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O mercado retorna à normalidade após o Ano Novo Lunar na China. Na América do Sul, chuvas recentes aliviam o cenário para Argentina e Brasil, mas temperaturas acima do normal podem afetar as safras de milho e soja.
Também no mercado, os prêmios climáticos seguem relevantes, assim como a geopolítica. Trump anunciou tarifas para México, Canadá e China, com adiamento de um mês para os dos dois primeiros países, reacendendo temores de guerra comercial.
A economia chinesa retomou as atividades após o Ano Novo Lunar na quarta (5), impulsionando os mercados. No cenário comercial, a China impôs tarifas de 10% a 15% sobre diversos produtos dos EUA, como petróleo bruto e gás natural, em resposta às medidas de Trump. Embora não tenha sido mencionada nova tarifa para grãos ou produtos do complexo de soja, o alerta está ligado.
De acordo com Luiz Fernando Roque, coordenador de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets, “o impasse entre China e EUA pode escalar, lembrando 2018, quando tarifas sobre a soja impactaram fortemente as exportações dos EUA em 2018/19 e 2019/20, resultando em estoques recordes e queda nos preços. O Brasil se beneficiou com o maior volume de compra pelos chineses, aumentando as exportações brasileiras e preços internos”.
Se as tensões comerciais entre EUA e China aumentarem e a soja norte-americana for novamente tarifada, o mercado pode enfrentar um cenário semelhante ao de 2018/19 e 2019/20. Isso exige atenção dos players, pois pode impactar exportações e preços. O USDA projeta que os EUA exportarão 49,7 milhões de toneladas de soja em 2024/25, com estoques finais de 10,3 milhões de toneladas.
“A China está tentando vender 600 mil toneladas de trigo compradas da Austrália e do Canadá, sendo que 240 mil já foram embarcadas. O governo chinês busca vender ou adiar a entrega do restante, tendo já postergado remessas da Austrália previstas para janeiro e fevereiro, sem novas entregas esperadas para março. Isso pode indicar uma menor demanda, devido a uma boa safra de milho, ou a expectativa de preços mais baixos no mercado à vista, possibilitando recompras futuras”, observa Ignacio Espinola, analista sênior de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Market.
O país representa 6% das importações globais de trigo e costuma ser ativo no primeiro trimestre, quando a Austrália vende sua safra. Em 2024, a China importou 1,7 milhão de toneladas de trigo australiano e 923 mil do Canadá, abaixo dos volumes de 2023. Esse movimento pode se repetir com outros produtos, como milho e soja, exigindo atenção do mercado.
A Argentina recebeu chuvas importantes, especialmente no oeste de Buenos Aires, mas elas chegaram tarde para algumas lavouras de milho, onde os danos da seca são irreversíveis. Analistas reduziram a estimativa da safra de milho para 47 milhões de toneladas, 4 milhões a menos que a projeção do USDA.
“Para a soja, as previsões também caíram para 48 milhões de toneladas, abaixo dos 52 milhões estimados no último WASDE.
Por outro lado, o governo reduziu impostos de exportação, de 33% para 26% na soja e de 12% para 9,5% no milho, o que pode melhorar as margens dos produtores e estimular as vendas. O impacto dessa medida ainda é incerto”, indica Ignacio.
“A colheita da soja e o plantio da “safrinha” de milho no Brasil avançam, mas ainda com atrasos devido ao plantio tardio da soja em 2024, especialmente no Centro-Oeste e Sudeste. O clima será determinante nas próximas semanas: os mapas climáticos apontam chuvas moderadas na faixa central do país, entre 5 e 13 de fevereiro, favorecendo os trabalhos de colheita e plantio”, destaca Luiz.
No período entre os dias 13 e 21 de fevereiro, a umidade deve aumentar em todo o país, o que deve ser favorável às lavouras semeadas mais tardiamente, mas desfavorável ao avanço dos trabalhos.
O Mato Grosso se destaca com produtividades recordes, podendo elevar a estimativa de 170,7 milhões de toneladas para o país projetada pela Hedgepoint. Já no Rio Grande do Sul, a seca e o calor seguem prejudicando as lavouras, exigindo possíveis revisões para baixo.
“Para o milho, o potencial produtivo da “safrinha” ainda é incerto, mas o plantio pode acelerar a partir da segunda quinzena de fevereiro, caso o clima seja favorável”, pondera.
Nas últimas três semanas, os fundos mantiveram uma posição neutra na soja, refletindo a incerteza climática no Brasil e na Argentina, em níveis não vistos desde novembro de 2023.
Para o milho, a visão do mercado é altista, com os fundos aumentando suas posições compradas para 208 mil contratos, a maior desde fevereiro de 2023.
“O foco permanece na Argentina, onde chuvas recentes aliviam a seca, e no Sul do Brasil, onde o prêmio climático seguirá relevante. Além disso, as ameaças de tarifas de Trump geram incertezas para traders e o mercado”, conclui Ignacio.
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