FAO vê maior equilíbrio no mercado de grãos

14.06.2013 | 20:59 (UTC -3)
Assis Moreira

A produção brasileira de soja continuará praticamente empatada com a dos EUA; no mercado de milho, depois de ter sido o maior exportador mundial na safra 2012/13, o Brasil tende a perder espaço em 2013/14 e verá a liderança voltar aos americanos; e, na carne bovina, o país enfrentará forte concorrência da Índia na disputa pelo posto de maior exportador.

As projeções são da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e fazem parte do relatório semestral "Perspectivas de Alimentação". As previsões são de colheitas recordes e aumento de estoques globalmente, capazes de promover maior equilíbrio aos mercados no ciclo 2013/14.

Conforme as estimativas da FAO, a produção mundial de cereais tende a bater um novo recorde na nova temporada, atingindo 2,46 bilhoes de toneladas, 6,5% mais que em 2012/13. O aumento virá principalmente da produção de trigo e de milho e, com isso, os preços internacionais poderão diminuir.

Já o consumo mundial de cereais deverá ficar em 2,402 bilhões de toneladas, volume 3% superior ao de 2012/13, com mais uso de milho para fins alimentares e industriais nos Estados Unidos.

Os custos em alta de produtos de pesca e da pecuária deverão compensar um recuo das despesas na maioria de outras commodities, sobretudo o açúcar. Assim, a fatura mundial das importações de alimentos é estimada em US$ 1,09 trilhão em 2013, ou 13% menos do que o recorde de 2011.

As perspectivas para o Brasil continuam positivas. Globalmente, a produção de oleaginosas em geral em 2012/13 teve uma retomada, enquanto o consumo desacelerou e enfraqueceu os preços. Agora, as primeiras previsões para 2013/14 indicam um melhor equilíbrio entre a oferta e a demanda mundial, com preços mais baixos.

Apesar de algumas inquietações com a meteorologia, Brasil e Paraguai expandiram a produção de soja e quase bateram recorde de produtividade. Com o declínio da produção dos EUA, a produção brasileira deve quase empatar com a americana em 2013/14.

Mas a FAO destaca os gargalos logísticos no Brasil, que limitam a exportação de soja. O braço da ONU estima que os elevados custos de transporte tendem a persistir e a continuar pesando no lucro dos produtores rurais, que poderão limitar a área plantada e passar a produzir outras culturas.

No caso do milho, segundo a FAO, o Brasil baterá um novo recorde de produção em 2013 - de 77,8 milhões de toneladas, 9% mais que no ano passado, graças ao impulso de preços atraentes.

O país tornou-se o maior exportador de milho em 2012/13, com o embarque de 27 milhões de toneladas, superando inclusive os EUA. Agora, as vendas externas podem cair para 23 milhões de toneladas, enquanto os EUA venderão cerca de 30 milhões de toneladas. Com isso, o Brasil deve encerrar a safra com maior estoque de milho.

Segundo a FAO, a produção mundial de carnes terá alta modesta. Os preços começaram a cair em 2012 e poderão diminuir mais em 2013. No Brasil, segundo maior produtor mundial de carne bovina, depois dos EUA, a expectativa é de recorde de produção de 9,5 milhões de toneladas, estimulado por melhores práticas na gestão e forte demanda internacional. Maior produção significa que mais embarques são esperados do Brasil e da Austrália - avanços de 6% e 4%, respectivamente.

A novidade agora é que a India, com suas exportações de carne de búfalo, poderá encostar no Brasil na lideranças dos embarques mundiais. Os indianos estão vendendo muito para Ásia, Oriente Médio e África do Norte.

A produção brasileira de carne suína tambem aumentará, impulsionada por melhores preços. No caso de carne de frango, a FAO estima crescimentos no Brasil, na União Europeia e na Rússia. Por sua vez, os mais importantes exportadores, que são Brasil, EUA e UE, tiveram pouca expansão de vendas nos últimos anos. Agora, mais exportações vêm de países como Tailândia, China, Argentina, Turquia, Chile, Ucrânia.

Quanto ao açúcar, o domínio do Brasil continua intacto. A produção mundial em 2012/13 deverá aumentar 4,8 milhoes de toneladas, ou 2,8%, para um total de 180 milhoes de toneladas, com excedente previsto de 6,6 milhões. A produção deverá subir em Brasil, EUA, Austrália e China, contrabalançando as quedas na Índia, na UE e na Tailândia. O consumo mundial deverá crescer 2%, no rastro de quedas dos preços domésticos sobretudo em Brasil, China e Índia.

Com relação a leite e produtos lácteos, os preços internacionais continuarão a subir nos próximos meses, segundo a FAO. Isso se explica principalmente pelas quedas da produção na Nova Zelândia. Mas a produção aumenta no Brasil.

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