Resistente à seca, sorgo é opção para o Nordeste
Geralmente, o cultivo deste grão é realizado em épocas mais tardias, em que o volume de chuvas esperado não é suficiente para a cultura do milho
O vazio sanitário é uma importante estratégia utilizada para o controle da ferrugem asiática, por isso, no período de 15 de junho a 15 de setembro, as lavouras do Mato Grosso do Sul estão em período de vazio sanitário. Desta forma, ao longo desses três meses não se pode semear ou manter plantas de soja no campo.
A ferrugem asiática é uma doença causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. E ainda é uma das doenças que mais preocupam sojicultores. Ela é responsável pela desfolha precoce, que impede a formação completa dos grãos e reduz os índices de produtividade.
O vazio sanitário é uma importante estratégia de manejo, pois pretende reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem-asiática e atrasar a ocorrência da doença ao longo da próxima safra de soja. Alexandre Roese, engenheiro agrônomo da Embrapa Agropecuária Oeste, explica que “quando são eliminadas todas as plantas de soja na entressafra, também se retira do ambiente o hospedeiro do fungo, diminuindo a quantidade de esporos no campo, ou seja, fica muito mais difícil a sobrevivência da doença no campo”, explica Roese.
Ele salienta a importância do vazio sanitário que proporciona tanto economia quanto contribui com a sustentabilidade, pois reduz a quantidade de defensivos agrícolas necessários para o controle da ferrugem asiática. Outra consequência positiva da redução do uso desses produtos é o atraso no desenvolvimento de resistência do fungo aos fungicidas. “A perda da sensibilidade aos fungicidas específicos é um processo natural. Assim, quanto menos aplicações de fungicidas forem realizadas, mais lento será esse processo”, destaca o especialista.
Outra informação relevante se refere a diferença que existe entre o vazio sanitário e o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), que são ferramentas de manejo distintas, porém estabelecidas em forma de cronogramas. O ZARC é um instrumento técnico-científico de política agrícola e de gestão de riscos na agricultura. “Algumas pessoas ainda confundem as duas coisas. E existe uma pressão para que as datas sejam as mesmas, mas como as funções são completamente distintas não é possível unificar as datas”, explica o pesquisador Danilton Flumignan, da Embrapa Agropecuária Oeste.
Mais informações sobre o ZARC podem ser obtidas no APP Zarc Plantio Certo. Um aplicativo para sistema operacional Android, disponibilizado de forma gratuita na Google Play, que auxilia produtores e agentes da cadeia do agronegócio, por meio da disponibilização das informações oficiais do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), numa interface de fácil compreensão.
“O plantio da soja é a etapa mais importante da safra, pois se tudo for bem feito, nessa fase, a chance de sucesso é bem grande”, enfatiza o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, e completa que “por outro lado, cometer alguns erros nessa etapa, impacta negativamente o potencial produtivo da lavoura e ai o produtor já começa perdendo. É uma fase muito técnica e que envolve vários fatores”. O pesquisador destaca a importância de fazer uma boa implantação, visando que as sementes possam germinar bem e compor um bom estande e com uma população de plantas adequadas e dá algumas dicas do que deve ser obervado para isso. “São muitos fatores que precisam ser levados em consideração para fazer as escolhas certas, tais como a umidade do solo, a temperatura, a escolha de cultivares, época de semeadura, uma boa palhada que vai proteger as sementes, o tratamento químico das sementes que a protegem de alguns fungos e pragas no inicio da lavoura, uma boa inoculação, que vai garantir bom suprimento de nitrogênio para a lavoura”, explica ele. Garcia acrescenta ainda a relevância do trabalho mecânico dos maquinários e equipamentos, que devem estar bem regulados, com velocidade de plantio adequada, com capacidade de depositar a semente corretamente no solo e finaliza “são vários fatores que influenciam o desenvolvimento inicial das plantas de soja nas lavouras e se tudo isso for bem feito, a chance de sucesso aumenta consideravelmente”.
Outro ponto importante se refere à quantidade de água presente e disponível no solo. “A tomada de decisão em relação aos tópicos citados anteriormente, passa por reunir informações de qualidade. As informações agrometeorológicas servem como uma importante fonte de dados que podem fazer toda a diferença nessa etapa”, destaca Carlos Ricardo Fietz, outro pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, . Nesse sentido, os dados disponibilizados pela Embrapa Agropecuária Oeste, por meio do Guia Clima, que podem ser acessados tanto por computador quanto por meio de APP para celulares, tornam-se um insumo confiável para auxiliar o produtor na tomada de decisão e acompanhamento do balanço hídrico das culturas, ferramenta que possibilita conhecer os níveis de umidade do solo em tempo real. “Ao longo dos primeiros 15 dias de setembro choveu apenas 1.3 mm na região de Dourados. Sendo que a média histórica de chuva em setembro é de 100.7 mm, ou seja, ainda estamos bem abaixo da média. Os dados revelam ainda que não chove em Dourados desde o dia 21 de agosto. Até ontem, já tínhamos totalizado 25 dias sem chuva no município. O déficit hídrico ontem, camada 0 a 1 m, era de 60 mm. Ou seja, precisaríamos de chuvas de aproximadamente 70 mm para elevar a umidade dos solos para condições ideais de plantio”, acrescenta Fietz.
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