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Um debate e o lançamento de um livro marcaram o seminário de encerramento das ações do Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação para Sustentabilidade no Setor Sucroenergético (Nagise), na região Centro Oeste. No evento, realizado na sede da Embrapa Agroenergia, em Brasília/DF, o coordenador da iniciativa, Sérgio Salles, mostrou que as usinas de cana-de-açúcar ainda têm muito a avançar quando o assunto é inovação.
Durante os três ciclos de capacitação promovidos pelo Nagise – um em Limeira/SP, um em Brasília/DF e outro em Recife/PE – foram feitos diagnósticos da inovação com base nos dados do grupo de empresas participantes que, juntas, respondem por 30% da produção de etanol do Brasil. O estudo apontou que a atividade de pesquisa e desenvolvimento recebe baixa atenção. As inovações tecnológicas concentram-se na aquisição de máquinas e equipamentos, o que não é diferente da média da indústria nacional. Apesar disso, foi observada uma aproximação entre as usinas e centros de pesquisa.
Quanto aos indicadores de propriedade intelectual, Salles considera razoável o número de pedidos de proteção no Brasil, mas muito poucos são depositados no exterior. A maior parte das proteções é para marcas e chama atenção a concentração: de acordo com os levantamentos do projeto, 90% dos pedidos de registro de marca vêm de apenas uma empresa.
Os estudos mostraram também que há um esforço de inovação não tecnológica, em áreas como recursos humanos, processos, gestão ambiental e certificações. As duas últimas são as que recebem mais atenção, superando inclusive investimentos em inovação com foco na produtividade.
Globalização
Para o coordenador geral do Nagise, Sérgio Salles-Filho, o investimento em inovação é especialmente importante para o aumento da participação do setor no mercado internacional. “Qualquer setor que quer se tornar global tem que investir em tecnologia”, afirma a Salles-Filho, que é professor da Universidade de Campinas (Unicamp). Redução de custos, ganhos de produtividade, diversificação e preparação para a segunda geração de biocombustíveis são os principais pontos em que os níveis de investimento em inovação devem ser ampliados no setor sucroenergético, de acordo com o coordenador.
Um contraponto a esses dados de baixo investimento em inovação foi apresentado pelo consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única), Alfred Szwarc. “A posição de destaque que a indústria conseguiu se deve a investimentos em novas variedades, novas formas de cultivos, controle biológico, fermentação mais eficiente”, pontua o representante da organização.
Na opinião de Szwarc, embora os Estados Unidos sejam o maior produtor mundial de etanol e estejam se consolidando nessa posição, o Brasil se destaca quando o assunto é a aplicação do produto. “O etanol, no Brasil, não é apenas um combustível aditivo à gasolina. Ele é um combustível por si e um produto utilizado para a produção de bioplásticos, além de ser utilizado em dezenas de aplicações industriais, seja como solvente ou como componente de formulações, e até como combustível aeronáutico”, lembra.
O consultor entende que a gestão da inovação é uma área em que o Brasil como um todo engatinha. “Esse projeto (o Nagise) tem o mérito não só de identificar e organizar as informações do nosso setor, mas também é um grande experimento para outros setores”, comenta. Edgard Rocca, do Departamento de Fomento aos Institutos de Pesquisa da Agência Brasileira de Inovação (Finep), explicou que o Nagise é fruto de um projeto da instituição em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Confederação Nacional de Indústria (CNI). Ele suporta a implantação de núcleos de gestão da inovação, de modo que as empresas recebam apoio nesse tema, organizadas setorialmente. Da Finep, vieram os recursos financeiros para o Nagise.
A Embrapa Agroenergia participou ativamente das atividades do Nagise, nas três etapas de capacitação. A atuação foi coordenada pelo pesquisador José Manuel Cabral que, na época, era chefe de transferência de tecnologia do centro de pesquisa. No evento da semana passada, ele afirmou que o projeto foi um desafio para a equipe. “Estamos acostumados com a parte científica e este projeto trabalha com a parte de gestão da inovação, o que nos faz entrar em um novo mundo”.
Cabral observou que, ao longo dos programas de capacitação, algumas empresas despertaram para a importância da gestão da inovação. Mas ele ressalta que este foi só um primeiro passo e novas ações são necessárias. "Foi um primeiro projeto, mas precisamos de outros para trabalhar mais próximos às empresas", reforça.
Na Embrapa, demandas do setor levaram à criação de um portfólio de pesquisas do setor sucroenergético, que faz a gestão dos projetos com foco nesse segmento. Presidente do portfólio, o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville, apresentou as principais linhas de trabalho da Empresa na área: manejo da palhada, plantio mecanizado, estudos com irrigação, inoculação com bactérias, cultivos alternativos, microalgas e usinas flex. Ações de melhoramento genético também estão em desenvolvimento, em parceria, principalmente, com o Instituto Agronômico (IAC) e a Rede interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa).
Lançamento
Ao final do seminário, foi lançado o livro “Futuros do Bioetanol”, que discute tendências para o setor sucroenergético sob o ponto de vista de pesquisadores e profissionais em inovação. A publicação é produto do projeto Nagise.
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