Governo do Paraná firma parceria com a Integrada Cooperativa para combate ao greening

A cooperativa tem investido em novos pomares na sua área de atuação

15.08.2024 | 14:32 (UTC -3)
Secretaria de Agricultura, edição Revista Cultivar
Foto: divulgação
Foto: divulgação

Com foco em reforçar o combate ao greening na região Norte do Paraná, o Governo do Estado acaba de firmar uma nova parceria com a Integrada Cooperativa Agroindustrial, que  tem investido em novos pomares na sua área de atuação. Uma reunião entre o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Natalino Avance de Souza, e com o presidente da cooperativa, Jorge Hashimoto, realizada nesta semana, fortaleceu o compromisso. 

“Essa é uma doença possível de controlar com a parceria entre o poder público, entidades representativas do setor, produtores e industriais”, disse Souza. “O Norte do Estado tem espaço para crescer na citricultura, o nosso desejo é impulsionar isso, mas precisamos unir as forças no combate ao greening e a Integrada figura como a grande parceira”, acrescentou. 

O secretário reforçou a necessidade de os municípios também aderirem ao esforço de controle da doença em razão da importância econômica e social da cultura no Estado, visto que gera muitos empregos em toda a cadeia produtiva. “Precisamos entender que se não combatermos essa doença de forma correta todos perdem”, afirmou.

O presidente da cooperativa referendou a parceria, que pode auxiliar os cooperados a defender suas lavouras. A Integrada possui uma indústria de sucos de laranja e está prestes a iniciar o plantio de laranjas em mais 550 hectares na região de Cornélio Procópio. “Ficamos muito satisfeitos com esta reunião e somos os maiores interessados, pois temos uma indústria e mais de 100 produtores com pomares sofrendo com o greening”, disse. “Temos de fazer algo muito forte. Nós vamos travar essa batalha para vencer”, complementou.

Desafios de combate ao greening

Foto: Adapar
Foto: Adapar

Ainda não há cura conhecida para o greening. O trabalho preventivo é realizado com pulverizações corretas tanto em termos de manejo quanto na opção pelo produto mais eficaz.

“Nosso foco está em conscientização, fiscalização e reforço do trabalho no campo, visto que a atuação precisa ser coletiva, pois o inseto pode transitar por várias propriedades”, disse o chefe do Departamento de Sanidade Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Renato Rezende Blood Young.

Segundo ele, o trabalho que tem sido feito no Noroeste do Estado, também visando ao enfrentamento do greening, está tendo sucesso em razão da união articulada pelo Estado com a iniciativa privada e algumas administrações municipais.

O corte das árvores infectadas em ambiente urbano, em áreas no entorno dos pomares comerciais e dentro delas, uma das estratégias para preservar a produção, tem o apoio primordial do setor produtivo e industrial. “É um trabalho amigável e tranquilo na grande maioria das vezes”, acentuou.

Situação de emergência

No Brasil, a bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus (CLas) é o principal agente causal. A doença afeta plantas de praticamente todas as espécies cítricas, além da murta, muito utilizada como planta ornamental, e é transmitida pelo psilídeo asiático dos citros Diaphorina citri.

Há mais de um ano a Adapar tem feito trabalho de controle, principalmente no Noroeste e Norte, regiões que concentram grande parte da produção de citros e onde está a maioria dos cerca de 160 municípios paranaenses em que a doença já foi detectada.

Foto: Adapar
Foto: Adapar

Como auxílio no controle, o Paraná está sob decreto de situação de emergência fitossanitária para a doença. O decreto possibilita maior mobilidade e ação mais rápida e efetiva, entre elas a eliminação imediata de qualquer planta que tenha o sintoma, incluindo a murta, espécie ornamental da qual o psilídeo também se alimenta. Há necessidade ainda de controlar de forma eficiente o inseto vetor que, ao se alimentar da planta doente e ir para uma sadia, transmite a bactéria.

Outra recomendação é o uso de mudas adquiridas de fornecedores autorizados e nunca de vendedores ambulantes. As autoridades de fiscalização têm agido fortemente para banir esse tipo de comércio ilegal.

O controle do psilídeo pode ser feito igualmente pelo sistema biológico, com a Tamarixia radiata, uma vespa desenvolvida pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - Iapar-Emater (IDR-Paraná). Desde 2016 foram lançadas milhares no Estado em áreas marginais às propriedades comerciais.

No campo, as Tamarixia buscam os ninhos da Diaphorina citri para se reproduzir. Depositam seus ovos embaixo das ninfas (forma jovem), que servirão de alimento para as larvas. Cada vespinha pode eliminar até 500 psilídeos. Com isso promovem a redução no número dos vetores e da incidência da doença. O uso desse componente biológico, que é uma alternativa complementar de combate ao greening, também implica em menor aplicação de inseticida.

O HLB provoca queda prematura dos frutos, que resulta em redução da produção e pode levar à morte precoce. Além disso, os frutos ficam menores, deformados, podendo apresentar sementes abortadas, açúcares reduzidos e acidez elevada, o que deprecia o seu sabor, diminuindo a qualidade e o valor comercial, tanto para consumo in natura como para processamento industrial.

Os principais sintomas da doença instalada são folhas com coloração amarela pálida, com áreas de cor verde, formando manchas irregulares (mosqueadas).

Produção paranaense de citros 

De acordo com o engenheiro agrônomo Paulo Andrade, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Seab, a citricultura é o ramo mais representativo na fruticultura paranaense. Dados preliminares do Valor Bruto de Produção (VBP) de 2023 apontam que os principais citros – laranjas, tangerinas e limões – foram cultivados em 29,3 mil hectares no Estado. A laranja é o destaque, com 20,8 mil hectares, seguida da tangerina (7,1 mil hectares) e limão (1,3 mil hectares).

Os citros tiveram produção de 860,6 mil toneladas em 2023 – 731,5 mil de laranjas, 94,3 mil de tangerinas e 34,6 mil toneladas de limões. Em rendimento monetário, a laranja foi responsável por R$ 751,8 milhões, as tangerinas tiveram VBP de R$ 177,2 milhões, enquanto os limões foram valorados em R$ 55,8 milhões.

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