Fósseis de formigas revelam vida social complexa

As descobertas sugerem que, dezenas de milhões de anos antes de se tornarem uma força ecológica nos ecossistemas ao redor do mundo, as formigas já marchavam juntas, exibindo comportamentos sociais avançados

18.06.2024 | 09:22 (UTC -3)
Revista Cultivar
Fotografias de formigas fossilizadas, <i>G. gracilis</i>&nbsp;- (A) AMNH JZC Bu109, vista ventral; (B) imagem ampliada da área enquadrada em (A); (C) espécime A em AMNH Bu-KL B1-21, vista lateral; (D) espécime B em AMNH Bu-KL B1-21, vista lateral direita; (E)&nbsp; cabeça do espécime B, vista frontal; (F) imagem ampliada da área enquadrada em (E) -&nbsp;doi.org/10.1126/sciadv.adp3623
Fotografias de formigas fossilizadas, G. gracilis - (A) AMNH JZC Bu109, vista ventral; (B) imagem ampliada da área enquadrada em (A); (C) espécime A em AMNH Bu-KL B1-21, vista lateral; (D) espécime B em AMNH Bu-KL B1-21, vista lateral direita; (E)  cabeça do espécime B, vista frontal; (F) imagem ampliada da área enquadrada em (E) - doi.org/10.1126/sciadv.adp3623

Pesquisadores descobriram que formigas fossilizadas em âmbar de 100 milhões de anos possuem estruturas sensoriais que sugerem vidas sociais complexas, semelhantes às de suas descendentes modernas.

As formigas atuais vivem em sociedades avançadas, onde os adultos convivem em grandes grupos, praticando a criação cooperativa e a divisão de tarefas. No entanto, seus ancestrais eram vespas solitárias. Os cientistas ainda não têm certeza sobre quando esse estilo de vida social evoluiu. Alguns fósseis de formigas antigas foram encontrados em grupos, sugerindo uma vida social já no período Cretáceo Inferior. Porém, ainda não se sabia se as formigas primitivas se comunicavam quimicamente como membros de colônias ou se apenas compartilhavam habitats.

Ryo Taniguchi, paleontólogo da Universidade de Hokkaido (Japão), e sua equipe examinaram três formigas fossilizadas de uma das mais antigas espécies conhecidas, a Gerontoformica gracilis. Os fósseis, preservados em âmbar, foram descobertos no norte de Mianmar e estão atualmente no Museu Americano de História Natural, em Nova York. A equipe focou nas antenas das formigas, que possuem ferramentas essenciais para a comunicação entre os membros do ninho.

Os pesquisadores desenvolveram uma técnica de microscopia especializada para imagem de múltiplos lados das antenas fossilizadas, permitindo uma melhor análise das sensilas – pequenas projeções que detectam pistas ambientais. Eles compararam o conjunto de sensilas das formigas fósseis com as de seis espécies modernas de formigas.

A G. gracilis possuía dois tipos de sensilas que são conhecidos apenas em formigas. Esses órgãos são utilizados para identificar membros do ninho e detectar feromônios de alarme, que notificam outras formigas sobre ameaças à colônia. Juntas, essas sensilas únicas ajudam as formigas a viverem juntas e defenderem a colônia como uma unidade única.

Hoje, muitas espécies de formigas criam colônias massivas, com milhares a milhões de indivíduos, mas os pesquisadores argumentam que os registros fósseis sugerem que as primeiras formigas viviam em colônias muito pequenas, com algumas dezenas de membros. Apesar disso, "podemos considerar que as formigas viviam em um sistema social altamente avançado, mesmo em seus estágios evolutivos iniciais", afirma Taniguchi.

As descobertas sugerem que, dezenas de milhões de anos antes de se tornarem uma força ecológica nos ecossistemas ao redor do mundo, as formigas já marchavam juntas, exibindo comportamentos sociais avançados.

Artigo publicado a partir do estudo pode ser lido em doi.org/10.1126/sciadv.adp3623

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