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O terceiro seminário itinerante do Programa Duas Safras no RS - mais produção o ano inteiro - superou as expectativas no dia 12 de julho, realizado no Centro Português 1º de Dezembro, em Pelotas. Mais de 600 pessoas estiveram durante todo o dia acompanhando as palestras da programação focada em discussões técnicas e de mercado a respeito da cultura do milho e da soja em terras baixas e o sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP). O programa contou com o relatos de experiências de produtores e foi prestigiado por diversas lideranças dos sindicatos de produtores da Metade Sul do Estado, assim como personalidades do agronegócio gaúcho. A próxima etapa acontecerá em Alegrete, no dia 16 de agosto. Ao todo, o Programa completará até dezembro, a realização de 10 edições.
O evento contou com a abertura pelo Superintendente do Senar/RS, Eduardo Condorelli, que destacou o momento vivido pela agropecuária gaúcha como oportunidade para o cenário interno e mundial. “Reunimos produtores e estudantes para que possam conhecer as tecnologias disponíveis dos centros de pesquisa da Embrapa, e possam tomar suas decisões para ampliar os seus negócios, que influenciará e ampliará a economia em toda a sociedade”, disse. Segundo ele, a agenda mostrou não apenas a vontade de entidades, mas sinais claros de cenários de mercado e economia para os participantes, e ao longo do dia, apresentou-se as tecnologias que podem ser utilizadas para intensificar os sistemas produtivos e trazer inovações, sendo que a cada etapa do seminário itinerante, o foco da programação atenderá às especificidades de cada região.
Eduardo Condorelli reforçou que a expectativa do Programa é quebrar paradigmas, que não seja apenas o plantio de arroz, mas outros plantios em várzea, como apostar em cultivos de inverno. “Plantamos no RS quase oito milhões no verão, e somente 1,300 milhão no inverno, cujas culturas podem ter mais produção”, enfatizou. Ele ainda lembrou que nesta nova realidade uma safra inteira de cereais de inverno foi exportada pelo Porto de Rio Grande, destacando a demanda de mercado existente neste momento.
Durante a programação do dia, aconteceram quatro painéis sobre Cenários Econômicos e Mercadológicos; A Pecuária em Sistemas Integrados de Produção; Produção de Milho em Terras Baixas; e Sistema Sulco-Camalhão em Terras Baixas. Giovani Theisen e José Maria Parfitt, pesquisadores da Embrapa Clima Temperado, apresentaram algumas tecnologias para o público participante.
Giovani Theisen fez parte do painel econômico, no qual mostrou opções técnicas que a pesquisa agropecuária dispõe e atende a ideia do Programa Duas Safras. “Apresentamos as opções de tecnologias de manejo de grãos como a soja, o milho, o trigo em terras baixas, com a integração da pecuária. Indicamos três maneiras de aumentar a produção: avançar em áreas onde não se fazia agricultura; buscar maior produtividade; fazer mais safras por ano”, disse.
Giovani citou, como exemplo de avanço de áreas agrícolas, o eixo entre Jaguarão e Barra do Ribeiro, que possui uma área de 800 mil hectares, de superfície plana, em terras baixas. Destes, 150 mil ha são destinados ao cultivo do arroz e 130 mil ha direcionados para soja, sobre o que ele questiona: “ - E o restante da área é dedicada a qual tipo de produção? Nós buscamos apontar números para mostrar como podemos utilizar melhor as áreas agrícolas para produção de alimentos”. Conforme ele, a Embrapa, através das quatro unidades de pesquisa do Sul do País (Clima Temperado, Pecuária Sul, Suínos e Aves e Trigo) estão mobilizadas para tecnicamente indicar tecnologias viáveis para o Programa. “Inclusive, com a escassez de milho para o segmento de aves, está em estudo a formulação de rações alternativas para os animais a base de arroz e cereais de inverno como trigo, triticale e outros".
O pesquisador José Maria Parfitt apresentou a tecnologia de produção de grãos com uso de sulco-camalhão, direcionada para terras baixas, com objetivo de diversificar o sistema produtivo. “O RS tem ainda, como carro-chefe, o cultivo de arroz, mas temos um cenário que aponta a diminuição de áreas desse cultivo. Como se tem uma realidade de disponibilidade de água na nossa região, e com o apoio do uso da tecnologia sulco-camalhão a irrigação se torna disponível para o desenvolvimento desta cultura, em escassez no Estado, o milho passa então a ser uma opção de grão a ser produzido, pois é a nova fronteira agrícola gaúcha”, explica. Para Parfitt, o Estado deverá atingir em torno de dois a três milhões de hectares de soja e milho nos próximos anos. Este painel contou também com a moderação do coordenador técnico da Estação Experimental Terras Baixas, André Andres.
A atividade inseriu a apresentação de tecnologias de ILP feita pelo pesquisador Danilo Santanna, da Embrapa Pecuária Sul, que mostrou algumas alternativas como as tecnologias Pasto sobre Pasto e Pasto 365 Dias como diversificação da propriedade rural na produção de forrageiras como forma de manter a produção pecuária integrada à área agrícola, expandido o negócio e ampliando a renda do produtor. Os painéis contaram também com relatos dos produtores rurais Gabriel Mello de Souza Fernandes, da Estância Santa Maria, de Pedras Altas; Lauro Ribeiro, da Agropecuária Canoa Mirim, de Santa Vitória do Palmar; e Paulo Nolasco, da Fazenda São Francisco, de Jaguarão.
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