. O laboratório utiliza uma lista de ingredientes ativos, distribuídos em grupos químicos, para análise. Trata-se dos defensivos agrícolas disponíveis no método e mais estudados no mundo na relação entre a agricultura e as abelhas.

Do total da amostra analisada, 30% não apresentam resíduos de defensivos agrícolas. Já 70% dos casos analisados apresentam resíduos de defensivos agrícolas com indicação de uso incorreto desses defensivos, apresentando dosagens acima das recomendações indicadas em rótulo e bula, falta do cumprimento das exigências legais para a aplicação de defensivos agrícolas com vistas à proteção ao cultivo nas modalidades aprovadas (aérea ou terrestre), emprego incorreto da modalidade de aplicação sem a autorização ou registro de produtos para cultura agrícola e até outros usos dos produtos sem relação direta com atividade agrícola.

Neste sentido, é imprescindível observar as técnicas de manejo utilizadas pelos criadores de abelhas que perderam suas colônias para desenvolver propostas de ação para remediação da mortalidade de abelhas. Não há relatos de práticas de proteção que permitam a mitigação dos riscos. O projeto deve ampliar as informações coletadas em campo com mais detalhamento dos cultivos de entorno e das floradas, além de buscar informações sobre o manejo apícola.

Próximos passos:

Sensibilização de agricultores e criadores de abelhas para participação.

Fortalecer a abrangência e divulgação do projeto no Estado de São Paulo, uma vez que a iniciativa dará origem a um Plano de Ação Nacional voltado às boas práticas de aplicação dos defensivos agrícolas para uma relação mais produtiva entre apicultura e agricultura. Para isso, torna-se necessário que o projeto tenha mais tempo de pesquisa para avaliação e estudos de mais casos.

O desafio do projeto é sensibilizar a participação de agricultores e criadores de abelhas com a busca constante de todas as formas viáveis de divulgação, entre elas o envolvimento das entidades agrícolas e apícolas. Ainda assim, as áreas de vendas das associadas estão numa força tarefa para divulgar o projeto em toda a cadeia produtiva do setor, incluindo revendas e distribuidores.

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