Guia oferece orientações de transparência para traders ganharem confiança de mercados sobre a origem da soja brasileira

Divulgação de informações é fator de competividade para a agroindústria

27.07.2022 | 14:36 (UTC -3)
The Nature Conservancy - TNC
Divulgação de informações é fator de competividade para a agroindústria. - Foto: Wenderson Araujo/CNA
Divulgação de informações é fator de competividade para a agroindústria. - Foto: Wenderson Araujo/CNA

Produção agropecuária livre de desmatamento e com respeito aos direitos humanos não é apenas uma boa prática e um diferencial entre produtores, traders e empresas. Cada vez mais, investidores, mercados importadores e consumidores exigem informações sobre o processo de produção e de comercialização desses produtos, tornando a transparência obrigatória para a sobrevivência dos negócios.

A União Europeia, por exemplo, está avançando em legislação que deverá proibir a importação de soja e de outras commodities agrícolas que tenham origem em áreas desmatadas ou de conversão da vegetação nativa. Do outro lado do Canal da Mancha, o Reino Unido discute legislação para frear o desmatamento ilegal nas suas importações de grãos, enquanto o parceiro comercial mais importante do país, a China, começa a estudar medidas parecidas.

Para auxiliar às empresas comercializadoras de soja brasileira a atender essas novas realidades, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal (Imaflora) e a The Nature Conservancy (TNC) elaboraram um guia que traz uma proposta de roteiro para a produção de relatórios de progresso sobre soja livre de desmatamento em dois dos principais biomas do país: Cerrado e Amazônia. As duas organizações também lançarão esse guia para o Chaco em 2023.

Transparência

O coordenador de projetos sênior do Imaflora, Lisandro Inakake, explica que a diversidade de metodologias e indicadores atualmente utilizados nos relatórios de progresso são insuficientes para compreender os impactos ambientais e sociais associados à soja. Além disso, nas informações atualmente apresentadas pelas empresas é difícil acompanhar a evolução na implementação de seus compromissos socioambientais. O objetivo do guia é compilar as informações e boas práticas de forma a facilitar a criação dos relatórios e dar mais transparência aos processos do cultivo à comercialização final.

“Esse roteiro oferece às traders e demais empresas do setor um parâmetro de comunicação e transparência sobre a soja originada na Amazônia e no Cerrado brasileiros e, na outra ponta da cadeia agroindustrial, permitirá que os compradores do grão e demais partes interessadas compreendam a performance e a evolução dos compromissos das empresas em relação à eliminação do desmatamento e conversão da vegetação nativa e ao respeito aos direitos humanos no processo de originação da soja”, afirma Inakake.

A gerente global da Estratégia Zero Conversão da TNC, Melissa Brito, ressalta que o guia vai preencher lacunas de informações básicas que, muitas vezes, não constam de relatórios de progresso - como data de referência, fornecedores indiretos e alcance geográfico. Além disso, poderá ajudar as empresas a se posicionarem, formarem parcerias e a identificarem oportunidades comerciais, ao demostrarem progresso objetivo e melhorias contínuas no cumprimento de seus compromissos de zero desmatamento.

“Empresas compradoras, as chamadas downstream, estão procurando formas de serem proativas e parceiras na transição de produção de zero desmatamento e com respeito aos direitos humanos. O roteiro cobre exatamente as informações que buscam, de maneira objetiva, para que possam auxiliar as traders que reconhecem e divulgam onde há dificuldades em acelerar seus respectivos progressos, assim como premiar os que realmente estão progredindo,” detalha Brito.

“Não duvido que as empresas downstream passem a exigir relatórios de progresso coerentes com o guia e a oferecerem, inclusive, condições mais favoráveis de compras. É que também assumiram compromissos de eliminar o desmatamento e violações de direitos humanos nas suas cadeias de valor. O roteiro oferece uma régua objetiva e com base nas dinâmicas de comercialização para captar progresso ano a ano” -- adiciona Brito.

Roteiro

O guia está dividido em quatro partes. A primeira oferece orientações gerais sobre a divulgação das informações. A segunda solicita informações relativas à organização que está elaborando o relatório de progresso. A terceira parte é a mais importante. É nela que se apresentam os indicadores para mensurar os avanços concretos nas áreas de onde uma trader origina a soja (própria e de fornecedores), em termos de eliminação do desmatamento e com base no respeito aos direitos humanos. Na quarta parte estão listados termos e definições utilizados neste documento de forma a facilitar a compreensão dos requisitos e indicadores propostos.

O lançamento do guia ocorreu nesta quarta-feira, 27 de julho, durante o webinar “Soja sem desmatamento e com respeito aos direitos humanos”. Quem perdeu a transmissão pode acessá-la pelo Youtube. Já o roteiro completo está disponível neste link.

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