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Nos últimos anos tem aumentado a quantidade de nitrogênio aplicado nas lavouras de grãos, principalmente em função da capitalização do produtor e da divulgação de supostos ganhos com o maior investimento em fertilizantes. Levantar a discussão sobre vantagens e limites da adubação nitrogenada na cultura do trigo será um dos temas no Fórum Nacional do Trigo, que acontece em Chapecó, SC, dias 6 e 7 de maio. A promoção é da Cooperalfa e da Embrapa Trigo.
O nitrogênio (N) é o nutriente absorvido em maiores quantidades pelas plantas, atuando na fotossíntese e na formação de proteínas nos grãos. No trigo, o nitrogênio tem estreita relação com o potencial produtivo, ou seja, está comprovado pela pesquisa que o investimento em adubação nitrogenada pode resultar em maior rendimento de grãos. Na recomendação do Manual de Adubação e de Calagem do RS e SC o indicado é dividir a adubação nitrogenada em duas partes: 15 a 20 kg de N/ha (quilos de nitrogênio por hectare) na linha de semeadura; e o restante em cobertura no afilhamento/alongamento. “Estas são as duas fases em que a planta demanda mais energia, na formação da área foliar e no enchimento dos grãos”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo Fabiano Daniel De Bona, lembrando que não há uma medida exata: “Para saber o quanto deve ser aplicado na lavoura é preciso fazer análise de solo, avaliando a cultura antecessora e a expectativa de rendimento que está se buscando”. Estudos da Embrapa Trigo indicam que o limite econômico para N em trigo está entre 80 e 100 kg de N/ha, quando, geralmente, a adubação já não impacta mais no rendimento de grãos de forma a assegurar o investimento.
Qualidade e N
Na relação entre qualidade e nitrogênio, ainda há muita divergência entre os obtentores (empresas que desenvolvem as cultivares). Evidências em experimentos da pesquisa sugerem que ao se aportar N ao solo na forma de fertilizante, em qualquer estádio da planta, a força de glúten (W) aumenta levemente, em razão de pequeno aumento do teor de proteínas (glutenina e gliadina) no grão. “O desafio é fazer com que o grão apresente maiores teores destes componentes como consequência da aplicação de N ao solo e, internamente, induzir a planta a converter esse N em compostos que melhorem a capacidade de panificação da farinha”, alerta a pesquisadora da Embrapa Trigo Eliana Guarienti, esclarecendo que “não basta a planta ter acumulado muito N e formar um teor satisfatório de proteína no grão se uma parte mínima desta não for na forma de glutenina e gliadina”.
Uma prática que tem sido utilizada nas lavouras de trigo da Região Sul é a realização de uma terceira dose de N no espigamento do trigo. O objetivo do reforço na adubação nitrogenada é aumentar o teor de proteínas dos grãos, prática empregada em muitos países onde a proteína estabelece o critério de comercialização. No Brasil, o principal critério de classificação comercial do trigo é a força de glúten (W), que nem sempre apresenta relação com o teor de proteínas.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, João Leonardo Pires, trabalhos recentes realizados pela Embrapa, no RS e PR, evidenciaram não haver vantagem, em termos de força de glúten, da suplementação de N na época do espigamento em relação à aplicação no período inicial de crescimento da planta. “Para as doses mais elevadas de N pode-se optar pelo fracionamento em duas aplicações em cobertura: no início do afilhamento e, o restante, no início do alongamento. Aplicação tardia de N em cobertura, após a fase de emborrachamento, geralmente não afeta o rendimento de grãos, mas pode aumentar o teor de proteína no grão, sem que, necessariamente em todas as situações, o valor de W (força de glúten) seja alterado a tal ponto de modificar a classificação comercial do produto colhido”.
Para os pesquisadores entrevistados, mais importante do que a dose de N são as condições ambientais no momento da aplicação, como temperatura e disponibilidade de umidade no solo, entre outras. “Muitos fatores estão envolvidos com a qualidade do trigo. Às vezes, somente mudando a época de semeadura já podemos verificar variações na qualidade tecnológica. Não há insumo ou cultivar mágica. É fundamental identificar o melhor manejo para cada condição de cultivo”, conclui Pires.
Contudo, os pesquisadores reconhecem que cada região e cada cultivar pode se comportar de forma diferente, ou seja, algumas são mais responsivas ao uso intensivo de fertilizantes. “Ainda não existem subsídios suficientes para fazer a recomendação oficial por cultivar. Cada obtentor deve orientar o melhor manejo de determinada cultivar e definir o ajuste fitotécnico específico”, avalia o pesquisador da Embrapa Trigo José Pereira da Silva Junior.
Fórum Nacional do Trigo
6 e 7 de maio de 2014
Centro de Eventos AARA – Chapecó, SC
Realização: Cooperalfa e Embrapa Trigo
Inscrições: R$ 80,00 até dia 30/04, com almoço
Informações: http://www.cooperalfa.com.br/forumdotrigo2014
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