II Moderpec discute comércio do boi “em pé”

01.12.2008 | 21:59 (UTC -3)

O comércio do gado vivo, ou do “gado em pé” – como é comumente chamado – está em franco crescimento. Só no ano passado, o país vendeu, para o exterior, 431 mil animais – a maior parte do Pará. A Bahia ainda está completamente fora deste filão. O engenheiro agrônomo Daniel Pagotto, gerente geral da Wellard Group, uma das empresas que lideram o segmento no mundo, acredita que o Estado tem todo o potencial para conquistar também este mercado. Os caminhos para isso ele mostra na palestra “Oportunidades para Exportação do Gado em Pé”, no II Encontro de Produtores do Programa de Modernização da Pecuária de Corte (Moderpec). Parte da programação da Fenagro 2008, Moderpec acontece terça e quarta-feira (02 e 03/12), no Hotel Sofitel, em Salvador/BA, das 8h às 18h.

O maior cliente do Brasil hoje é a Venezuela, mas, outros mercados vêm se abrindo nos últimos anos – é o caso de Angola e também do Líbano. “Angola saiu de uma guerra de quase três décadas e agora começa a se fortalecer economicamente. Vendemos para eles animais de carne e leite para reprodução – é o caso do Nelore e do Girolando. Angola quer fortalecer e recompor o próprio rebanho com uma genética selecionada”, argumentou Pagotto.

O boi em pé atende a mercados com necessidades específicas. Na Venezuela, por exemplo, que experimentou um forte crescimento nos últimos anos, o rebanho nacional não é capaz de suprir a demanda. “O governo opta por comprar o gado vivo, pronto para o abate, pois esta é uma forma de manter em funcionamento a indústria da carne. Toda a cadeia que se forma do abatedouro até o supermercado é beneficiada”, explicou o engenheiro agrônomo, salientando que, o próximo passo é vender para Venezuela animais para reprodução. Hoje isso ainda não acontece.

Apesar de a logística ser mais difícil, pois os animais precisam ser transportados vivos, muitas vezes em navios, a demanda pelo gado em pé é grande porque o mercado absorve mais a carne resfriada do que a congelada. “Neste caso, é mais fácil transportar o animal vivo do que refrigerado, pois a carne dura no máximo 120 dias no refrigerador. O tempo de viagem somado ao tempo para desalfandegar o produto já consome muito deste prazo”, explicou o engenheiro agrônomo.

Existem outros fatores curiosos, como é o caso do Líbano. A opção do país pelo gado em pé é motivada por razões religiosas. “O libanês só come a carne se o gado for abatido de acordo com o Hallal, um ritual religioso e técnico que garante que a rês não entre em sofrimento”, explicou Pagotto.

As oportunidades são muitas. O que falta, segundo o engenheiro Pagotto, é buscar os novos mercados e também trabalhar a imagem do produto baiano. “Se o produtor paraense consegue vender seu produto lá fora, os criadores baianos também podem conseguir. É preciso também tornar a carne do gado baiano mais confiável do ponto de vista sanitário”. A pesar de o Estado ser uma área livre da Aftosa, segundo Pagotto, outros aspectos ainda depõem contra a imagem do produto. “É o abate clandestino, a falta de cuidado contra outras doenças. O produtor baiano precisa mostrar que tem condição para oferecer um produto de qualidade”, alertou.

Gabriel Gomes e Catarina Guedes

II Moderpec (Salvador)

71 3379-1777

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