Giro tecnológico de soja e forrageiras marca primeiro dia de Showtec em MS

02.02.2011 | 21:59 (UTC -3)

O primeiro dia do Showtec 2011 em Maracaju/MS foi movimentado. O Giro Tecnológico começou pelas cultivares de soja, desenvolvidas pela parceria Embrapa e Fundação Meridional, para a safra 2010/2011. O resultado são materiais apropriados a cada situação das regiões Sul e Centro do país, incluindo os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais.

 

Agregar características de interesse do produtor, visando ganhos sejam biológicos, econômicos e sociais, é com esse foco que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e Meridional atuam. Na escolha da cultivar leva-se em consideração a área de indicação, o ciclo, a resistência a doenças, a época e densidades de semeadura e as condições do solo.

 

Para esta safra, o lançamento das transgênicas 295RR e 316RR desenha o calendário agrícola. A 295RR destaca-se pela precocidade, com plantio a partir de 15 de outubro, ótima opção para a sucessão com o milho safrinha e resistência ao nematóide de cisto. A 316RR, por sua vez, além do alto potencial produtivo, é resistente a duas espécies de nematóides, galha incógnita e javanica, e a podridão radicular de fitóftora.

 

No campo das convencionais, a BRS 317 chega ao mercado com o diferencial de alta produtividade aliada à estabilidade. Essa semiprecoce é uma das melhores nesses quesitos dentro da rede de ensaios da Embrapa com cultivares convencionais, menciona o pesquisador Carlos Lásaro, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS), especialista em genética e melhoramento vegetal. Lásaro ressalta que “todas as cultivares da Empresa são resistentes a três doenças: cancro da haste, pústula bacteriana e mancha olho-de-rã”.

 

Nematóides – há mais de 15 anos com estudos na área, o nematologista da Embrapa, Guilherme Asmus, foi enfático ao afirmar que a população de nematóides, vermes que atacam diversos grãos, é consideravelmente reduzida com a adoção de rotação de culturas como principal estratégia. O plantio de cultivares resistentes, conforme o pesquisador, é outro método recomendado.

 

Em Mato Grosso do Sul, as pesquisas apontam o avanço do nematóide reniforme da soja, principalmente, entre os anos de 2001 e 2005, responsável por reduzir o porte da planta, com crescimento irregular da mesma. O reniforme, de acordo com Asmus, é de difícil identificação e apresenta-se, com frequência, em solos argilosos e monocultivos, alimentando-se da raiz da soja. “Os experimentos provaram que em sistemas, como Integração-Lavoura-Pecuária, a população de nematóide é mais baixa, ou seja, rotacionar é uma solução”, sugere o cientista.

 

Em Dourados, o Laboratório de Solos da Embrapa está à disposição dos produtores para análise de solo e identificação dessa praga.

 

ILP – A Integração Lavoura-Pecuária (ILP) não é uma boa saída somente para o controle de reniforme. O Sistema eleva a estabilidade de renda do produtor, melhora as condições físicas do solo e recupera a sua fertilidade, preserva o meio ambiente, reduz custos e produz pasto, forragem conservada e grãos para terminação de novilhos na estação seca. A escolha das forrageiras utilizadas no ILP é um dos fatores de sucesso do Sistema.

 

Pesquisador da Embrapa em Campo Grande-MS, Ademir Zimmer, explica que “todas as forrageiras podem ser adotadas na Integração, vai depender do objetivo de cada produtor”. As braquiárias, como o capim-piatã, são mais eficientes para àqueles que desejam pasto por período curto. Pastos de melhor qualidade são obtidos com essa braquiária, com soja na safra e milho na safrinha. A quantidade de carne produzida pelo Piatã é maior superando a desvantagem do custo de dessecação, revela o zootecnista, especialista em transferência de tecnologia da Gado de Corte, Haroldo Pires Queiroz.

 

Para engorda de bois, o forragicultor Zimmer, aconselha os panicuns Tanzânia e Mombaça, pois “essas pastagens possuem valor nutritivo superior e maior produção de folhas por hectare. “São capins mais produtivos e com mais qualidade para o gado”, afirma.

 

Milho com braquiária – O consórcio milho safrinha com braquiária consolidou-se como tecnologia para obtenção de palha e pasto no outono-inverno e perfeitamente aplicável no Sistema ILP. O engenheiro agrônomo da Empresa, Gessi Ceccon, estuda o consórcio desde 2005, na Embrapa Agropecuária Oeste, e os resultados alcançados demonstram grandes benefícios para os produtores, com destaque para a continuidade do crescimento da braquiária depois da colheita do milho, protegendo o solo e produzinho massa verde. “Além do mais, o retorno econômico é de 10 a 20% superior ao milho solteiro”, completa o pesquisador Ceccon.

 

Uma indicação prática do fitotecnista Gessi é utilizar a mesma plantadeira para a semeadura de soja no milho, mudando somente os discos da plantadeira, “uma linha de milho e outra de braquiária”. O valor cultural da semente e o número de furos no disco determinam a população da forrageira.

 

Dalízia Aguiar

Embrapa Gado de Corte – Campo Grande/MS

dalizia@cnpgc.embrapa.br

(67) 3368-2144

 

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