Evento destaca potencial de crescimento da canola

Demanda de consumo de farelo e óleo crescente e disponibilidade de mais de 8 milhões de hectares de áreas subutilizadas no cultivo de grãos são oportunidades para explorar o potencial da canola no Brasil. Esta foi a mensagem apresentada no XI Curso de Canola, realizado pela Embrapa Trigo e Abrascanola, no dia 21 de março, em Passo Fundo, RS.

De acordo com o diretor da Celena Alimentos, Emilio Figer, a indústria brasileira pode absorver, pelo menos, um milhão de toneladas de canola por ano, contudo a produção em 2018 totalizou apenas 50 mil toneladas. Segundo ele, o volume produzido atende apenas 50% da demanda dos brasileiros por óleo de canola para consumo humano, sem considerar o mercado de biocombustíveis e outros usos.

No cenário mundial, o óleo de soja representa 30% do consumo, enquanto o óleo de canola fica com 14% da fatia do mercado. O maior mercado consumidor do óleo de canola está na Europa, onde a conscientização com o consumo de alimentos saudáveis é crescente, assim como o nível de exigência do consumidor. “No Brasil temos que combater mitos maldosos sobre a qualidade do óleo de canola, com falsidades de que a planta é tóxica, que faz mal à saúde, e até mesmo falando que a canola não é uma planta. Consultamos especialistas em várias ocasiões os quais nunca observaram este tipo de comportamento em nenhum outro lugar do mundo, e reconhecem a canola como melhor opção entre as oleaginosas em uso na alimentação humana”, conta Emilio Figer. Ele admite, contudo, que no Brasil o maior consumo do óleo de soja está relacionado ao preço, até 60% menor do que o óleo de canola no varejo, devido tanto ao volume de produção ainda pequeno, quanto a maior incidência de impostos sobre a canola.

Potencial de expansão do cultivo 

A produção de canola no mundo está concentrada em países da União Europeia, Canadá e China. “O mundo tem limitação para uso de áreas na agricultura. Problemas como salinização, solos inférteis e secos inviabilizam aumentar até a produtividade dos cultivos. Ao contrário, o Brasil é o único país do mundo que tem terras, máquinas e demais meios que permitem expandir a produção de canola em muitos milhões de hectares apenas empregando na estação mais fria as áreas que produzem soja e milho no verão. Uma fantástica oportunidade para crescimento, sem derrubar uma árvore ou destruir um hectare de pastagem”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo Gilberto Omar Tomm.

No estudo realizado pela Embrapa, foi estimada uma área de 204 milhões de hectares aptos à produção de grãos no Brasil Central, entre eles a cultura da canola. “No Brasil Central a canola pode interromper o ciclo de doenças em culturas como o milho, o trigo, a soja e o feijão. Ou seja, tecnicamente já mostramos o potencial, basta a organização da cadeia produtiva para estabelecer os fluxos de mercado”, avalia Tomm.

Experimento conduzido com canola no estado do Paraná, sob cultivo de safrinha, resultou em volume de óleo por hectare superior à soja. Sistema que pode ser ampliado para o Brasil Central, colaborando com o controle de doenças e invasoras como alternativa ao vazio sanitário de algumas culturas.

“O consumo mundial de óleos vegetais cresce 5 milhões de toneladas por ano, um mercado gigantesco que o Brasil pode participar”, conclui Emilio Figer, da  Celena Alimentos.

Perspectivas

O presidente da Associação Brasileira de Produtores de Canola, Vantuir Scarantti, avalia como positivo o cenário da cultura para a canola neste ano: “nossa expectativa é que a semeadura, que inicia em 11 de abril,  assegure a manutenção da área dos últimos anos, com possível crescimento com relação à 2018”, avalia ele, destacando que o produtor se mostra motivado, especialmente com os preços, já que a cotação da canola é equiparada à soja. Nos últimos anos, a área de canola tem se mantido em torno de 40 mil hectares, com cultivos concentrados no RS e PR.

Agenda 

No dia 28 de março, acontece o 1º Seminário Técnico de Canola, em Giruá, RS. Com o tema “Criando as novas fronteiras agrícolas” o evento é destinado ao treinamento de profissionais que prestam assistência a produtores de canola. Informações pelo telefone 55-3361-1281 e email falecom@abrascanola.com.br.