No período de janeiro a outubro deste ano, as exportações brasileiras de café solúvel e extratos atingiram um volume equivalente a 2,803 milhões de sacas de 60kg, total que representa em torno de 12,5% de queda em relação ao mesmo período do ano passado, que bateu o recorde histórico de exportação desse tipo de café industrializado, e, ainda, contabilizou nesse mesmo período 3,204 milhões de sacas. Dessa forma, nos períodos em referência comparados, o café solúvel do Brasil deixou de exportar aproximadamente 400 mil sacas.
Contudo, a despeito da queda registrada no volume das exportações, a receita cambial do solúvel em 2017, até outubro, foi superior em 6% em relação à receita dos dez primeiros meses de 2016. A receita em 2017 já atingiu o valor de US$ 517,242 milhões, enquanto que a de 2016 foi de US$ 488,850 milhões. Atribui-se esse acréscimo na receita cambial a uma considerável elevação do preço do solúvel no mercado internacional, devido ao alto custo da ‘matéria-prima’ - café conilon/robusta - nas diversas origens produtoras e exportadoras.
Especificamente no nosso País, a propósito dessa ligeira elevação na receita das exportações de 6%, o incremento não significou melhoria nos lucros, tendo em vista que as indústrias brasileiras, principalmente no período de agosto de 2016 a abril de 2017, adquiriram o café conilon produzido aqui a preços superiores aos do mercado internacional, o que impediu qualquer margem de lucro, e, em alguns casos, as exportações e vendas foram realizadas com prejuízos para evitar que se perdessem clientes tradicionais conquistados ao longo de anos.
Esses dados e análise do desempenho da oferta de matéria-prima e exportação do café solúvel, entre vários outros de interesse do setor que valem a pena serem lidos e conferidos, constam do Relatório do Café Solúvel do Brasil – Novembro de 2017, da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel – ABICS, que está disponível na íntegra no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. A ABICS é uma das instituições privadas que compõem o Conselho Deliberativo da Política do Café – CDPC, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – Mapa.
Tais análises do Relatório da ABICS destacam ainda que o nosso País continua se mantendo na liderança mundial de produção e exportação de café solúvel, mas que essa hegemonia do Brasil atualmente enfrenta uma intensa concorrência de indústrias de solúvel principalmente de alguns países da Ásia. Nesse contexto, o Relatório ressalta que o Vietnã encabeça a fila dos países que mais crescem em produção e exportações, sendo acompanhado pela Malásia, China, Coreia do Sul, Filipinas e Índia. E, além disso, que essas nações aproveitam o excelente crescimento médio de 6% ao ano no consumo de café solúvel no continente asiático, praticamente o dobro do avanço anual mundial de 3,2%, segundo uma empresa de consultoria mencionada nas análises.
Retomando as análises em relação especificamente ao desempenho do café solúvel no Brasil, a ABICS ressalta que as nossas indústrias de solúvel estão projetando uma queda de 13% nas exportações até o fim de 2017, o que representará que 500 mil sacas deixarão de ser exportadas. Assim, com esse desempenho vaticinado pelo próprio setor, o solúvel voltará a registrar os patamares de exportação de 2010, quando o País registrou venda 3,362 milhões de sacas do solúvel ao exterior.
O Relatório do Café Solúvel do Brasil – Novembro de 2017 aponta que essas perdas podem ser atribuídas à escassez de café conilon, entre os meses de setembro de 2016 e março de 2017, período em que também os preços da commodity alcançaram níveis recordes que ultrapassaram R$ 500 por saca, muito acima das cotações internacionais, que criaram oportunidades comerciais para que os concorrentes estrangeiros ocupassem num curto espaço de tempo o mercado deixado pelas indústrias nacionais. Nesse contexto, a ABICS, segundo o Relatório, “(...) vem comunicando que o Brasil perdeu boa parte dos contratos de fornecimento para as indústrias asiáticas e que esses compradores perdidos dificilmente serão recuperados, o que prejudica não apenas o setor industrial, mas, principalmente, o produtor de café conilon no Brasil, fornecedor da matéria prima às indústrias do País”.
No panorama internacional e altamente competitivo do café solúvel, ainda de acordo com as análises e avaliações da ABICS, “(...) o país asiático – Vietnã - vem adotando agressiva estratégia de conquista de mercados e, não tendo café suficiente para fazer frente às suas exportações de solúvel, adquire de outras origens, mas engendrando uma estratégia para lá de criativa”. E, no caso do Brasil, por exemplo, conforme a Associação “(...) os vietnamitas impõem tarifa de importação de 30% como imposto para a entrada do produto em seu país; no entanto, como irão reexportá-lo, aplicam o regime de “drawback”, o que dá isenção de impostos de importação, uma vez que o produto brasileiro será “blendado” ou embalado para ser exportado a outras nações compradoras”, conclui a análise em tela.
Para ler na íntegra o Relatório do Café Solúvel do Brasil de novembro de 2017, da ABICS, acesse:
http://consorciopesquisacafe.com.br/arquivos/consorcio/consumo/Relatorio_Cafe_Soluvel_do_Brasil_novembro_2017.pdf
Confira todas as análises e notícias divulgadas pelo Observatório do Café no link abaixo:
http://www.consorciopesquisacafe.com.br/index.php/imprensa/noticias
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