Futuro do combate à ferrugem asiática é debatido no Congresso de Soja

Estratégias futuras passam pela integração de tecnologias e de ações de manejo

13.06.2018 | 20:59 (UTC -3)
Carina Rufino

As estratégias futuras para o combate à ferrugem asiática da soja foram discutidas em um painel realizado nesta quarta-feira, dia 13, durante o VIII Congresso Brasileiro de Soja, em Goiânia (GO). Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, Embrapa e da Basf mostram diferentes avanços tecnológicos que auxiliarão os produtores nos próximos anos, mas foram unânimes em dizer que o controle da doença só será possível integrando diferentes ferramentas e ações de manejo.

A ferrugem asiática é a doença de maior impacto na cultura da soja no Brasil. Presente em todas as regiões produtoras, se não controlada, pode causar perdas de 30 a 90% da produção. Estima-se que por ano, os produtores brasileiros gastem cerca de US$ 2,2 bilhões com aplicação de fungicidas para controlar a doença.

Atualmente o controle é feito principalmente com o uso de fungicidas, porém, devido à grande capacidade mutagênica do fungo e à sua variabilidade genética, os produtos disponíveis no mercado estão perdendo sua eficiência ano a ano. Estratégias de manejo também são adotadas para reduzir a reprodução do fungo, como a adoção de períodos de vazio sanitário e o estabelecimento de épocas de plantio.

Outra forma de combater a doença é com o uso de cultivares resistentes. Atualmente já há dois materiais no mercado brasileiro e pesquisadores trabalham no lançamento de novas cultivares.

Para o professor da UFV Sérgio Brommonschenkel, é preciso que as novas cultivares combinem mais de um gene de resistência, de modo a garantir maior durabilidade na eficiência dos materiais. Para encontrar esses genes, pesquisadores trabalham com diferentes frentes. Uma delas é buscando em outras leguminosas não hospedeiras do fungo, como o feijão-guandu e feijão comum, por exemplo.

Utilizando tecnologias de clonagem, edição gênica e transgenia, o objetivo é o de conferir à soja a resistência à doença sem deixar de lado características de alta produtividade e resistência à herbicidas e a pragas.

“O gene tem que funcionar quando transferido para a soja, tem que conferir resistência a um amplo espectro e tem que ter mecanismos de ação diferentes”, resume o professor da UFV.

A pesquisadora da Basf Karen Century mostrou o trabalho que vem sendo desenvolvido pela empresa para o desenvolvimento de cultivares resistentes. Otimista com os resultados obtidos nos testes de campo, confirmou para a próxima década o lançamento no mercado.

“Estamos em busca de uma solução durável, que gere segurança para os produtores. A solução está no uso de tecnologias e diferentes formas de ação. Só assim será possível dar mais segurança ao produtor”, disse a pesquisadora norte-americana.

Conhecendo o inimigo

Outra linha de ação dos cientistas está na busca por alternativas por meio do melhor conhecimento do fungo Phakopsora pachyrhizi. Como ele tem elevada variabilidade genética, é preciso entender os mecanismos de ação para encontrar possíveis formas de evita-las.

Nesse sentido, pesquisadores identificaram 851 proteínas que o fungo injeta no tecido vegetal. Isoladas, as proteínas foram testadas como forma de se saber quais delas provocam reações de defesa da planta. Esse conhecimento, juntamente com a finalização do sequenciamento genômico do fungo possibilitarão trabalhos em busca de se encontrar formas de silenciar os efeitos danosos do microorganismo.

“Quanto mais a gente conhecer o fungo e pudermos explorar as opções que nós temos, mais chances teremos de sucesso no combate à ferrugem asiática”, afirma a pesquisadora da Embrapa Soja Francismar Marcelino.

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