Dow AgroSciences: aprovada nova tecnologia de controle de pragas de algodão
Uma comissão julgadora composta por doutores representantes de instituições do maior porte nacional no campo da ciência, como Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Centro Técnico Aeroespacial (CTA), Academia Brasileira de Letras (ABL) e Academia Brasileira de Ciências (ABC), analisou uma lista de indicações feitas por instituições de ensino e pesquisa do Brasil e selecionou o docente da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), Ernesto Paterniani, para receber Prêmio FCW 2008.
Voltada à filantropia, fomento e apoio às atividades culturais, artísticas e científicas no Brasil, a Fundação Conrado Wessel, atribui prêmio destinado a personalidade ou entidade de reconhecimento nacional nos campos da Arte, Ciência, Cultura e Medicina. Assim, Paterniani receberá o prêmio no campo da Ciência Aplicada.
Aos 81 anos, o geneticista que trabalhou toda sua vida em instituição pública, na área de Genética relacionada ao melhoramento do milho, hoje ministra muitas palestras. “Tudo que sei e aprendi foi às custas da sociedade e as palestras que dou são uma forma de devolver a ela todo o conhecimento que obtive ao longo dos anos”, revela Paterniani.
Indicado a receber o prêmio pelo diretor da ESALQ, Antonio Roque Dechen, o cientista comenta que ser escolhido pelos pares mostra um reconhecimento pelo seu trabalho. “É gratificante ser merecedor desse prêmio porque são muitos cientistas merecedores. O Brasil tem hoje uma tecnologia de maior eficiência, mesmo comparada com países do primeiro mundo e esse patamar existe em função das pesquisas realizadas por esses cientistas”, conclui.
Um de seus grandes orgulhos deve-se ao fato de ter organizado, a partir de 1952, um banco de germoplasma de milho no departamento de Genética (LGN) da ESALQ, mantido por ele por 17 anos e, coletando ali, amostras de milhos locais, indígenas no Paraguai e em vários estados brasileiros. Com a criação da Embrapa, em Brasília, esse banco foi enviado a um dos órgãos daquela instituição de pesquisa, o Centro Nacional de Recursos Genéticos.
O prêmio foi anunciado quinta-feira (19/03) e será entregue aos pesquisadores no mês de junho, em São Paulo. Nas outras categorias foram escolhidos: Ariano Suassuna (Cultura), Fúlvio Pileggi (Medicina) e Leopoldo de Meis (Ciência Geral).
Iniciou sua pesquisa com melhoramento do milho em 1951, com bolsa da Fundação Rockefeller no México, onde foi co-autor do seu primeiro trabalho cientifico publicado: Wellhausen, E.J., S. Wortman e E. Paterniani, 1955. Comparison of original and third generation sibbed seed-stock of S1 lines of corn. Agron. J. 47: 136-138. A partir de 1952, atuou como docente no Departamento de Genética da ESALQ, dedicando-se com particular intensidade ao melhoramento genético do milho, desenvolvendo novas variedades para os agricultores brasileiros. Procurou sempre associar informações básicas ao melhoramento, em especial à genética quantitativa. Desenvolveu novos métodos de seleção do milho, destacando-se a seleção entre e dentro de famílias de meios irmãos, seleção recorrente recíproca baseada em famílias de meios irmãos, seleção recorrente recíproca baseada em famílias de meios irmãos obtidas de plantas prolíficas, seleção de plantas prolíficas de milho com controle biparental. Foi responsável pela pesquisa básica “Seleção para isolamento reprodutivo entre duas populações de milho”, trabalho hoje clássico e leitura obrigatória em vários cursos internacionais de evolução, entre os quais o da Universidade da Califórnia (EUA). Na ESALQ lecionou genética, melhoramento de plantas e experimentação agrícola. Participou de inúmeras comissões e colegiados.
Exerceu atividades científicas e administrativas na ESALQ/USP, e no decorrer de sua carreira foi agraciado com diversos prêmios e distinções, dentre eles: contratado pelo Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas (IICA) para consultor da Embrapa em melhoramento de plantas para o Norte e Nordeste do Brasil; a “Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico”, da Presidência da República (1995); membro titular da Academia de Ciências para os Países em Desenvolvimento (TWAS); membro da CTNBio-Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (1996-2001); Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, da Presidência da República (2000).
Alicia Nascimento Aguiar
Esalq
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