Pesquisa do Fundecitrus identifica períodos de maior suscetibilidade dos frutos à pinta preta
Pesquisa também envolve quantificação do fungo no pomar e efeito dos fungicidas ao longo dos diferentes meses de desenvolvimento dos frutos
O biênio 2019/2020, que celebrou os 20 anos da retomada da cotonicultura do Brasil, que coincidem com a fundação da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com a conquista do segundo lugar no pódio dos maiores exportadores mundiais, e com uma safra recorde de três milhões de toneladas, foi também o da pandemia da Covid-19, da redução do consumo mundial da pluma de 26 milhões para 24 milhões de toneladas, e da preocupação com a falta de chuvas, às vésperas do plantio da safra 2020/2021. Estes foram alguns dos destaques na coletiva de imprensa da Abrapa, realizada virtualmente, na terça-feira (08/12), para marcar o final da gestão da diretoria presidida por Milton Garbugio (MT), e o início da nova administração, em janeiro, liderada por Júlio Cézar Busato (BA).
“Foi um biênio de grandes conquistas. Consolidamos o nosso movimento Sou de Algodão, que hoje já congrega 400 marcas parceiras, e abrimos o nosso escritório de representação em Singapura, como parte de uma ação estratégica de marketing internacional, em parceria com a Apex-Brasil, o projeto Cotton Brazil. Nos posicionamos como o maior produtor mundial de fibra licenciada pela BCI, com 36% de participação no montante global, e ainda estendemos o nosso programa Algodão Brasileiro Responsável – ABR– para as Unidades de Beneficiamento de Algodão (UBA), o elo que faltava para tornar potencialmente possível rastrear uma peça de roupa, desde o ponto de venda até a lavoura”, enumera Milton Garbugio.
Na linha mais técnica, Garbugio celebrou também o maior índice de confiabilidade alcançado pelo programa Standard Brasil HVI – SBRHVI–, que parametrizou e padronizou as análises de algodão por instrumentos, o que considera um fator decisivo para a credibilidade e fortalecimento de imagem do algodão brasileiro ante o mercado. “Todas estas entregas são uma continuidade dentro do conceito maior, que fundamenta a Abrapa desde a sua criação, e que dividimos em quatro compromissos: qualidade, rastreabilidade, sustentabilidade e promoção”, explica.
De acordo com Milton Garbugio, os efeitos da pandemia na cotonicultura brasileira serão mais sentidos na próxima safra, que começa a ser plantada em dezembro. “Nossas lavouras já estavam instaladas e a cultura, em desenvolvimento, não havendo consequências para a atividade produtiva no período.
“Após a colheita, os efeitos da Covid-19 ficaram notáveis, principalmente, no escoamento da safra para o mercado externo. Isso porque a queda no consumo no ponto de venda, em todo o mundo, teve impacto na indústria internacional, majoritariamente concentrada na Ásia. Houve casos de grandes marcas quebrando contratos com as indústrias, e, muitas destas, postergando a compra de insumos como o algodão. Por conta disso, os embarques foram alongados, o que, em uma situação de super safra, gera estoques de passagem maiores deste para o próximo ano. Ainda assim, batemos vários recordes de exportação”, rememora Garbugio.
O presidente ressaltou que, dos quase três milhões de toneladas produzidas, em torno de 550 mil toneladas ficam no país para abastecer a indústria nacional, e o restante é exportado. O país plantou 1,6 milhão de hectares de algodão, na safra 2019/2020, com produtividade de 1,8 mil quilos de pluma por hectare.
Os números para a safra 2020/2021 ainda são preliminares, mas estarão consolidados na próxima reunião da Câmara Setorial do Algodão e Derivados, no próximo dia 16 de dezembro. O atraso nas chuvas no início da safra de soja, principalmente, no estado do Mato Grosso, é um fator de preocupação. “Isso porque 90% do algodão no Mato Grosso é de segunda safra. Ele é plantado simultaneamente à colheita da soja. O atraso no plantio da oleaginosa comprime a janela do algodão Mato Grosso. Apesar desse déficit de chuva no começo do ciclo, as previsões para este ano são de clima favorável, durante o desenvolvimento das lavouras, para a região Centro Norte do Brasil e ainda duvidosas para a Centro Sul, pela influência do fenômeno meteorológico la niña.”, afirmou.
De acordo com Júlio Busato, apesar do impacto de uma pandemia inédita ter obrigado o setor a rever planos e ajustar operações, a gestão 2019/2020 teve o mérito de avançar em vários aspectos e entregar números relevantes e projetos inovadores. “Dar continuidade ao trabalho da diretoria que nos antecedeu, e, se possível, ir além, será um desafio e tanto”, afirmou.
Qualidade, rastreabilidade, sustentabilidade e promoção do algodão brasileiro, segundo Busato, continuarão sendo o foco, “para fortalecer a credibilidade da fibra nacional, o que vai nos permitir conquistar e manter mercados, principalmente, lá fora”, disse. Júlio Busato cita o projeto Cotton Brazil e o movimento Sou de Algodão como cruciais nesta missão. “Interna e externamente, nossa missão é mostrar para cada vez mais pessoas como produzimos, quem somos, o que pensamos e fazemos, transformando o know how, que adquirimos ao longo desses 20 anos, em valor para a nossa pluma”, concluiu.
Júlio Cézar Busato nasceu em Casca, no Rio Grande do Sul, há 59 anos. É descendente de uma longa linhagem de agricultores, o que inspirou sua formação de Engenheiro Agronômo, graduado pela Universidade de Passo Fundo/RS. Em 1987, mudou-se para a Bahia onde, com a família, fundou a Fazenda Busato/Grupo Busato, que produz, além do algodão, soja e milho, nos municípios de São Desidério, Serra do Ramalho e Jaborandi. É uma liderança de classe atuante e reconhecida no Brasil: foi presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), do Programa de Desenvolvimento do Agronegócio (Prodeagro) e do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão (Fundeagro). Desde 2011, quando começou a se dedicar à representação de classe, teve e tem assento em diversos fóruns, conselhos e câmaras do setor agrícola. Dentre estes, foi vice-presidente do Instituto Pensar Agro (IPA), preside a Câmara Temática de Insumos Agropecuários (CTIA/Mapa), e, a partir de 01 de janeiro de 2021, presidirá a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), da qual é vice-presidente, para o biênio 2021/2022.
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